CONTRATO DE RISCO-Armando Scoth Lee-romance gay

CAPÍTULO 3-RENATO

Renato estava completamente  preocupado desde que a mãe  recebera o telefonema de Melanie dizendo que o tio Elias havia passado mal.

Ele estava convicto de  que a atual esposa do tio não teria feito isso, se não fosse algo realmente grave! 

Elias Bulhões praticamente adotou  o sobrinho, quando o irmão Mauro teve  um infarto fulminante deixando a esposa  Vera com um filho pequeno. Teria o pequeno Renato crescido chamando Bulhões de pai, se a sua mãe não tivesse lhe proibido.

_O seu pai é o Mauro, não o Elias, entendeu bem, Renato? _Vera fora firme com o filho. _O seu tio não faz mais do que a obrigação dele em nos amparar! Se você chamar o seu tio Elias novamente de papai, eu te darei um tapa na boca, ouviu bem?

Ele havia chorado, pois queria ter alguém pra chamar de pai, mas obedeceu vendo o quanto a mãe estava nervosa.

O rico empresário nunca deixara nada faltar ao sobrinho, dando a ele o mesmo conforto e oportunidades  que dera aos dois filhos.

Renato, apesar de desde cedo demonstrar ser um doce de criança, não conseguira cativar os dois primos que sempre o maltratavam e não perdiam a oportunidade de jogar-lhe na cara que ele não tinha pai e vivia da esmola do tio!

Vera não levava desaforo pra casa e discutia com as mães de Dante e Benício, dizendo que elas deveriam corrigir os filhos para que eles não maltratassem o filho dela. Os apelos, porém, não surtiam efeito e, às vezes, para evitar brigas, o pequeno Renato  escondia da mãe as ofensas que sofria. 

Com o passar dos anos, ficou evidente  para mãe e filho, que o único que considerava os dois como membros da família era o Elias. Perto do pai, os filhos não tratavam Renato mal, talvez seguindo  algum conselho das mães, para não irritar o empresário.

Elias Bulhões quis dar a melhor educação  não só para os dois filhos, como também para o sobrinho e, por isso, sugeriu que os três fossem estudar nos Estados Unidos.

Ficou evidente, porém, que nem Dante e nem Benício gostavam de estudar e que não teriam sucesso fora do país. Mesmo tendo recebido a mesma oferta  que fora feita para a mãe de Renato, Carlota e Nadine recusaram a oportunidade de mandarem os filhos para fora do país, mesmo que o convite fosse extensivo às mães.

Vera, pelo contrário, aceitou imediatamente  a proposta e Renato reconheceu que da família de seu pai só sentiria falta mesmo do tio, que secretamente, ainda conservava no posto de pai.

Para Renato, não tinha como não amar aquele homem que nunca havia esquecido a data de seu aniversário, lhe dava presentes de Natal, o incentivava a ser um homem cada vez melhor, lhe fazendo elogios diante de cada vitória conquistada! O tio mantinha contato com o sobrinho  mesmo quando ele estava fora do país,  sempre insistindo se ele estava bem, se gostava dos cursos que fazia, das escolas, sempre  querendo saber se algo lhe faltava, se alguma reclamação havia e dizendo que ele sempre poderia contar com o seu tio Elias para o que precisasse!

Apesar do filho  muito insistir para que a mãe dissesse por que não gostava do irmão do seu marido, Vera nunca esclarecera o real  motivo de tanta implicância  com o cunhado. Numa ocasião, inclusive, diante da insistência do filho para que ela tratasse o seu benfeitor melhor, chegou a soltar que um dia Renato conheceria quem era o verdadeiro Elias Bulhões e  daria razão dela não gostar dele!

Dentro do avião, que saíra atrasado, o rapaz não conseguia relaxar, temendo não chegarem a tempo de ver o tio ainda com vida, na pior das hipóteses!