♧ the playful conversation starts ♧

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A risada dele é o som mais reconfortante que tive o prazer de ouvir. Ele disse que meu sorriso é bonito. E as bochechas, anteriormente cansadas de tanto fingir sorrisos, agora encontravam-se coradas, embora continuassem doloridas, mas dessa vez era por tanto soltar risadas na presença do rapaz na minha frente. Definitivamente, uma das pessoas mais engraçadas naturalmente que eu já tive contato em toda minha vida. Aquele tipo que não precisa se esforçar muito para contagiar todo o ambiente a partir do momento que fizer presente.

- Então Harry, o que você imagina fazer da vida? - a pergunta me pegou de surpresa para ser honesto, pude sentir minha expressão congelar e meu sorriso desfazer. A verdade era que eu não sabia, honestamente eu sabia, mas com certeza não era o que ansiava para mim.

- Sinceramente, não sei. Talvez curse direito ou administração, são cursos que ajudarão a empresa.

- Ah, Harry, por favor, não estou falando disso, pela sua cara trabalhar em uma empresa absolutamente não é o que você almeja. Estou falando do que você anseia viver, visitando sua mente sorrateiramente e te assombra por te cativar tanto e faz pensar continuamente em abandonar tudo nem que seja por cinco segundos antes de dormir.

- Seus olhos me fitavam com ansiedade e curiosidade pela resposta da pergunta que me paralisou. Eu estaria mentindo se não dissesse que me senti exposto e surpreso pelo simples fato de alguém enxergar através das minhas tentativas incessantes de não transparecer o que me assombra. E para ser bem honesto, eu não fazia a mínima ideia de como respondê-lo.

- Quer que eu seja sincero Louis? - Soltei o ar em meus pulmões e transportei meu olhar outrora focado no chão e encarei suas íris a ponto de vê-lo fazer sinal que sim com sua cabeça - Eu não sei.

- Qual é Harry, não há nada que te tira o fôlego?

Até consegui pensar em algumas respostas para isso, mas não estava pronto para compartilhar com ninguém, muito menos admitir para mim mesmo. Entretanto, naquele momento ele me tirava o fôlego com toda essa empolgação, mas ele não precisa saber disso.

- Eu realmente não sei Louis - ri quando sua face tomou uma expressão confusa, então decidi direcionar a sua pergunta a si - E você? O que "visita sua mente sorrateiramente"?

- Suas sobrancelhas levantaram e um sorriso de lado apareceu em seu rosto rapidamente, mas logo deu espaço a uma expressão inteira de entusiasmo.

- Eu quero viajar pelo mundo! - não me contive e ri contagiado com a forma apaixonante de se expressar - Conhecer todas as culturas que eu puder, e não digo superficialmente. Tenho o plano de passar alguns meses em lugares específicos, trabalhar, conversar e fazer amizade com os habitantes locais e depois partir para outra aventura.

- Você não pensa em se estabilizar em algum momento?

- Não acho que um lugar fará com que eu queira ficar para sempre, mas as pessoas que nele vivem podem fazer com que eu retorne e quem sabe permaneça.

Fiquei em silêncio por um momento pensando o quanto o admirei naquele momento por ter algo que incendeia sua alma, enquanto aqui estava eu, sem coragem nenhuma para ao menos tentar sonhar e conhecer o que desejo.

- Então é isso que você irá fazer da vida? - perguntei genuinamente interessado em saber se aquilo seria possível na nossa realidade a qual já crescemos com o futuro determinado sem chance de escolha ao menos que decida se rebelar.

- É o que espero, e não vou permitir que o plano dos outros atrapalhem minha vida, afinal só temos essa, e ela precisa ser vivida da melhor forma possível e na minha concepção a melhor maneira é vivê-la como quisermos.

- As coisas não são tão fáceis assim - falei sério, talvez ninguém percebesse, com um ar de tristeza. Mas ele percebeu.

- Eu sei Harry, mas não custa sonhar, nem que seja sonhar com a coragem. quem sabe um dia ela apareça depois de tanto desejá-la- tocou em meu ombro delicadamente e lentamente direcionei meu olhar para ele, que agora estava mais próximo do que minutos antes.

Eventualmente, a conversa tornou-se mais intimista. As perguntas não vinham mais acompanhadas de brincadeiras e sim como tentativas singelas de confidências, até que o grande salão não era mais o local adequado para estarmos, o barulho se sobressai, eu e Louis precisávamos de silêncio para que pudéssemos ouvir apenas a voz um do outro.

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