II- Roast Lamb

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A voz dele era tão grossa e máscula, era descomunal para um homem

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A voz dele era tão grossa e máscula, era descomunal para um homem. Talvez a linhagem de lobo transformava o homem em um ser feroz e tenso.

—Por favor, não me devore! - o pedido cheio de medo fez o lobo uivar em admiração.

Ah, Louis queria devorá-lo sim. Estava faminto e aquela carinha enrugada num medo fazia o desejo arder, se alastrando pelo seu corpo e indo até a carne já bem pesada no meio de suas pernas.

—Como se chama? - o lobo perguntou, levando a mão grande aos fios cacheadinhos, caminhando até a bochechinha rosada.

O cordeirinho tremeu, como se o toque fosse doloroso em sua pele branquinha. Fechou os olhos sentindo as finas lágrimas começarem a surgir, fez um bico pronto para berrar num choro. Estava sem saber o que fazer. Seu coração gritava "socorro", mas seu corpinho se sentia estranho perto dele.

P-Por favor... - ele ao menos sabia o que estava pedindo. Eram sensações demais.

—Acalme-se. Pelos céus, garoto. - Louis afastou-se e levantou. Mais uma vez tinha colocado medo em alguém por puro instinto de predador. Porra!

Ele era um bom homem, mas as vezes sentia seu instinto comandar seu corpo e mente, agia de forma grotesca diversas vezes. Tudo piorou quando a vila proibiu seu acesso por lá no dia em que ameaçou atacar uma presa, mas oras, ela estava pedindo para ser devorada. Já faziam exatos quatro anos desde esse incidente e mesmo assim não o deixavam colocar a pata lá.

No final, ele estava errado e foi punido. Seu tamanho, voz e olhos davam medo e para o bem de todos ele deveria se afastar, foi o que fez. Construiu uma cabana próximo, afinal de contas ainda era um humano. A vila era a única cidade próxima onde poderia comprar alimentos e outras coisas pessoais.

—Eu s-sou o Harry, senhor. — ouviu a voz manhosa fungando um catarrinho.

O homem virou-se e viu o pequenino fungar limpando as lágrimas do rostinho. O biquinho nos lábios era uma tentação. Louis sentiu o pau dolorido pulsar só de imaginar as coisas que aquele montinho de carne poderiam fazer.

—Me desculpe se te assustei, Harry. As vezes não controlo meu instinto e você não ajudou muito.

—Como assim? Eu só estava falando com minhas doces peônias, senhor. - murmurou ranzinza. Estava indignado, o lobo colocaria a culpa em si?

—Seu cheiro, Harry...

—Meu cheiro? Estou fedendo? - o cacheado começou a cheirar o suvaquinho e as partes onde conseguia pelo nariz vermelhinho estar entupido. —Eu não estou com odor. Eu sou cheirosinho, uso lavanda de pêssego.

—Droga, não consegue ver que esse seu cheirinho gostoso me atrai? Vá embora antes que eu perca a batalha que estou fazendo neste momento. - o castanho rugiu alto dando as costas.

O carneirinho deu um pulinho pelo susto. Não ficaria ali para provar do que ele era capaz, por isso saiu correndo como um filhotinho abandonando e o coração a mil. Ao menos olhou para trás.

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