Cereja.

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— O que você tá passando no rosto, Mikey? — Draken, que antes lia uma de sua revistas favoritas sobre motocicletas, agora encarava Mikey, este que estava sentado de frente para a penteadeira branca de seu próprio quarto e fazendo alguns movimentos estranhos com o braço direito.

Inicialmente, o Ryuguji apenas ignorou quando Mikey saiu da cama e sentara ali, mas ele estava fazendo aquilo por tanto tempo que acabou atiçando sua curiosidade. Sabia que Mikey segurava alguma coisa, mas sua posição na cama não lhe permitia ver o que era exatamente.

— Hm... — Mikey estalou os lábios e virou o rosto, balançando levemente o braço, ele segurava um cosmético em sua mão. Seus lábios estavam completamente vermelhos e brilhavam bastante.

— Um batom? Onde arrumou isso?

— Não é um batom, é o brilho labial que a Emma me deu ontem. Eu não imaginei que a cor fosse tão forte assim e é mais brilhante do que pensei, mas o gosto é perfeito. — Mikey depositou o objeto na penteadeira e levantou-se. Contornou a cama de seu quarto e olhou atentamente para o outro loiro. O sorriso provocante em seu rosto fez Draken tremer um pouco.

Aquele sorriso significava que Mikey estava tramando alguma coisa.

— Quer provar, Kenchin?

— O que? — o loiro engasgou.

— Perguntei se quer provar. — Mikey subiu na cama, engatinhando lentamente até Draken.

— Está doido? Vou ficar com os lábios vermelhos também.

— Nossos lábios sempre ficam avermelhados quando nos beijamos, Kenchin. — Mikey retrucou.

— Porra, é completamente diferente. Uma coisa é o vermelho natural, esse da sua boca não é.

— Como se você não me beijasse quando uso batom, né.

— Mas é definitivamente a primeira vez que você usa algo tão forte assim, Mikey.

— Vamos, Kenchin, não seja um merda. Venha provar porque pretendo usar mais vezes, você vai gostar.

Draken olhou atentamente para a boquinha vermelha. Era realmente uma tentação que ele não poderia deixar passar. Não quando Mikey estava de quatro ao seu lado, com as bochechas coradas, passando a língua calmamente em sua boca, esperando que o Ryuguji aceitasse seu pedido.

E ele não precisou dizer mais nada. Só o fato de ter jogado a revista que segurava para longe, fazendo-a cair em algum canto daquele quarto, fez Mikey sorrir e subir apressadamente em seu colo, deixando suas pernas de cada lado e puxando o rosto de Draken. Suas bocas se chocaram uma na outra com precisão. Mikey passou os braços ao redor do pescoço do Ryuguji, apertando-o fortemente contra seu corpo pequeno enquanto Draken descia as próprias mãos para agarrar as coxas grossas do namorado. O loiro rebolou um pouco em seu colo, fazendo Draken soltar um grunhido.

Ele estava vidrado demais na aparência de Mikey antes de iniciarem o beijo e nem mesmo notara o cheiro que todo brilho costumava ter. Mas, agora, ele não apenas sentia o cheiro extremamente doce, como também sentia perfeitamente o gostinho daquele bendito brilho labial. A boca macia de Mikey era tão viciante que, por um breve momento, fazia o Ryuguji esquecer o quanto ele odiava aquele sabor.

Mesmo quando eles se separaram por poucos segundos, Draken não tivera tempo para recuperar o fôlego ou reclamar, e ele tinha plena certeza de que Mikey fizera de propósito. Sua morte era certa se o namorado o forçasse a sentir aquele maldito gosto todos os dias.

— E então? — Mikey se afastou e, delicadamente, deu uma mordida nos lábios do maior. O brilho em sua boca estava arruinado, o tom avermelhado inteiramente manchado, depois do contato entre os dois e Draken acreditava que sua aparência não estava melhor que a do Sano. — O que achou?

— Tem gosto de cereja.

— Sim. É bom, não é?

— Você sabe que eu odeio cereja, Mikey. — respondeu, olhando feio para o namorado que agora gargalhava de sua cara. Ele realmente tinha feito de propósito.

— Você diz isso mas não parecia odiar enquanto me beijava e eu não estava brincando quando disse que iria usar mais vezes, ein.

— Se é assim, então acho que preciso provar mais uma vez, quem sabe eu aprenda a gostar. — Draken sorriu, empurrando o corpo de Mikey contra os lençóis brancos.

O Ryuguji definitivamente odiava cereja e muitos outros sabores, mas, contanto que estivessem nos lábios irresistíveis de Mikey, ele não se importaria em degustar.

Gosto de CerejaOnde histórias criam vida. Descubra agora