Emo ousado -- (-Will-)

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 Foi difícil sair da casa de Neecks depois que ele dormiu. Conversamos bastante antes disso e ele me falou que tinha virado a noite vendo série, então não fiquei surpreso quando ele começou a bocejar de vez em quando. Mas quase tive um treco quando ele deitou em mim e me disse aquelas coisas, dormindo logo em seguida.

 Dizem que bêbado não mente, mas será que isso se aplica a pessoas morrendo de sono? Eu quase beijei ele e a irmã mais nova aparece justo no meu pico de coragem para atrapalhar. Claro que não tinha como ela saber, mas mesmo assim. Nunca que eu ia conseguir encará-la sem temer pela minha vida. Talvez em mil anos eu consiga reunir coragem para tomar outra atitude com Nico.

 Quanto a Nico... Ele gosta de mim da mesma forma que eu gosto dele. Não eram flertes bobos para me desestabilizar, eram flertes sérios de quem tinha interesse. Apesar de feliz e eufórico, eu estava receoso. Ainda podia ser da boca pra fora. Exatamente por precisar de um tempo para pensar sobre isso, não fui à aula na terça.

 Encontrei Cecil no trabalho, com o horário trocado, ainda na segunda e ele me perguntou se eu estava bem. Dei de ombros, dizendo que as coisas estavam indo da maneira que dava. O dia correu normalmente, eu saindo duas horas depois para acumular hora extra e ter folga na quarta. Minha mente estava a mil.

 Terça-feira, decidi tirar parte do dia para mim e faltei na escola. Eu ia ficar em casa se não tivesse ouvido o barulho da chaleira fervendo quando fui ao banheiro. Aquilo significava que Naomi estava em casa e eu não estava com paciência para perguntas sobre ter faltado. Além de que eu odiaria ter que olhar pra ela o resto do dia.

 Tomei um banho, vesti algo decente e arrumei a mochila com livros que eu queria reler. Minha aparência estava até que convincente e tive o capricho de definir os cachos. Eu, no meio do misto de sentimentos que eu tinha me envolvido, fiquei orgulhoso e me achei moderadamente bonito. Fui até a cozinha.

 Naomi estava vestida como alguém que passaria o dia em casa. Me olhou de cima a baixo, nem se dando o trabalho de disfarçar a reprovação em seus olhos verdes. Torceu o nariz, me questionando se iria pra aula daquele jeito. Toda a minha confiança desmoronou, meus ombros caíram e fechei minha expressão.


一 Só vou tomar um café antes de ir. 一 Disse, ignorando ela reprovando até meu cabelo.


 Fiz o caminho até a escola, mas fui ao parque de skate, onde eu teria paz por um tempo.



☀         ✲        ☀



 Quarta-feira, minha mãe foi para o trabalho na mesma hora que eu "ia pra escola" e me deixou na porta dela. Ficou me encarando até que eu entrasse. Resultado: Pulei o muro. Quase torci o tornozelo, mas faz parte. Fiquei duas horas na lanchonete da esquina e depois dei uma caminhada pela rua. Ou pelas ruas. É difícil dizer com exatidão.

 Lá pelo final da tarde, recebi uma mensagem de Nico. Ele dizia para que eu esperasse-o na praça de skate. Não era um pedido grande e não custava muito, mas eu já podia sentir o peso do fora que ia levar. Eu poderia ter dado as costas e negado. Só que eu fui, esperando com o coração na garganta. Aguardei sua chegada porque eu queria pôr tudo na mesa.

 Foi ele chegar que meu coração virou uma britadeira. Camiseta preta de manga cumprida do Guns N' Roses, calça jeans preta rasgada no joelho, colar e anéis de prata. Apesar da simplicidade, ele estava lindo e perfeito. Sorriu tímido ao me ver, brincando com o colar em seu pescoço. O cabelo estava solto e lhe emoldurava o rosto belo. E, pra finalizar, ambos estávamos de all-star.

All-star e roupas góticas (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora