GUSTAVO SEMPRE TORNOU MINHA VIDA mais agradável. Não que ele suprisse alguma necessidade, como ser para mim um tio que nunca tive, ou um irmão mais velho. Nada disso. Eu só gostava de ficar perto dele, de ouvir suas piadas, de sentir seu perfume quando ele vinha em casa. Sei lá, eu gostava de tudo que se referia a ele, mesmo quando eu era muito pequeno. Apenas eu não entendia que isso era atração. Atração física, daquelas de fazer a gente querer ficar grudado na outra pessoa. Grudado daquele jeito, se é que sou entendido.
Bem, ele era amigo de meu pai. O melhor dos melhores. Qualquer coisa que seu Marcelo precisasse, lá vinha Gustavo estendendo a mão, um braço, uma perna. Eles tinham praticamente a mesma idade. Na época em que esta história pegou fogo, por exemplo, ambos estavam na casa dos quarenta e dois anos; e eu tinha 21. Além de amigos, eram sócios numa empresa de gerenciamento financeiro. Eram como unha e carne. Se um afundasse na lama, o outro não poderia socorrer, pois também estaria atolado.
Com o passar dos anos, eu fui amadurecendo, e também amadurecia minha vontade de ficar perto de Gustavo, e claro, ter tórridas noites de sexo com ele. Nunca deixei isso claro, nem que era gay, nem que queria o melhor amigo de meu pai me atacando por trás numa foda selvagem. Tinha medo de ser descoberto, e que meus pais se chateassem. E tinha medo que Gustavo me rejeitasse, rejeitasse minha amizade, rejeitasse ficar perto de mim, enfim. Então namorei escondido. Tive um namorado daqueles, forte, cheio de tatuagens, cabelo raspadinho, um morenão que me saciou bem por uns anos. Seu mastro tinha bem uns vinte e um centímetros, e quando me pegava por trás, seus braços me enlaçavam como um urso faria. Mas eu tinha quase certeza que ele só queria meu dinheiro, quer dizer, o dinheiro dos meus pais. Eu aceitava ficar com ele porque seu sexo era demais, mas aos poucos ele foi perdendo a graça, e parti para outra. Fiquei e fui fincado por carinhas até bons de cama. Porem sempre quando transávamos, eu pensava que era penetrado pelo amigo do meu pai. Eram os sinais de que Gustavo não sairia mais da minha mente. Eu já tinha vinte e um anos nessa época, e fiquei completamente alucinado por ele, sentava-me pertinho dele no grande sofá da nossa magnífica sala de estar e tremia de tesão, enquanto ele ria a valer da comédia que assistia. Claro que Gustavo não estava nem aí para mim. Era um bon vivan, metia-se com tudo que era mulher, e para piorar, nem fazia força.
Também, um homenzarrão daqueles! Devia ter quase um metro e noventa de altura, ombros largos, pernas grossas, e quase nenhum pelo no corpo. Seus cabelos eram castanhos, quase negros, repartidos no meio, e seu maior tique nervoso era ficar passando a mão por eles, talvez para acentuar o charme
No rosto, quadrado e sem rugas, uma barba curtinha, perfeitamente aparada, como também deveriam ser os pelos em torno do cacete. Não era musculoso. Dizia não ter tempo para academia. Gostava de ir nesses lugares só para ver as mulheres arrebitando as bundas e se abaixando para pegar pesos. Mas ainda sim era torneado. Ao menos fazia caminhadas algumas vezes por semana. Depois de trabalhar, gostava mesmo era de se divertir. Tomava bons vinhos, comia em excelentes restaurantes, e dirigia potentes carros e potentes motos. E a julgar pelo tanto que trabalhou, ao lado de meu pai, para ter essa vida mansa, ele a merecia.
Quando eu via meu pai e seu amigo, por exemplo, divertindo-se em torno da piscina, eu tinha certeza de que se esforçaram muito para terem uma vida boa. Eu, que apenas estudava, mas aproveitava dessa fartura toda, agradecia aos céus todos os dias por ter tudo que quisesse ao meu alcance.
Bem, eu tinha Gustavo quase todos os dias ao meu alcance. Não ao alcance das mãos, infelizmente, mas meus olhos nunca se cansavam de o acompanhar abrindo as águas da piscina com os belos e tatuados braços, ou voltando para a terra, deixando que gotas escorregassem por suas costas e caíssem nos azulejos. Sempre havia uma taça de champanhe em sua mão, e quando reparava nela, estava sempre vazia. Eu me prontificava a deixá-la cheia, e se com o tempo não fomos os melhores amigos da face da terra, quando ele tinha problemas, vinha falar comigo. Quando pegava belas mulheres, vinha me contar dos feitos. Quando se enrabichava, eu era o primeiro a saber.
— Bruninho, o que você acha de eu fazer outra tatuagem aqui no braço esquerdo?
Estávamos, adivinhem, tomando sol nas espreguiçadeiras, em torno da piscina. Um ao lado do outro. E mais ninguém.
Aproveitei que ele me oferecia o braço, aquele que levou a taça de champanhe à boca uma centena de vezes, e dei aquela manjada que todo gay faz instintivamente:
— Vai fazer uma tribal? Maneiro, faça mesmo.
— Você também devia fazer uma. As garotas adoram. — Ele disse isso pegando meu antebraço, num movimento inesperado. Eu levei um susto e meu cu piscou de emoção. Dei um suspiro meio comprometedor, mas Gustavo não demonstrou ter percebido meu tesão. Meu pau continuou no lugar, porque consegui me mover de modo a relaxar.
— Ahhh... talvez eu faça uma tribal também.
— Podemos fazer juntos. Tatuagens iguais.
— Meus pais vão chiar.
— E por falar neles, olha eles chegando aí!
Meus pais chegaram e se deitaram do nosso lado. Assim, Gustavo ficou numa ponta, e eu fiquei a seu lado; logo em seguida minha mãe, e na outra ponta, meu pai.
— O Sol tá bom? — perguntou minha mãe, virando-se com a poupança para cima. Percebi nesse momento que Gustavo deu uma tremenda olhada na bunda da minha mãe, que era jovem e ainda muito bonita. Fiquei chateado com Gustavo por isso. Talvez não fosse nada de mais, mas aquilo mexeu negativamente comigo.
Mas o que era chato, ficou ainda pior. Os três passaram a conversar sobre quando eram jovens. Eu já conhecia muitas histórias sobre eles, mas naquele dia eu tive contato com os pormenores escabrosos.
— Bruninho, você sabia que seu pai roubou sua mãe de mim, quando a gente era jovem? — Gustavo havia me feito a pergunta com o sorriso mais safado do mundo. Não sei se ele esperava que eu risse; o certo foi que fiquei sem ter o que dizer. Poderia ser brincadeira, mas talvez...
Não tive de dizer mais nada mesmo.
Tanto meu pai quando minha mãe soltaram gargalhadas do comentário. Meu pai, que tinha um copo d'água numa das mãos, fez tenção de jogá-la no rosto do amigo.
Então meus pais contaram cada qual parte da história, que nem era longa. Assim, quando meu pai conheceu minha mãe, Gustavo foi logo se interessando por ela. Ficou de queixo caído, queria logo conquistá-la, e deixar o Marcelo comendo poeira. Comprou flores, convidou-a a jantar em restaurantes finos, dizia até gostar de Beethoven, para agradá-la, uma fanática por música clássica.
Mas nada disso deu certo.
Minha mãe preferiu meu pai, e nunca esboçou o menor arrependimento. Ao que me consta, nunca tiveram nenhum tipo de problema conjugal, e meu pai pode ter sido sempre fiel. De minha mãe, eu jamais desconfiaria que pudesse trair, embora ela trabalhasse ao lado de muitos homens maravilhosos — o "maravilhosos" fica por minha conta.
— E eles viveram felizes para sempre — ironizou Gustavo, quebrando o silêncio depois da historinha.
Antes que pensem que isso pudesse ter gerado alguma mágoa entre os três, vou logo dizendo que se havia alguma rusga, ninguém assumia nada. Meu próprio pai contava essas coisas da juventude para mim às gargalhadas. Gustavo, nem se fala, incrementava com informações valiosíssimas para mim, como o fato de ser bem mais bonito, desde sempre, que meu pai:
— Olha, Bruninho, sua mãe devia ser cega pra se enrabichar por esse cara, e não por mim — dizia Gustavo, tomando cerveja, perto da nossa piscina, jogando a cabeça para trás dos ombros de tanto rir, enquanto meu pai retrucava jogando água gelada nas cadeiras onde estávamos sentados:
— Deixa de ser mentiroso, Gustavo, eu até que não era de jogar fora. Não é não, amor?
Minha mãe e eu só conseguíamos rir da briga dos dois. Sempre foram uns garotões em corpo de homem.
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Obrigado a todos pelas leituras e curtidas.
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GUSTAVO, O MELHOR AMIGO DO MEU PAI
Romance[CONTO GAY COMPLETO] REPOSTADO TAL QUAL ESTAVA ANTES DE SER EXCLUÍDO PELO WATTPAD QUEM NUNCA SENTIU ATRAÇÃO POR ALGUÉM CONSIDERADO DA FAMÍLIA? BRUNINHO SENTIA ISSO NA PELE. AFINAL GUSTAVO ERA O MELHOR AMIGO DE SEU PAI. ALTO, FORTE, GOSTAVA DE MUITA...