2

304 12 2
                                    

Se apaixonando por Artemis O'Donnell

▪️▪️▪️

ANTES

A noção de tempo há muito foi perdida, não tinha como focar em outra coisa que não fosse o toque de pele contra pele; das respirações ofegantes seguindo o mesmo ritmo. Das mãos conhecendo cada parte do corpo uma da outra, do toque íntimo que logo lhes fazia chegar ao ápice. O som dos gemidos ocupando o quarto…

Thes abre os olhos. As cenas daquele “primeiro encontro” ainda vívidas em sua mente, mesmo depois de três meses.

Muita coisa tinha mudado desde aquela noite, seria até difícil enumerar tudo, pensava ela. Mas era uma mudança boa, em muito tempo não se sentia tão bem assim. Artemis tinha o poder de lhe fazer ter esses sentimentos, de transformar um simples dia em um grande acontecimento. Era grata ao destino — e Luc — por ter ido parar naquela boate.

Desde então, elas vinham tendo algo. Ainda não sabia o que era, mas apreciava o calor que a proximidade de Artemis lhe fazia sentir. De como seu coração acelerava quando seus olhares se cruzavam e de como seu corpo reagia a cada mínimo toque da outra. Era como se fosse almas gêmeas, feitas uma pra outra.

Artemis era uma mulher incrível, dona do sorriso mais lindo do mundo e do abraço mais acolhedor. Quando estavam juntas — o que acontecia com bastante frequência desde a primeira noite — era impossível ficar longe dos seus toques.

Thes vira na cama, procurando pelo corpo acolhedor de Artemis, mas estava sozinha. Um gemido preguiçoso sai de seus lábios quando ela se senta no colchão. A claridade se esgueira por entre a fresta do cortina black-out dando ao quarto um ar fantasmagórico. Seu corpo nu se movimenta até que seus pés estão fora da cama, se levanta. Veste apenas um robe de seda enquanto caminha pra fora do cômodo.

Ela avista Artemis preparando alguma coisa no fogão, o cheiro de bacon frito entrando por suas narinas. Sua barriga ronca, fazendo-lhe perceber, só agora, que estava morrendo de fome.

— Bom dia, princesa! — Artemis diz, sorrindo em sua direção.

— Bom dia, linda!

— Está com fome?

— Faminta.

Thes vai até Artie, abraçando-a por trás. Ela usa apenas um roupão de banho e seus cabelos estão presos em um coque frouxo no alto da cabeça.

— Fiz sua vitamina e sanduíche natural, tem torrada também. — Artemis aponta para a mesa arrumada. Thes sente aquele friozinho na barriga, como uma frase assim pode ser capaz de provocá-la dessa forma?

Artemis agia de uma forma tão natural que era como se fossem um casal há muito tempo. Tão vez fossem e ainda não tivessem assumido, notou.

▪▪▪

— Amigo, eu acho que tô apaixonada — sua voz sai um tanto quanto desesperada.

Sentado na cadeira à sua frente, Luc começa ri, o som preenchendo a sala do apartamento dele.

Thes havia chegado há pouco tempo, menos de meia-hora talvez. Sentia que precisava dividir seus sentimentos com alguém, se não enlouqueceria.

Luc vestia um conjunto roxo de moletom, estava normal demais pra um grande profissional da moda. Mas ele era assim: às vezes ousado, às vezes apenas um jovem-adulto de 27 anos.

— Desculpa — ele conseguiu falar em meio a crise de risos. — É mais forte que eu.

Ele caiu pra trás, sobre o recosto do sofá, com as mãos na barriga e os olhos fechados. Algumas lágrimas escapavam de seus olhos.

Ela apenas bufou, revirando os olhos.

— Dá pra parar? É sério, Lucca Mendes Freire.

A risada parou de forma abrupta. Ele odiava que o chamassem pelo nome completo, preferia que usassem seu nome artístico — Luc Blossom.

— Ah! — gemeu arrastado. — Tá bom. — respirou fundo, secando os últimos resquícios das lágrimas provocadas pela crise de risos. — Por que você acha isso?

— Porque eu sinto. Quando Artie está longe meu corpo reage como se tivesse uma parte dele faltando. Até meu humor fica péssimo quando ela fica distante… Só consigo dormi direito quando ela está comigo.

— Caralho, isso é… intenso! Mas não vejo problema nisso, só se ela não retribuir isso tudo. Porque aí fica foda pra cacete.

— Não é o caso, acho que ela sente o mesmo.

— Você tá com medo desse sentimento?

— Não!

— Então foda-se o resto, incluindo o babaca do seu pai, só se entrega. Pode valer a pena. Ela pode te fazer muito feliz e, se não for o caso, tentamos de novo e de novo, quantas vezes forem necessárias. Eu estou aqui, pra celebrar caso dê certo ou recomeçar se for preciso. — Luc se aproximou mais, puxando Thes para seus braços. — Não perde essa chance de ser feliz, vadia!

— Ai, amigo. Eu te amo tanto! — balbuciou, num tom choroso.

— Eu também me amo, pra cacete. — Riram em uníssono.

SE ENTREGUE - [CONTO SÁFICO] Onde histórias criam vida. Descubra agora