02. Cultivar

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Hanbin não tinha muito o que fazer em época alguma do ano. Vivia uma vida ociosa subindo e descendo de sua árvore, ocasionalmente correndo pelos campos, invadindo outras terras, caçando galinhas... É, era bem solitário, e muito, MUITO entediante. Os dias de maior emoção na sua vida, eram aqueles em que viajantes passavam por lá, conversando sobre trivialidades ou até sobre alguma aventura que haviam vivido. Isso enchia de graça os seus ouvidos aguçados.

Desde que havia fugido de casa, as coisas haviam ficado mais complicadas em diversos sentidos. Sabe o que dizem, não é? A mão que agride é a mão que alimenta. Hanbin precisou fazer sua escolha, e crescer sozinho ainda parecia melhor do que ser maltratado diariamente. A raposa odiava violência, fosse ela de qualquer tipo.

Aprendeu a ser sozinho, a ter muito medo de umas coisas e medo algum de outras. Graças a isso, ele sequer sabia o que era um amigo; mas isso, era algo que Hao iria resolver.

Falando nele, ah... como Hanbin tinha prazer em desfrutar de sua companhia... era difícil de mensurar em palavras. Talvez... tanto quanto um pássaro gosta de voar? Ou tanto quanto um girassol gosta dos raios solares? É, com certeza algo bem próximo disso.

Desde o dia em que se conheceram, Zhanghao passava pelas terras da raposa e corria por seus campos até chegar na sombra da macieira para encontrar Hanbin. Ficava tão entretido com o mesmo, que acabava apenas se lembrando de sua busca pelos homens grandes quando já era tarde de mais. No dia seguinte o cenário se repetia, e no outro dia, e também no dia depois dele. Dessa forma, o pequeno príncipe nunca passava do vasto campo de trigo reluzente na encosta da colina.

Enquanto o Sol estava alto no céu, eles se divertiam, exploravam, comiam e dançavam, e assim que a grande esfera de fogo estava prestes a tingir as nuvens com as cores crepusculares, os dois se sentavam sob a árvore e conversavam sobre o que viesse à cabeça primeiro. E assim, eles foram se conhecendo e se aproximando cada vez mais.

Agora, o rapaz de cabelos cor de sangue já não sabe mais o que é solidão.

ㅡ Hao ㅡ chamou-o, abruptamente. Este, que estava quase pegando no sono, tomou um belo susto ㅡ Obrigado por ser o meu primeiro amigo. Acho que jamais estive tão feliz em toda a minha vida, e sinceramente, nunca achei que isso fosse possível... ㅡ falou, com as maçãs de seu rosto ficando mais rosadas do que o normal.

Hao, se perguntou se havia mesmo ouvido aquilo direito. "Nunca"?

Olhando para a expressão suave no rosto da raposa, Hao sorriu pequeno, feliz por ter proporcionado sentimentos tão bons à seu amigo. Contudo, simultaneamente, uma sensação absurdamente incômoda vagava pelo seu estômago fazendo-o doer ㅡ e não era de fome. De repente começou a se perguntar sobre a família de Hanbin, e de que forma ele tinha sido criado. Será que ele ao menos havia recebido amor, quando pequeno?

ㅡ Como você veio parar aqui? Digo, neste planeta?

ㅡ Já faz tanto tempo que nem me lembro ㅡ mentiu ㅡ Eu ainda era um filhote.

Hao sentiu um aperto no coração.

ㅡ E os seus pais?

ㅡ E os seus? ㅡ respondeu com outra pergunta.

ㅡ Eu não tenho pais.

ㅡ Muito menos eu ㅡ ele não parecia ter muita vontade de continuar rendendo aquele assunto.

O loiro abaixou o olhar, pensando um pouco antes de falar mais alguma coisa.

ㅡ Me desculpe ㅡ foi Hanbin quem quebrou o silêncio ㅡ É que eu nunca falei sobre eles com ninguém. Eu não tenho muito com quem conversar, afinal de contas... ㅡ riu da própria desgraça.

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⏰ Última atualização: May 14 ⏰

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O Príncipe e a Raposa • HaobinOnde histórias criam vida. Descubra agora