Pʀᴏ́ʟᴏɢᴏ

397 42 20
                                    

Oi, esse é apenas um pequeno trecho para introduzir a história. Espero muito que vocês gostem, e estou totalmente aberta a críticas construtivas.

 Olá,  eu sou Simone Tebet,  ou Simone Canalha, Cafajeste, Idiota, Bêbada e tantos outros adjetivos ruins, ah e tudo com letra maiúscula pra intensificar a ofensa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Olá,  eu sou Simone Tebet,  ou Simone Canalha, Cafajeste, Idiota, Bêbada e tantos outros adjetivos ruins, ah e tudo com letra maiúscula pra intensificar a ofensa. Eu ganhei todos eles graças a minha personalidade excêntrica, na verdade eu nunca fui assim mas digamos que a vida me transformou. Essa era a personalidade que me fazia menos triste.

Simone, já fazem seus anos, tá na hora de seguir sua vida - eu simplesmente odiava esse papo de "ah siga sua vida" , "ah você é jovem demais pra viver assim", ninguém de fato se importava comigo mas sim com o que falavam sobre mim, minha dor era totalmente insignificante pra essas pessoas, falavam como se fosse qualquer coisa e não o fato de eu ter perdido tudo que mais amava.

É fácil você falar - o olhar que recebi só me fez me arrepender amargamente, girei meu corpo na cadeira e massageei as têmporas.

Não, você sabe que não é, era a minha filha naquele acidente, minha única filha e meu neto que nem nasceu, e você não sabe o quanto isso me dói - eu não gostava de falar sobre Luísa, odiava lembrar daquele dia horrível, se eu fechasse os olhos ainda podia ouvir o grito de desespero saindo de meus lábios, podia sentir o cheiro de sangue.

Miranda, me perdoe eu... eu não quis dizer isso - seu corpo parou em frente ao meu, minha sogra, ex no caso, mas nunca casaria outra vez então ela teria eternamente esse título, me olhou atentamente, Miranda também era minha sócia na empresa e tínhamos uma boa relação, apesar dela querer de certa forma me controlar.

Eu não posso ter um filho, jamais serei avó, mas você - o tom embargado de sua voz me atingiu em cheio - você pode reconstruir sua vida, não desperdiça isso, a Luísa queria que você fosse feliz - era comum ouvir aquilo, todos pareciam ter decorado a mesma frase de efeito.

Pra mim era simplesmente impossível ser feliz sem ela, sem a família que idealizamos. Luísa foi mais do que uma simples namorada, a conheci no colegial, ela foi a primeira garota que beijei, foi ao lado dela que descobri que não havia mal nenhum em amar alguém do mesmo gênero. No começo não foi fácil, mas logo recebemos o apoio de nossas famílias e começamos a namorar, aos 16 anos, fomos pro exterior fazer faculdade, ela se formou em Moda,já eu, me formei em Direito, embora não exerça minha profissão de maneira plena.

Nós tínhamos muitos planos, nos casamos em Fernando de Noronha, num pôr do sol lindo, digno de cinema, ela estava tão linda, e eu pensei que ali começaríamos uma vida toda juntas, logo começamos a falar sobre filhos e depois de dois anos finalmente o tratamento deu certo e ela conseguiu gerar nosso filho, Bento, ali parecia ser o ápice da felicidade, mas tudo acabou quando resolvemos ir pro sul, numa última viagem antes dele nascer, um caminhão desgovernado bateu em nosso carro, e ali acabou tudo de bom que já tive na vida.

Eu não consigo imaginar minha vida sem a sua filha, e já é tortura demais ter que viver em um mundo sem ela, ainda mais cruel seria ter que substituí-la.

Ela não é substituível, porém nada impede de abrir seu coração para uma outra pessoa. Pense nisso! Por favor, não quero ter que te ver afundando ainda mais, eu prometi pros seus pais que cuidaria de você enquanto vivesse aqui - ah meus pais, eles ainda eram a única luz que eu tinha, eles moravam em Mato Grosso do Sul e os visitava sempre que sentia falta da minha antiga versão, o que não ocorria a alguns meses.

Acredito que eu já esteja me transformando numa versão pior do que a de um homem cafajeste e heterotop. Depois de Miranda ir embora terminei algumas coisas importantes e fui pro meu apartamento,  aquele lugar era meu casulo, ninguém além de Janja e meus pais entrava ali. Todas as paredes eram em tons de cinza escuro, nenhum quadro ou porta retrato, nada além do básico pra sobrevivência, o lugar só não era mais vazio que meu coração. 

Depois de um banho rápido decidi que ir pra balada era uma boa ideia, descontar todas minhas frustrações e dores em bebidas e em sexo, eu não queria e não iria me apegar a ninguém.

Escolhi uma roupa sexy, sempre na cor preta, me sentia uma idiota por usar a cor do luto e me vestir como uma qualquer e fazer coisas tão obscenas. Mas ela deveria me perdoar por não saber lidar com tudo que sua partida me causou.

Eu sou bem melhor sozinha sabe
Mas talvez tem um cantinho e cabe
Um pouco quase nada

Melhor Sozinha Onde histórias criam vida. Descubra agora