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Há dois termos gregos que significam tempo: Cronos e Kairos. Cronos, com toda sua disciplina, é o tempo medido pelo relógio, pelo calendário. É o tempo rotineiro. O "tic" e o "tac" no exato momento ao qual pertencem. Ele é determinado dentro de um limite no qual todos estão fadados à vagar.

Mas há Kairos: O momento certo. O momento no qual a oportunidade está bem diante dos olhos, acontecendo ou prestes à acontecer. Diferente de Cronos, não é dádiva de todos. É apenas uma questão de percepção, de ponto de vista. Dependendo do seu olhar, é possível senti-lo ou não. Ele é o momento em que você está prestes a comer seu prato favorito, conhecer seu ídolo, ou quando simplesmente você está no lugar certo, na hora certa, aproveitando cada instante da sua respiração.

Ambos acontecem a todo momento, juntos, o tempo todo. Mas apenas alguns percebem que Kairos existe, apenas alguns se dispõem a tal milagre da vida.

Aline e Lilia não conheciam os nomes das definições gregas do tempo, mas com certeza, viveriam o teor íntimo de seus significados.

Abril de 2014

— A enfermeira disse que foi grave... — disse Ophelia, abrindo a cortina que separava a maca, onde Lilia estava sentada, do resto da enfermaria. — Você vai precisar de cirurgia porquê a pancada foi muito forte. Eu sinto muito.

Lilia arqueou as sobrancelhas, incrédula. Ophelia sustentou a expressão séria, mas não aguentou muito tempo e começou a gargalhar. — Meu Deus! Você tinha que ver a sua cara!

— É só pôr gelo e ficará bem. — A enfermeira estagiária de plantão, Verônica Iglesias, chegou sorrindo e tocando com um "soquinho" o punho de Ophelia. As duas estavam juntas na brincadeira.

Vero, como era chamada pelos mais íntimos, era dois anos mais velha que as meninas e acabara de ingressar no primeiro ano da faculdade de enfermagem. Dona de um belo corpo devido à alimentação saudável típica de alguém fitness, conseguiu o estágio graças à uma indicação, já que só estaria apta a estagiar no quinto período do curso. Seus olhos castanhos e cabelos negros brilhavam sob a luz clara da sala branca.

As três meninas eram vizinhas, e mesmo que Vero não fosse muito íntima delas, devido à diferença de idade, tinham uma certa proximidade.

— Vão brincando mesmo... - Acariciava o local machucado. — Quero ver se tivesse acontecido algo mais sério. - bufou levemente irritada.

— Ih... Mas parece que aconteceu sim: Seu senso de humor ficou perdido em algum lugar daquela quadra. - revirou os olhos — Não fica assim, bunduda, ou essa cabeça quente vai derreter o gelo que eu vou trazer, já volto. — Ophelia saiu para pegar gelo rindo divertida consigo mesma da cara da amiga.

— Ainda dói muito! Não tem que ver se tem algum problema? — Foi a vez de Lilia choramingar.

— Lilia, para de fazer drama! Não foi nada grave. É normal doer. Vai ficar bem! Agora deixa eu ir. — disse Vero, indo em direção à porta. — Meu turno já acabou há tempos e não posso me atras... Oh, senhorita Alencar! — Vero comoveu-se com a cena da jogadora entrando pela porta. — O que foi isso? Sente-se, deixa eu te examinar!

Para Aline, seu olho era o que menos a preocupava, estava até achando engraçado a postura quase desesperada da enfermeira.

Vero tentou afobadamente perguntar se seu olho doía, examinando com tanto cuidado que Lilia não acreditou naquela cena e rolou os olhos em descrença, para ela era só "para de fazer drama, é normal doer, vai passar" mas para Aline Alencar a atenção era extrema. Será que não é possível perceber que não faz sentido tratar uma jogadora de basquete como uma peça de porcelana?

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⏰ Última atualização: May 08, 2023 ⏰

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Change of Time  |  Lilia + AlineOnde histórias criam vida. Descubra agora