Rafaella
-Observei o céu límpido de manhã, enquanto sentia o vento abraçando meu corpo. Enfiei as mãos dentro do casaco velho de Tato, que achei jogado sobre a mesa da cozinha e sorri. Pois ali dentro cabia duas de mim.
Estava um dia realmente fresco aqui em campina verde e aquilo de fato era fresco e as estações nunca eram corretas por aqui.
Eu me virei, ouvindo passos de botina sobre o caminho de pedra e vi meu irmão caminhar em minha direção. Ele, como sempre, tinha um chapéu sobre a cabeça, a camisa branca surrada estava suja, enquanto empurrava um carrinho com uma quantidade considerável de terra por cima.
- O que está fazendo? — Indaguei, fazendo-o parar ao passar por mim.
-Levando terra para o jardim da vovó.— Respondeu sem muito ânimo e eu segurei a risada ao perceber que aquilo de fato não lhe agradava.
Moramos com nossa avó a maior parte da vida, devido às circunstâncias que nossa família se enfiou e com toda certeza nunca conseguíamos dizer '' não '' a ela.
Tato pegou o carrinho e continuou a empurrar, distanciando-se. Ele falava pouco, mas eu o amava imensamente. Ainda me lembro de todas as vezes que ele cuidou de mim depois que nosso pai morreu e nossa mãe sumiu pelo mundo, e aquilo sempre será parte importante das minhas memórias.
Movi meu pé sobre a parte gramada, fazendo o balanço ir e vir constantemente.
Estava apenas há um dia em campina verde e as memórias já eram constantes.
Cresci na cidade e quando decidi me mudar para o Rio de Janeiro, foi uma decisão preocupante para todos. Principalmente para Renato, meu irmão que era como um pai pra mim.
- Bom dia.- A voz alegre me fez virar rapidamente encontrando Bianca caminhando por cima da grama e um sorriso que chegava a rasgar a orelha. Os cabelos pretos estavam soltos ao redor dos ombros , a calça jeans habitual junto com a camisa regata e até mesmo as botas cano alto eram um toque que só Bianca conseguia dar. Levantei, sendo rapidamente abraçada pela minha amiga de infância e logo o sentimento de estar em casa começou a crescer dentro de mim.
- Cabeçuda que saudade.- Ela usou o meu apelido e eu não evitei a risada, afastando-me.- Está tão bonita amiga, nem parece que era aquele graveto quando morava aqui.- Alisou meus fios castanhos e enlaçou o braço ao meu, enquanto caminhávamos lentamente em direção á casa.
- Claro, afinal eu sou maravilhosa.
Brinquei fazendo-a gargalhar.- Você nunca é modesta.- Ela brincou.
- Estava morrendo de saudade de você e desse lugar..- Bianca e eu nos conhecíamos desde quando éramos crianças e com o tempo isso não mudou.
Minha mudança para o Rio de janeiro havia colocado uma enorme distância entre nós, mas continuamos a nos falar, afinal, só tínhamos uma a outra como amiga. Ah e a Gizelly também era nossa amiga, mas não mantemos contato depois que eu fui embora..
Bianca não era bem vista pela cidade. Ela se aproximava dos seus vinte e nove anos.- Dois anos a menos do que eu. E se recusava a entrar em qualquer tipo de relacionamento, pois seu único objetivo era alavancar sua empresa juntamente de sua marca a '' Boca Rosa Beauty. ''
Levantamos de onde estávamos sentadas e fomos caminhando até a casa. O caminho cheio de obstáculos devido às inúmeras pedras, palhas e tudo mais era um caminho que só tato conseguia fazer sem tropeçar nelas.
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MÃE POR ACASO (GIRAFA) G!P (CONCLUÍDA)
FanfictionGizelly Bicalho é uma CEO, mãe de uma menina de 5 anos e ex-canalha, pois desde que a pequena Sofia chegou em sua vida, tudo mudou. Ela vive para a filha, e apesar de saber que ela poderia ter outra figura feminina ao seu lado, não está disposta a...