A chaleira estava fervendo a água enquanto eu preparava panquecas. Desliguei o fogo e continuei a virar as panquecas para chegarem ao ponto, o rádio estava ligado na estação principal britânica onde o locutor com sua voz estridente atualizava as informações sobre o conflito entre os Aliados e o Eixo... havíamos conquistado espaço em território nazista e o jogo estava virando mas ainda era cedo demais para saber se estávamos em vantagem. Diria em palavras simples que estamos empatados e que não devemos nos conformar com isso, não mesmo.
Em meio a esses pensamentos minhas panquecas estão prontas, as ponho em um prato e começo a terminar de arrumar as louças na mesa. Alfred estava no banho.- querido! O café está na mesa.
- já estou indo!
Quando já estou sentada a mesa, preparando meu chá a porta de nosso quarto se abre e Alfred se mostra alto e forte com seu porte militar, estava vestido com uma regata branca fina que geralmente fica abaixo da farda e calças em um tom verde musgo, cores do exército britânico, estava lindo com seus cabelos molhados e bagunçados. Sua boca se curvava em um sorriso de contemplação.
- espero que essas estejam melhores que as últimas.
Enrrugo o nariz em resposta oque o faz rir.
- a culpa não é minha que as embalagens de fermento e bicarbonato são tão parecidas. - digo tentando conter o riso com as lembranças do desastre que foi quando provamos as panquecas, estavam com o gosto terrível do bicarbonato de sódio.
Ele se senta à mesa de frente para mim e começa a preparar seu chá. Eu já estou na minha primeira panqueca, tomo cuidado para não sujar meu robe de melado.
Ficamos em silêncio enquanto comíamos mesmo com eu tentando não rir com as olhadas indiscretas de Alfred. Estamos casados há 5 anos e ainda sim fico boba na presença dele.
Quando terminamos Alfred junta as duas mãos em cima da mesa cruzando os dedos e me olha seriamente.- você tem certeza de que vai ficar bem?
Meu corpo se enjirece.
- tenho querido, posso me cuidar tranquilamente... tenho o trabalho pra me distrair e a companhia de Mary sempre que precisar.
O olhar de Alfred se suaviza.
- Alfred, me prometa que vai tomar cuidado. A guerra pode estar acontecendo mas ainda existem doenças entre outras coisas por esse mundo, me prometa que vai se cuidar corretamente.
- prometo minha pérola, voltarei para casa inteiro e bem.
- que bom!
Sorrio de leve. Alfred se levanta em minha direção e estende a mão para mim, eu a aceito imediatamente e logo estou envolvida por seus braços em minha cintura. Seus lábios tomam os meus em um beijo tão delicado que meu coração dói em meu peito. O beijo muda para um abraço apertado, meus braços envolvem seu pescoço e enterro minha cabeça em sua curvatura. Sinto uma longa respiração em meus cabelos e logo ele faz o mesmo que eu, me abraça como se eu fosse ser arrancada de seus braços... bom, não está tão longe de nossa realidade.
Não sei quanto tempo ficamos abraçados daquele jeito mas logo estávamos arrumando as louças limpas e lavando as sujas. Alfred tinha o costume de sempre lavá-las e eu guardá-las e organizá-las. Terminamos logo.- vou me arrumar para irmos.
Saio em direção ao banheiro em nosso quarto e me olho no espelho, estava com uma expressão tensa e triste. Meus olhos verdes pareciam cansados e meus cabelos castanhos com ondas espaçadas, não conseguia evitar curvar os lábios para baixo com a vontade de chorar. Mas me contive não podíamos nos atrasar, coloquei meus cabelos pra trás para lavar meu rosto havia tomado banho mais cedo então após isso vesti todas as minhas lingeries, escolhi um vestido básico acinturado preto que me deixava com um aspecto jovem e ao mesmo tempo sério e sapatos de salto não muito alto da mesma cor, meus cabelos estavam presos em parte com presilhas.
- pode fechar para mim querido? - Alfred estava vestindo sua camisa de farda.
- claro.
Minha pele se arrepiou com o toque de seus dedos. Me virei para ele com um sorriso.
- obrigada.
Me sento em minha escrivaninha e começo a me maquiar... aplico creme hidratante e após secar, um pouco de pó acho essencial passar máscara de cílios e blush finalizo com um batom vermelho discreto, um de meus favoritos e um presente de Alfred para mim. Me sinto bem melhor com relação a minha aparência agora, posso estar triste, mas odeio parecer mal.
- como estou? - me levanto para Alfred me ver melhor. Seus olhos me percorrem como se fotografassem cada centímetro de meu corpo e rosto.
- belíssima minha pérola, bela como sempre... a melhor coisa que fiz foi escolher essa cor de batom para você... parece deixar seus olhos mais verdes, mais vivos.
Fico feliz com o comentário, sorrio em resposta e vou conferir se tenho tudo em minha bolsa. Vejo Alfred terminando de se vestir, me aproximo e indico para que me deixe ajudá-lo. Sempre adorei ajudá-lo com o uniforme.
- você fica muito bonito de uniforme... já lhe falei isso?
- sim, mas gosto que me lembre.
Estou terminando com os grossos botões e ajeito os bolsos de seu uniforme.
- prontinho! Ah falta uma coisa. - pego seu quepe e lhe entrego, agora seus cabelos estavam ajeitados. O observo pôr o quepe dando um toque final ao uniforme.
- como estou? - ele pergunta abrindo um pouco os braços.
- de tirar o fôlego meu amor, lindíssimo.
Alfred beija minha testa suavemente.
- está pronta?
- estou.
- que bom porquê mais um pouco e vamos nos atrasar.
Com minha bolsa em mãos e Alfred com sua mala pronta e as chaves do carro, partimos para a estação de trem.
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Sonhe um sonho comigo
RomanceAmélia Corbyn é uma mulher forte e apaixonada casada com Alfred Corbyn, seu feliz casamento sofre uma grande mudança devido a ida de seu marido para a guerra. Esse acontecimento é o ponta pé inicial para a história onde Amélia experiência sua melanc...