capítulo 1.

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(Não revisado)

James Arthur - A Year Ago.

Domingo e um céu alaranjado, a poesia em bicos que cantavam alegremente entre as frestas das folhas pela cidade, se isso não fosse o mais belo de um dia, nada mais seria. Nada fazia sentido, nem mesmo a beleza da natureza que equilibrava a metrópole que a consumia diariamente.

Hoje o céu estava alaranjado demais, destoando de seu espírito. Os cantos dos pássaros eram demasiadamente alegres para um espírito tão escasso, desprovido e necessitado de alegria. Um coração nublado, sozinho, sofrendo de uma hipotermia emocional por mais tempo do que poderia.

Esse trajeto não a levaria para o seu trabalho, muito menos para a sua casa, nem para os ambientes mais luxuosos de Nova Iorque. Não era o seu habitual, nunca foi, nunca se importou em conhecer bairros distantes.

Hoje era domingo, deveria estar descansando o corpo depois de uma semana infernal, mas estava lá mais uma vez. Sim, mais uma vez. O ato de pegar o carro e percorrer a mesma rua era repetitivo, autodestrutivo e torturante. Sempre na intenção de ver o céu alaranjado que mais lhe aqueceu.

Miranda estava no seu carro luxuoso, um carro blindado para assegurar a sua segurança. Tinha plena consciência de que era uma figura relevante e era odiada com a mesma intensidade.

No final do dia, ela se sentia pequena, minúscula e invisível. As paredes de sua mansão abrigavam um espírito solitário e ferido. O seu espírito. Essas eram as sensações que a assombravam, apesar de ser conhecida como a "Rainha da Moda", que leva seus súditos para qualquer lugar. Que é amada e odiada na mesma proporção.

Todos os dias eram iguais, automáticos, como se estivesse condenada a viver uma vida que lutou para ter e usou todo o seu vigor, mas que, agora, não lhe trouxe nada além de valor financeiro. Era como se fosse uma escrava de seu próprio dinheiro, da fama que a rodeava e de toda a desconfiança que precisou cravar em seu peito.

A roupa que ela estava usando foi um presente que nunca conseguiu tirar do seu armário, mesmo que destoasse um pouco do seu arsenal de roupas de grife. Ele era o seu refúgio entre tantos outros presentes que guardou.

Um vestido feito a mão, feito por mãos delicadas e especiais. Um vestido branco com flores delicadas, detalhes que Miranda julgava doces, assim como quem o fez. Só o usava quando estava em casa ou em ocasiões especiais. Todos a viam como um ser quente, tão quente quanto o tom escarlate, mas aqueles olhos terrosos a viam de uma forma tão sensível e suave quanto o branco do céu. Ele não era um item valioso, era um vestido comum, bonito e comum, mas seu valor estava no sentimento e nas memórias. O usava pouco na intenção de preservar, cuidar e não gastá-lo com o tempo. Era a sua peça mais valiosa, mais valiosa do que qualquer Versace ou Valentino em seu closet.

O coração disparou duas ruas antes, quando viu dois senhores conversando em suas cadeiras de balanço. Ela sempre os via ali, um casal de idosos que sempre compartilhavam uma conversa de forma mútua, sempre sorrindo, sempre trocando olhares, esquecendo qualquer barulho que fosse fora do momento em que viviam.

Os olhos Miranda estavam mais azuis do que nunca, mas continuavam tristes. O cabelo estava em um tom nevado, como costuma ser desde muito tempo, e estava mais curto. A característica franja ainda estava presente, mas com mais discrição. Era um charme em seu rosto esculpido, que sempre foi considerado um dos rostos mais bonitos da indústria. A franja se torno uma marca registrada com o decorrer do tempo.

Seu pescoço tinha um belo cordão, a pequena pedra azul era um diferencial e fazia um casamento perfeito com seus olhos. Sua mãe comprou a peça ao lembrar dos dois sóis azuis da sua doce e geniosa filha. A pele estava com a menor quantidade de maquiagem possível, o suficiente para corrigir marcas do tempo e as noites mal dormidas. Ela estava magnífica, apesar de tudo.

a year agoOnde histórias criam vida. Descubra agora