Redenção

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Sentado sob a cerejeira, extremamente ereto e cuidadoso, Sasuke observou atentamente cada detalhe da minúscula bebê que apoiava nas pernas dobradas. Com os pés firmados na grama, inclinou-se sutilmente e ajeitou o cobertor que Sakura havia colocado sobre seus joelhos, para aconchegar as costas da menina. Ela assistiu ao movimento, agitando os braços. 

Sarada se parecia cada dia mais com ele. Mesmo após quatro meses, ainda não se acostumara ao fato de ser o responsável por aquela pequena vida, de olhos e cabelos tão pretos quanto os dele. E de seu antigo e conturbado clã. 

Os olhos curiosos dela o fitavam de volta, focados. Por alguns instantes, permaneceram assim. Observando-a, Sasuke conversava mentalmente com sentimentos do passado. Ela lembrava tanto a família que perdeu, que chegava a doer. Paralelo a isso, pensou em toda a sua trajetória até ali. Fizera coisas das quais se arrependia profundamente, consumido pelo ódio e pelo rancor. Quase perdera Sakura. Olhando para trás, era difícil acreditar que havia saído daquele túnel nebuloso e encontrado o melhor caminho para recomeçar. Agora tinha um lugar no mundo, que sempre lhe foi reservado.

Sarada quebrou o silêncio, vibrando os lábios como um pequeno motor. Em seguida, gritou e se agitou, sorrindo para ele. Sasuke abriu um sorriso comedido, que afrouxou naquela troca sincera de olhares. Sua filha. Estendeu a mão para tocá-la, ao que a pequena agarrou seu dedo indicador, apertando-o. 

Inebriado, Sasuke sentiu o coração inundar de amor. Sarada era o seu recomeço. O recomeço limpo do clã Uchiha. E, mais do que isso, era um pedaço do amor dele e de Sakura, batendo fora do peito. Elas eram sua razão de viver, de levantar pelas manhãs e fazer o melhor possível. Seu ikigai. Por elas, seria a melhor versão de si mesmo.

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