1.8 My Girl

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Josh Beauchamp


Passei os dias seguinte ao caso de Eric me sentindo ausente do meu próprio corpo. Tentei mergulhar em qualquer coisa, mas meu cérebro e meu coração estavam distraídos. A raiva era como uma lixa dentro de mim, esfolando cada nervo até me cegar de dor. A única coisa que me deixava bem era a maldita heroína e a oxicodona.


Fiquei olhando para aquela injeção por uns trinta minutos, decidindo se a enfiaria em mim ou não. Só de pensar na sensação que viria após isso minha boca encheu d'água, a sensação de estar nas nuvens que a heroína dava era a melhor do mundo. A sensação era quase parecida quando eu estava com Any. Ela também me passava a sensação de estar nas nuvens. 



A afirmação veio como um click na minha cabeça. Eu precisava vê-la. Ela era a única que me transmitia tanta paz quanto qualquer tipo de droga que eu consumisse. Any era minha droga favorita.


É exatamente isso que estou sentindo. Como se ela fosse uma droga e eu estivesse me viciando na mesma hora, sendo que meu estoque acabou. A única coisa que sacia esse desejo é a risada dela. Ou seu sorriso, seu beijo ou a sensação do seu corpo encostando no meu.


Olhei o celular, nove horas da noite. Any estaria acordada? Era uma noite de domingo, amanhã teríamos aula mas todos os meus nervos e sentidos necessitavam sua presença. 


A injeção em minha frente era quase convidativa, quase podia ouvi-la sussurrar meu nome, como se me chamasse. 


Não.


Eu precisava ficar limpo. Odiava quando estava com Any e não me lembrava muito bem do que tínhamos quando estávamos juntos, as lembranças eram sempre meio nebulosas, como se uma nuvem de neblina me impedisse de lembrar das coisas. 


Decidi deixá-la lá e peguei meu casaco na cama, sai do meu quarto em seguida. Precisava ver minha garota.


Minha mãe não estava na sala, como de costume, ela já deveria estar dormindo. Saí sem ao menos avisá-la. O céu anunciava que a chuva cairia em breve então tive que apressar meus passos. 


{...}


Quando parei de frente a casa de Any só tinha uma luz fraca acessa e eu pedia aos céus que aquela luz estivesse vindo do seu quarto. Pensei na melhor maneira de subir até lá e comecei a escalar até a janela com a luz acessa. Passeei meus olhos sobre o cômodo e observei Any ler algum livro com seu abajur acesso enquanto devorava algumas jujubas. Bati em sua janela fracamente e ela me olhou. 


De começo parecia assustada mas depois vi o sorriso brotar em seus lábios. Seu sorriso destrói o que quer que estivesse nos mantendo separados. Sua felicidade em me ver era contagiante e eu percebo que tinha feito a escolha certa.


Any veio até mim com o indicador sobre os lábios, me pedindo pra fazer silêncio, e abriu a janela.


— Oi — ela diz, timidamente.


— Oi, novata.

Under The Stars (Beauany)Onde histórias criam vida. Descubra agora