3- Desty.

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Caminhei por mais alguns minutos sob o manto noturno, minha única companhia sendo o sussurro do vento frio e o murmúrio suave das folhas das árvores. À medida que a noite avançava, a brisa gélida se intensificava, fazendo com que meu corpo se arrepiasse involuntariamente. Cruzei meus braços em um esforço para conservar o calor e continuei minha caminhada solitária.

A escuridão da noite estava agora totalmente sobre mim, apenas a luz da lua lançando pálidos raios prateados pelo caminho à minha frente. Minha mente vagava, perdida em pensamentos tumultuados, lembranças e o eco silencioso da solidão que me acompanhava.

As ruas desertas do bairro, normalmente povoadas por pessoas voltando para suas casas, agora estavam quase vazias. No entanto, não sentia medo, não mais. Não havia mais nada a temer, pois já havia perdido as duas coisas mais preciosas de minha vida.

Deslizei minhas mãos para dentro dos bolsos das calças que vestia, afundando nelas como se pudesse encontrar algum conforto naquelas profundezas. Meus passos eram lentos, sem pressa, à medida que continuava a jornada pelo caminho escuro.

À distância, um cachorro solitário uivou, seu lamento ecoando através da noite. Era como se o animal também compartilhasse minha melancolia, uma triste serenata que acompanhava meus pensamentos sombrios.

Continuei a caminhar, sob a luz trêmula da lua, imersa em meus pensamentos e na serenidade fria da noite.

Até que uma sombra em pé, do outro lado da rua, fez-me parar em minha caminhada, observando seriamente aquela figura escura junto ao poste de luz.

Com um suspiro pesado, recostei-me na parede fria de uma loja que ficava ao meu lado, cruzando os braços para combater o frio que a brisa noturna estava trazendo. Meus olhos vagaram até o final da rua, onde não havia sinal de vida. Da mesma forma, ao olhar para o lado oposto, deparei-me com uma cena igualmente deserta e silenciosa.

No entanto, algo chamou minha atenção e fez meu coração acelerar. Na direção oposta, onde a iluminação do poste de luz terminava, uma sombra escura se encontrava ali. A escuridão da noite parecia abraçá-la, tornando-a ainda mais sinistra. Eu me vi imobilizada, presa naquele instante inquietante. Além disso, o cemitério se estendia, acrescentando uma aura sombria e enigmática a toda a cena noturna.

Decidi me aproximar, tomando uma decisão impulsiva. Deixei a parede fria para trás e atravessei a rua silenciosa em direção à sombra misteriosa. À medida que me aproximava, a escuridão parecia se desfazer lentamente, revelando a figura de uma mulher.

Ela emergiu da sombra como uma aparição, ganhando vida na escuridão. Meus passos ficaram mais lentos, mas minha curiosidade continuava a me impulsionar adiante. Quem era ela e o que estava fazendo ali, àquela hora da noite? Apenas o tempo e a conversa com aquela mulher poderiam revelar o que estava havendo.

Assim que me aproximei o suficiente, meus olhos foram atraídos pelos cabelos vermelhos da mulher que estava de costas para mim. Um fio de cabelo balançava suavemente com a brisa noturna, como uma chama dançante. Minha boca se abriu em um perfeito "O" de surpresa, e estendi minha mão direita instintivamente, desejando tocar na mulher. No entanto, mesmo que quisesse, não conseguia dar mais um passo sequer. Meus olhos percorreram seu vestido com detalhes meticulosos de renda bordados discretamente sobre o tecido creme, revelando um toque de elegância e delicadeza. Uma faixa estava habilmente amarrada em sua cintura, acentuando sua figura feminina. Notavelmente, seus pés estavam descalços.

- Ca... - A voz quebrou o silêncio noturno. Era a voz da mulher, suave e frágil como uma melodia. Pronunciando uma sílaba do meu nome como uma súplica.

- Bri... Brianna, és tu?

Minha voz saiu trêmula, rouca, embargada pelas lágrimas que ameaçavam cair. Eu dei um passo hesitante, aproximando-me o suficiente para alcançá-la, mas então, como um sopro, ela desapareceu em uma nuvem de fumaça. Olhei ao meu redor, o vazio absoluto me rodeava, não havia mais nada além da solidão. A dor da perda e o turbilhão de perguntas confusas me invadiram.

Meu coração enfraqueceu, minhas pernas fraquejaram, e o mundo ficou negro quando finalmente desmaiei.

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POV'S LAUREN

Eu estava a caminho da casa da Allyson para assistir algo que eu não suportava: um programa evangélico. Bufei e continuei caminhando pela calçada, segurando a alça da minha mochila de lado. Distraída, pisei em algo... ou melhor, em alguém.

Meus olhos se arregalaram. Será que ela está morta? Pensei instantaneamente, surpresa pelo fato de ninguém ter vindo em seu socorro ainda. Me agachei ao lado do corpo caído e verifiquei seus pulsos.

- Ok, ela está viva. - Olhei ao redor e notei que as ruas estavam estranhamente desertas. O que era bastante incomum.

Olhei novamente para a garota caída no chão. Era a mesma garota que eu tinha visto ontem no parque. Mas o que aconteceu com ela? Tentei levantá-la, mas foi em vão. Foi então que uma sombra se aproximando chamou minha atenção.

Era um homem de aparência enigmática, com olhos profundos e cabelos prateados e dourados. Sua pele parecia ter sido criada a partir de constelações, e havia algumas pintinhas em seu rosto.

Eu nunca o tinha visto por aqui antes.

- Deixe-me ajudá-la. Precisamos sair daqui rapidamente. Venha comigo. - O homem pegou a mulher nos braços e começou a andar.

Fiquei parada no mesmo lugar, tentando entender o que estava acontecendo, mas voltei à realidade quando o homem desconhecido me chamou, e eu apressei meus passos para acompanhá-lo.

Narrador's

E naquela mesma manhã, minutos após a saída das duas mulheres com o rapaz desconhecido, uma mulher chegou ao local, parecia procurar por algo... ou até mesmo, por alguém.

O desconhecido levou as duas mulheres para uma casa mais afastada de tudo e todos. Uma casa bem aconchegante, pequena e com ar confortável. O rapaz deixou o corpo da garota no sofá, saindo dali apenas para pegar um copo de água para a mulher.

Lauren olhava ao redor totalmente confusa. Não se pode entrar na casa de estranhos assim, por qual motivo ela foi sem nem discordar?

Os pensamentos estavam na cabeça da de olhos verdes, que encarava o corpo desacordado da mulher no sofá. Não sabia exatamente quanto tempo a mulher estava desacordada, deveriam verificar com um médico isso, não é mesmo?

O Homem apareceu novamente com uma garrafa de água e um copo, entregando para Lauren, que agradeceu prontamente e o rapaz sentou ao lado do corpo da mulher.

- Se estiver pensando nisso, ela está bem, fique tranquila.

Ele disse para Lauren, que nada disse, apenas bebeu sua água e colocou o copo vazio na mesinha ao seu lado. Virou seu rosto para encarar a face da mulher novamente.

Seus detalhes eram magníficos. Lauren esticou sua mão, retirando uma mecha de cabelo da frente de seu rosto, para que ficasse melhor de observa-la.

LAUREN POV


Com cuidado, afastei uma mecha de cabelo que cobria o rosto de Bianca, permitindo-me observar com mais precisão seus traços delicados. Sim, esse era o nome dela, Bianca. Impossível esquecer, assim como era impossível esquecer-me dela...

E como se o destino estivesse nos observando de perto, a mulher à minha frente começou a se mexer lentamente, abrindo os olhos com evidente dificuldade. À medida que sua visão se focava em meu rosto, ela fez uma careta, erguendo-se rapidamente no sofá.

- Droga. - Ela massageou a testa com os dedos, fechando os olhos com força antes de me encarar novamente. - Para onde você me trouxe?

Ela lançou um olhar ao redor, seus olhos eventualmente parando no desconhecido, que sorriu e acenou para ela.

- Quem são vocês? - Ela perguntou, sua voz ainda frágil.

Acabei me perguntando o mesmo, desde que cheguei não havia perguntado seque o nome dele... perigoso..

- Me chamo Desty.

CONTINUA

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⏰ Última atualização: Sep 29, 2023 ⏰

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