O Tempo Não Mudou - Camren

2 - Green eyes.

Capítulo não revisado, qualquer erro me avise.

Estendi minha mão por pura educação e sorri, sem mostrar meus dentes. A garota apertou minha mão e se afastou um pouco, me fazendo olhar para o livro novamente. Era uma biblioteca tranquila, com estantes repletas de livros empoeirados e a luz suave filtrando pelas janelas.

Pensei por um momento em como perguntarei sem soar estranho, nem nada parecido. Então, levantei meu olhar e apontei para o livro, vendo ela levar sua atenção para onde apontava.

— Acredita mesmo em seres sobrenaturais e essas coisas assim? - perguntei como quem não quer nada e a garota franziu o cenho, me fazendo prestar a atenção nos detalhes de seu rosto. Ela tinha belos olhos verdes, um nariz bem bonito e um cabelo tingido de vermelho.

— Não, não acredito. - Os olhos da garota se fecharam minimamente, onde ela me encarou por um breve momento e balançou a cabeça, como se quisesse espantar pensamentos. — Ah, já sei.

Ela sorriu sem humor e eu franzi o cenho em confusão.

— Como assim? - perguntei calmamente e a garota começou a andar devagar em minha frente, onde eu a segui até que ela se sentou em uma das mesas de leitura.

— Você deve ser mais uma das pessoas que sempre zoam comigo, só pelo motivo que leio bastante... É bizarro.

Franzi o cenho e olhei em completa confusão para a garota. O que? Ela é louca ou algo assim?

— Garota... você não bate bem da cabeça, não é? Olha só, eu não sei o que você está querendo dizer com isso, só fiz uma pergunta.

Fui me virando lentamente e andei até a saída. Escutei vários: "hey, volte aqui!" Ou "você é surda? Estou falando com você", mas apenas ignorei e continuei caminhando.

Não sei o real motivo daquele livro ter me atraído. Perdi o controle das minhas pernas, elas se moveram sozinhas até aquela biblioteca.

Sai andando e desviando de algumas pessoas que haviam ali, esbarrando em umas sem querer, mas é detalhe.

Fiz meu caminho até um parque que havia ali. Precisava de um lugar calmo, silencioso. A barulheira da cidade não me ajuda em coisa alguma.

Me sentei próximo a uma grande árvore que tinha no parque, me recostando ali e observando quem passeava. Pessoas com seus animais, namorados e filhos... todos muito felizes aproveitando com os seus.

Fiquei por um bom tempo sentada, olhando o pessoal, até que escutei passos se aproximando de mim. Olhei para a direção do barulho e uma garota muito branca se aproximou. Ela segurava a cordinha de seu cachorro.

— Está acompanhada? — Ela perguntou, parando em pé ao meu lado. Meus olhos foram até seu rosto, parando em seu par de olhos verdes. Não consegui formular palavra alguma, então apenas balancei a cabeça em negativo e a mulher sentou-se ao meu lado, cruzando as pernas e deixando que o canino brincasse mais à frente.

Estava olhando para frente, mais precisamente para o chão. Sentia seu olhar em meu rosto.. ela não dizia nada, fiz o mesmo, já que não estava conseguindo formular uma frase que fizesse algum sentido.

Virei meu rosto para encarar os seus olhos. Seu sorriso foi automático, um belo sorriso, por sinal. Não consegui me manter neutro, sorri sem mostrar os dentes e desviei minha atenção novamente para o chão.

— Quase nunca a vejo por aqui... é nova? — Ela perguntou de repente, me fazendo arquear uma sobrancelha e encarar seu rosto novamente, dessa vez, sustentando o olhar.

O que ela queria com essa pergunta? Será que ela sabe de algo? Oh, céus... espero que não!
Ela me encarava, esperando por uma resposta mas nada de mim saia. Não sei o que estava acontecendo, nunca havia ficado dessa maneira antes.

Cocei a garganta antes de abrir minha boca para proferir as seguintes palavras.

— Não sou nova. — Falei sem me importar tanto. Odeio esses papos de pessoas se conhecendo, é tedioso.

Observando meus pensamentos, posso associar ao de um adolescente. Mais precisamente, de um adolescente do século 21. Os outros não eram assim, não mesmo...

— Mas não venho muito aqui. — Olhei para frente. Seu cachorrinho cheirando o gramado e se embolando no chão, brincando.

— Uma pena, gostaria de passar mais vezes aqui para observar a bela visão. — Disse ela, olhando para o cão e o chamando para acariciá-lo.

Flashback

— Camila, venha ver. — A voz de Brianna soou e eu me virei, andando em sua direção e observando algo se mexer em seu colo.

Me aproximei com cuidado, não conseguia entender o que estava ali em seu colo.

— Anna, o que tens aí? — perguntei, a voz calma e baixa.

Ela segurou o animal em suas mãos, levando para mais próximo de meu rosto. Era um coelho marrom. Muito lindo, aliás.

— Veja, Ca. Ele é lindo. — Ela falava, me fazendo concordar e acariciar a cabeça do animal.

Flashback off.

— Uow, desconhecida? — A garota estralou os dedos em frente ao meu rosto, me fazendo balançar a cabeça e suspirar.

O que acabou de acontecer? Não queria lembrar-me dela, não queria mesmo. Respirei fundo e me levantei, olhando para a garota ao meu lado.

— Tenho que ir, tenha uma boa tarde. — E com isso, me virei para ir embora daquele parque, mas senti uma mão segurar meu braço, me fazendo parar de caminhar.

— Me diga ao menos seu nome. — A de olhos verdes falou, abrindo um sorriso desajeitado e colocando a destra na cintura.

Franzi o cenho e balancei a cabeça positivamente. Havia esquecido de que neste século as pessoas costumam falar seus nomes para desconhecidos assim tão fácil.

— Bianca. — Falei o mais séria que conseguia, vendo a garota franzi o cenho e balançar a cabeça lentamente em positivo.

— Olá, Bianca. Meu nome é Lauren.

Ela estendeu sua destra e eu demorei um pouco para apertar, saindo dali o mais depressa possível.

Quando é que pessoas com olhos verdes começaram a se multiplicar na minha vida e eu não percebi nada? Céus, não quero mais contato com nenhum.

Estava pronta para fingir que nunca tinha visto nenhuma das mulheres na qual falei hoje. Não valeria a pena tirar as suas vidas apenas por uma saudade minha. Prefiro mantê-las a salvo, a ter que deixa-las sofrendo por minha culpa.

Continua?

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