15

370 48 28
                                    

- Se você ficar quieta, é mais fácil.

Fechei os olhos com força e quase amaldiçoei Roman ás profundezas do inferno. Depois abri. Eu tinha a cabeça ligeiramente erguida enquanto ele limpava o sangue do meu nariz.

- Aquilo mexeu demais com você.

Abaixei o olhar, sem mexer a cabeça, olhando ele. - É...

- Tá, foi horrível, mas você nem conhecia a Cora.

Segurei os pulsos dele, com cuidado, e abaixei. Abaixei um pouco a cabeça e suspirei.

- Sabe quem eu matei? Porque fui presa?

Roman negou.

- Meu namorado.

Ele franziu o cenho. - O quê?!

Sorri fraco. - Está vendo o Link? Meu namorado era quase tão grande quanto ele e eu matei.

Roman estava me olhando como se eu fosse algum tipo de demónio, escondido sob a pele de um humano. Depois balançou a cabeça.

- Espera. Ele... Porquê?

Abaixei o olhar. - Ele era um idiota. - Ergui a cabeça. - Tá vendo o Jax? Não era aquele tipo de violência, mas ele era violento. Ele me batia e... Matá-lo foi a única saída que eu achei. - Eu ri. - Nunca tive, realmente uma saída, porque depois dele, eu fui presa e agora estou aqui, então... Continuo sem saída. Mas aquilo... Eu sei o que é querer se libertar de um homem mais forte e não conseguir.

Roman colocou a sua mão sobre a minha. - Lamento, de verdade. E lamento que tenha de estar aqui. É por isso que, desde que foi presa, você se tornou mais forte, fisicamente?

Sorri e assenti, as lágrimas ameaçando cair novamente. Neguei.

- Vou chorar de novo, então vamos parar com essa conversa. - Eu ri. - Todos sabemos que fizemos coisas ruins, para estar aqui, e todos sabemos que temos de ver essa gente morrer.

Roman sorriu de forma carinhosa.

- Você não tem de ser forte sempre, Leah. Tem dias que pode quebrar. É normal.

- Não se você foi enviado para cá, para matar todos em seu redor.

Ele sorriu, naquele jeito tão dele. - Você não me matou.

Ergui a mão e baguncei o seu cabelo.

- Cala a boca. - Mexi as mãos e ergui a cabeça. - Chega dessa conversa, vamos terminar essa merda para regressarmos no nosso plano.

Roman soltou um riso abafado e continou limpando meu nariz.

- Eu acho essa ideia, de ir no penhasco, um suicídio, se quer saber.

- Tem uma melhor, por acaso?

Ele ergueu o olhar para mim, e sorriu.

- Qualquer coisa é melhor do que ir diretamente para onde o Link estiver.

Kyler

Ele estava em casa, olhando a tv, sem saber bem o que sentir, ou o que pensar.

Além de Leah continuar viva, quando apenas restavam 7 prisioneiros, era algo notório, mas ela fizera amizade com um deles e a sua morte seria difícil de superar. E, para piorar, Kyler conhecia o temperamento do irmão, para saber que ele atacaria Leah assim que visse ela, sem nem parar para pensar.

Respirou fundo e ficou olhando a garota, rindo, mesmo com tudo que estava acontecendo. Seu cabelo negro, bagunçado, seus olhos verdes... Até ferida, ela era bonita. Kyler tinha de admitir que tinha um certo ciúme de Roman.

Respirou fundo, balançou a cabeça e depois encostou para trás, no sofá, passando a mão pelo rosto. Tinha de se obrigar a parar com tudo aquilo.

Nesse momento, a imagem mudou, e Kyler deixou de ver Leah e Roman, para ver uma figura descendo o penhasco, pulando o último pedaço de pedra e aterrando sobre a erva verde.

Ele trazia uma katana presa nas costas, usava uma camiseta negra, que deixava seus braços expostos, cobertos de tatuagens. Seus cabelos negros caíam pelas suas costas e em redor do seu rosto. Sua calça, com imensos bolsos e colocadas para dentro de botas negras, estavam rasgadas junto de um joelho.

Ele girou, olhando em volta, com seu olhar forte e atento, e depois respirou fundo.

Kyler se inclinou na frente, olhando ele e viu o irmão, com um movimento rápido e quase impossível de parar, tirar a katana das costas, rodar ela e destruir o drone que filmava ele.

A imagem passou para outro ângulo, mais ao longe, que mostrava Link olhando o aparelho no chão, tocar com a ponta da bota, erguer a cabeça e depois guardar a katana novamente.

O irmão mais novo respirou fundo. Sabia exatamente porque Link deveria ser temido. Ele havia sido o melhor guarda, o melhor soldado, que o Governador alguma vez tivera. Link fora treinado de forma diferente, e isso tornava ele ameaçador. Quase imparável.

Ele pertencera á guarda pessoal do Governador. Link fora treinado para sobreviver às mais diversas situações e torturas, para esconder suas emoções, sabia usar todo o tipo de armas. Kyler desconfiava que o irmão conseguiria, até, matar alguém usando um simples palito. E isso era assustador.

Sentiu movimento atrás dele e olhou, vendo que sua mãe estava ali, olhando a tv, mordendo o lábio ao ver o filho. Mesmo sabendo que as chances do Link vencer eram grandes, Kate temia por ele, como qualquer mãe faria.

Kyler ficou vendo ela rodear o sofá e sentar do seu lado.

- Mãe.

Ela o olhou e depois de novo para a tv.

- Ele vai matar a sua amiga.

Kyler sorriu. - Não é uma amiga. Só uma prisioneira.

- Isso não é verdade. Você entregou uma faca a ela, o seu colar... Cuidou dela até o último minuto.

- Era meu dever.

- Não de protegê-la.

Kyler revirou os olhos. - Mãe.

- Eu não quero ver o seu irmão morrendo, mas também não quero ver ele lutando.

Kyler respirou fundo e olhou a tv.

- Acredita em mim, ele não vai morrer.

- Você não sabe isso, meu filho. Ainda existem prisioneiros na Ilha.

Ele assentiu, enquanto via o seu irmão entrando na floresta, sem que ninguém percebesse a sua presença.

Dead End: Sem Saída Onde histórias criam vida. Descubra agora