Change of Time | Lilia + Aline

Time, Love

NOTAS INICIAIS:

Podem comentar na fanfic, tá? Seus porras. Façam valer a pena.

(Comentário insultuoso acima direcionado para os meus conhecidos que estão lendo essa fanfic. Desculpa para os que não têm nada a ver com isso.)

Boa leitura.

×××

Dezembro de 2019

Fogos de artifício inundavam e escreviam promessas no céu. Todos estavam felizes na famosa festa de ano novo do South Pointe Park Pier, em Miami. Sorrisos, abraços e champanhe borbulhante brindavam para que o universo e o tempo entrassem em harmonia mais uma vez, depois de longos 365 dias.

O ano novo vem para renovar as energias, recomeçar do zero, criar expectativas e esperanças de uma vida melhor. Aline apostava cegamente nisso e foi com esse pensamento que encheu seu pulmão de ar para fazer o que pretendia. Precisava fazer, precisava falar, sua alma gritava presa no seu silêncio, pronta para sair.

Olhou para o fim do píer a uma distância de vinte e sete passos - ela mesma os contou diversas vezes mentalmente naquele momento - onde se encontrava Lilia de costas, olhando o mar, com seu jeito típico, completamente hipnotizada pelos rasgos de brilho entre as estrelas, e seus olhos verdes alheios à todo o resto. Colocou a mão no bolso e sentiu a joia fria, como fazia várias vezes há um mês desde que comprara.

Seu medo irrefreável não a deixava passar dessa etapa.

O coração de Aline batia tão frenético que não sabia mais se era o céu ou seu interior quem recebia fogos de artifício. Não se atentava para o fato de estar suando em pleno frio, tudo o que desejava era dar o primeiro passo. Apenas o primeiro passo.

Depois de alguns segundos, e uma dose de coragem, o barulho na madeira abaixo de seus pés indicou que estava se movendo em direção ao seu destino. O coração acelerava mais a cada instante que a distância diminuía, sua respiração ficava mais ofegante, sua mão suada já saía de dentro do bolso segurando a pequena joia. Não podia desistir, faria aquilo de qualquer forma dessa vez.

Finalmente, estava a sete curtos passos de distância quando sentiu um corpo passando abruptamente ao seu lado, quase lhe esbarrando. Travou seu caminhar no mesmo momento e no susto olhou para o lado afim de identificar quem era o "furacão".

No segundo seguinte, recuperou sua concentração e voltou a si, olhou para frente transformando seu sorriso esperançoso em uma expressão de choque. Aline viu a britânica olhando para sua mão e a nova pedra que brilhava em seu dedo sob o olhar de um feliz e bêbado Alessandro, que mal esperou Lilia esboçar qualquer reação e a puxou para abraça-la e girá-la no ar.

Foi tudo muito rápido. A mão de Aline se apertou e voltou para o bolso com pressa, enquanto sua boca e seus olhos castanhos só conseguiam fazer o contrário: Permaneciam abertos em assombro, observando aquela cena por um segundo, que pareceu horas. Ela desviou o olhar e se não fosse pelos pingos que começaram a cair do céu, seus olhos denunciariam a torrencial chuva que sairia apenas deles.

Era o fim, havia perdido outra vez. Chegara tarde outra vez.

Naquele momento era como se nada ao redor existisse, tudo eram apenas borrões e sons desconexos dos fogos. Ela queria ser um deles, queria ser alguma faísca queimando por dentro.

Queria ser lançada ao céu e explodir em mil pedaços. Assim, poderia deixar de existir e talvez Lilia se sentisse encantada ao olhar para ela uma última vez, brilhando à altura da lua.

Em um sobressalto, levantou assustada, ofegante e com uma forte dor de cabeça. Estava suada e sentada na cama com a mão no coração, uma expressão de dor e alívio. Um misto de sentimentos que agora a confundiam sobre o que sentir. Um sonho. Uma lembrança.