26 Pedido de Desculpas

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Quando Abe saiu do quarto, Joseline continuou deitada na cama. Seu corpo inteiro doía.

Gostaria de fazer algo por Abe, mas na verdade, sabia que não podia fazer nem por si mesma. Um homem poderoso como Afonso parecia conseguir tudo o que queria, na hora que desejasse. Injustiça.

Ela refletia, enquanto procurava uma posição confortável para o corpo. A vida a colocara ali naquele lugar. Muitos a consideravam privilegiada; outros, a consideravam interesseira, mas ela sabia que não era nem uma coisa, nem outra.

Pensou no que Abe havia lhe contado. Era muito injusto que ela pagasse pelos crimes do filho, mas Joseline estava começando a aprender que, numa cidade como Paraíso, mandava quem tinha mais poder aquisitivo. E isso era o que Afonso Moreau bem possuía.

Seria seu destino o mesmo de Abe? Será que ficaria presa a Afonso e seus caprichos? Por quanto tempo? Estava casada com ele, de papéis assinados e tudo o mais. Sua vida pertencia àquele homem e ela não sabia se algum dia poderia se livrar dessa armadilha.




🌻

À noitinha, Abe foi buscá-la no quarto.

- Ele quer que você jante com ele - explicou.

Joseline se vestiu e desceu com a governanta, não sem certa relutância.

Afonso a esperava ao pé da escada e apressou-se em ajudá-la a terminar de descer os últimos degraus.

- Meu amor - disse, acariciando o rosto dela e Joseline se esquivou, pois sua mandíbula doía.

Afonso pigarreou.

- Me desculpe.

Ele a conduziu até a mesa do jantar, puxou a cadeira para ela e a fez se sentar. Só então, sentou-se também.

Não conversaram durante o jantar. Joseline mal conseguia mastigar, devido aos machucados, e engolia com dificuldade.

Quando Afonso terminou de comer, percebeu que ela mal havia tocado no prato.

- Não está com fome?

Joseline abriu a boca, mas foi Abe quem respondeu:

- Ela não consegue comer direito. Está com a boca dolorida.

Afonso olhou para ambas.

- Abe, pode nos deixar sozinhos, por favor.

Não era um pedido e a governanta sabia disso. Mas antes de se retirar, disse:

- Vou preparar alguma coisa macia pra você comer, Joseline.

- Não precisa, Abe.

- Eu faço questão - Abe sorriu para ela e então, saiu da sala.

Afonso olhou para Joseline durante alguns segundos, depois que ficaram sozinhos e segurou a mão dela. Ela sentiu sua respiração ficar irregular com a proximidade dele e quis retirar a mão, mas ele foi firme em segurá-la.

- Joseline, meu amor... - Afonso balançou a cabeça, parecia pesaroso. - Me desculpa. Me desculpa por ter te machucado. Eu não queria ter feito isso.

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