𝕿𝖍𝖊 𝖇𝖊𝖌𝖎𝖓.

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"Precisamos aprender a sentir a dor física deste mundo, pois o único jeito de aprender algo é através da experiência".

— Você vem? —Perguntou Angelita, confusa enquanto Cry Baby olhava para trás, logo a garota a encara, respirando fundo enquanto fecha seus olhos e finalmente a responde.

— Não. — Diz a outra após muita hesitação.

— Quê?! Garota, você não pode ficar, e quanto a nossa vontade de ir embora e viver em paz com Lilith e os outros?— Diz Angelita incrédula.

— Se acalme Angelita. Você realmente pensa que acabou? Que a escola simplesmente irá desaparecer para sempre? Eu sei que não, eu preciso investigar isso, não quero correr o risco de deixar aquele lugar aparecer de novo. Você será bem vinda se quiser vir comigo, mas eu não posso acompanhar Lilith e os outros, pelo menos não até ter certeza de que aquele lugar está completamente destruído. — Assim que Cry Baby vira de costas, ela se surpreende com a escola que todos acharam que desapareceria, se reconstruindo através da poeira rosa, e se distanciando aos poucos.

— A-Angelita! A escola... Sinto muito eu tenho que ir. — A garota se distancia rapidamente, enquanto corre o mais rápido que pode, em direção a sua antiga escola a qual flutuava na bolha. Deixando tudo e todos para trás.

Cry baby aos poucos adentrou uma floresta, tentando apenas não se perder e seguir a escola flutuante, não deixaria aquele lugar até que estivesse em pedaços, seguiu até perder a escola de vista. Temendo ter feito a pior escolha ao seguir aquele caminho e não ir com Lilith e os outros. Estava sozinha, numa floresta, havia perdido a escola e seus amigos, esperaria que morresse de alguma forma naquele lugar, era o único fim que esperava. Não se preocupava com a morte. Sabia que antes dessa havia tido outras vidas, e que seu corpo seria apenas temporário, afinal, tudo morria uma hora, certo? Mas não seria por isso que se entregaria a morte, havia assuntos pendentes, e queria poder ver seus amigos e viver com eles, quem sabe até se casar num futuro distante, ser uma mãe melhor do que a que teve.

— Ok, Cry Baby você tem que se acalmar, vai dar certo, antes precisa apenas de alguma coisa para iluminar e seguir o caminho, uma escola flutuante não deve ser difícil de achar. — Disse encorajando a si mesma.

Procurou um galho grande de uma árvore, e rasgou um pedaço de seu grande vestido, o qual a deixava parecendo um bolo de morango, era tão detalhado que a lembrava de confeitos, e ela seria o bolo, o qual as pessoas adorariam tirar um pedaço.
Amarrou o pedaço do vestido no galho e colocou fogo no pano com o isqueiro que sempre carregava, usando aquilo como uma "tocha".
Seguiu dentro da floresta até conseguir ver a grande escola flutuante, correu atrás até tropeçar nas raízes de árvores velha e grandes, provavelmente ocas.
A floresta parecia não ter fim, e como esperado o local flutuante sumiu novamente. E o corpo da garota finalmente reagiu, sentiu uma dor enorme em suas pernas, correu tanto durante a noite que parecia não acabar, quase sem pausa, seus braços doíam pelo peso carregado por tanto tempo, seu corpo suava por conta do calor da chama. Estava exausta, a tantos dias não conseguia ter um descanso, sempre em alerta por conta de Kelly, e garotos maldosos, K-12 era o inferno. Um inferno para todos, eram aprisionados e abusados mentalmente e outros fisicamente, e tinham seus direitos básicos violados. A garota não aguentou tamanha dor, fome, frio, cansaço, e adormeceu relembrando de tudo que havia ocorrido naquele lugar horrível, e o quanto queria descanso e não o alcançava. No meio da floresta o corpo da garota estava adormecido, entre as raízes de árvores.

                                  🧚‍♀️🌳🍃

— Lilith! Por favor, nós temos que encontrar a Cry Baby, ela foi atrás da escola, eu não sei onde ela está... por favor. — Implorava Angelita à deusa, a qual infelizmente não poderia ajudar, pois o destino estava decidido, e ninguém poderia mudá-lo.

— Sinto muito, Angelita.. Não posso ajudar.

— Me deixe procurá-la, vou trazer Cry Baby de volta, ela vai vir, eu prometo! — A deusa suspirou.

— Angelita você sabe, eu não posso ajudar, a escolha de vocês foi clara ao querer viver ao meu lado, Cry Baby fez a escolha dela. E infelizmente ninguém pode impedi-la, nem ela mesma. O destino não pode ser mudado. — Lilith virou de costas e caminhou até que seu corpo sumisse.

Angelita, estava em frente ao portal, esperando que a garota acabasse voltando, pensamento o qual para ela fazia sentido, iria trazer a melhor amiga de volta, para que pudessem viver em paz com todos. Invocou Lilith outra vez, e a fez abrir o portal cor de rosa. Fugiu da Deusa, e a mesma não pode lutar contra isso, infelizmente Angelita descobriria o destino de Cry Baby mais cedo que os outros, como fora planejado.

— Por favor Cry Baby, esteja me esperando... Nós vamos viver em paz do lado de Lilith, e dos outros, por favor esteja bem. — Correu em direção a floresta a qual viu a de cabelos rosa e preto correr antes, não sabia exatamente quanto tempo havia passado, as dimensões tinham diferenças temporais. Mas se deu conta de que havia passado apenas alguns dias, talvez 3 ou 2.
  
    Ninguém neste mundo tem a certeza de como vai morrer, a maioria sente aversão apenas por imaginar tal situação. Não seria diferente com pessoas especiais, com poderes.
Angelita ainda não sabia, mas o destino dela e de sua melhor amiga já haviam sido decididos desde antes de seus nascimentos.
E infelizmente, o destino não havia sido bom com as meninas, bom, a garota de cabelos negros imaginava encontrar sua amiga bem, sorridente e alegre. E que pudesse conviver com ela até sua velhice, porém, quando a reencontrou só havia um corpo, esquecido e pálido o suficiente para saber que estava sem vida, num local onde poderia ser bonito, mas aparentemente estava tudo morto. Assim como Cry Baby.

— Não. Cry Baby, hey levante.
Vamos? Acorde, por favor? não faça isso. Levante, porra. Você tem que ficar viva, não pode morrer assim! Ei, Ei — Sacudia o corpo em desespero, já sem vida alguma nem podendo reagir. Chorou, chorou até soluçar, chorou tanto que esperava que seus olhos caíssem, chorou até não acreditar ser possível. Não poderia ser real.
Aquilo não podia ter acontecido, em que momento foi tão descuidada a ponto de deixar ser levada pelos outros, e abandonar sua amiga? A sua única e primeira amiga. Era sua culpa, deveria ter ficado.

— M-Me desculpa.. eu deveria ter ficado ao seu lado, não deveria ter deixado você ir. — soluçava tanto que as palavras quase não saíam, a garganta doía e parecia que poderia rasgar a qualquer momento.

— Me perdoe. É tudo culpa minha. — Não tinha mais forças, mas carregou o corpo até um lugar bonito fazendo um funeral bonito demais,
Sozinha. Uma lápide, com uma escrita improvisado, em frente a um grande cogumelo e várias velas ao redor. Planejou um caminho de flores, era apenas o que podia fazer em forma de gratidão pela amiga.
Lilith apareceu com os outros, todos participaram do funeral, todos se afogaram em lágrimas e lembranças, a deusa havia mentido, ela sabia sobre o local onde o corpo de Cry Baby estava, e sabia exatamente onde todos estavam, mas não poderia interferir no destino.
Cry Baby, assistiu ser enterrada, foi uma das últimas coisas recentes que pode presenciar, não pode dizer adeus e nem viver como queria. Apenas viu seu próprio corpo sendo enterrado por coelhos.

E assim, voltou da morte em um novo corpo, assim como aconteceu milhares de vezes. Na verdade, ainda não havia um corpo, estava em desenvolvimento.



                 

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