(Não revisado!!!)
Não se esqueçam de comentar e dar estrelinha, isso ajuda no engajamento da história.
▶️ Seafret - Hollow [musiquinha do capítulo!]
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Um céu alaranjado era o quadro perfeito nas janelas de uma casa aconchegante, um lugar de janelas e paredes brancas com tons pastéis, cercada por flores de quase todas as cores e alguns pássaros que se alimentavam diariamente por ali. A jovem alimentava todos os passarinhos que pousavam nas janelas, que tinham suportes para comida e água. As paredes eram decoradas com fotos e quadros, com características de Andrea. Era um lugar único em sua maneira.
Havia marcas nas paredes que nunca ousou pintar ou esconder, até mesmo as fitas adesivas que mudaram a cor original da parede, alguns porta-retratos escondidos pelo escritório pessoal, havia inúmeros papéis com uma linda caligrafia que jamais ousou rasgar ou amassar. Existiam as fotografias que nunca conseguiu abandonar. No quarto, um baú fechado, não a sete chaves, uma chave era quase o suficiente para prender o passado. Às vezes nem tanto. O passado estava ali, ao alcance de seu coração e de suas mãos que digitavam rapidamente.
O amanhecer começou silencioso, fresco e pacífico. As horas foram se passando e só se podia ouvir o cantarolar entre as batidas no teclado, que formavam palavras, frases, cenários e o ilusório. Às vezes, percebia um miado faminto que lhe arrancava sorrisos castos. Uma música suave ao fundo a ajudava a relaxar entre seus pensamentos. Era incrível como a solitude era algo tão delicioso para ser vivido e apreciado.
O entardecer estava lindo, quente, alaranjado, uma boa maneira de receber a noite que estava por vir a qualquer momento.
Andrea estava olhando o céu quando ouviu a voz de Alice, o que a despertou de seus pensamentos.
— Estou quase pronta, meu bem. Pode ir tirando carro da garagem.
— Ah, sim, estou indo.
A jovem se olhou no espelho e sorriu, havia cortado o cabelo recentemente, estava tentando mudar sua vida gradualmente, nos detalhes. Sentiu um leve incômodo no peito ao olhar sua camisa, o cheiro ainda estava ali, mesmo que tivesse lavado mais de uma vez. A verdade é que o cheiro dela estava gravado em suas narinas, em sua memória. Ainda conseguia sentir sua pele arrepiando ao relembrá-lo. Balançou a cabeça no ato quase falho de expulsá-la mais uma vez, como se pudesse esquecer os caminhos do sorriso dela.
Um miado manhoso despertou a romancista, que sorriu ao ver o gatinho que estava se emaranhando em suas pernas.
— Não posso ficar em casa, estou indo ver os Lakers. Uma pena que você não possa ir, bebê!
O felino reclamou e a jovem sorriu mais ainda, um miado de satisfação e agradecimento pôde ser escutado quando Andrea pôs uma pequena porção de comida no potinho do bichano.
Ela se levantou e conferiu o céu mais uma vez, estava lindo demais, amava as tardes alaranjadas ou rosadas. Era algo que somente o céu poderia lhe oferecer, uma paz que somente o universo poderia lhe invadir a alma.
Seu corpo estava leve, sua cabeça estava melhor do que há dois dias, seu olhar estava mais desanuviado, estava reaprendendo a viver e conviver com um vazio que jamais a deixou.
Andrea passou pela porta e a fechou. Olhou para os lados como de costume e sorriu ao ver a roseira crescendo dia após dia, mas uma sensação invadiu o seu peito. Seu olhar foi inundado por duas orbes azuis intensas ao olhar para a frente. Parecia uma miragem, um sonho irreal.
Miranda estava do outro lado da rua, usando o vestido mais simples que usou em toda sua vida e continuou estupidamente linda. Sua mente viajou para a noite em que a mulher mais velha o usou em um passeio noturno, onde pôde tirá-lo com todo cuidado ao anoitecer. Sua alma gemeu em tristeza, se recolheu diante de uma memória tão íntima e pessoal. Naquela noite amou corpo de seu céu inúmeras vezes, a mulher se permitiu ser amada de maneira voraz, como se só aquilo importasse, como se não pudesse fazer mais nada além daquilo. Ser amada.