Parte II

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Assim que o acampamento de futebol terminou, Jeongin ficou aliviado por não precisar mais fingir rivalidade com Seungmin, pelo menos por um tempo. Queria ter tudo o que pudesse com ele, menos uma rixa. E era difícil tirá-lo de seus pensamentos, dia após dia.

De volta à rotina normal, Jeongin parou diante ao quadro de avisos. Faltava exatamente um mês e meio para o interescolar, e o calendário com os primeiros jogos foi colado no mural. Haviam outros esportes, mas o olhar de Jeongin foi direto para as datas do futebol. Os três primeiros jogos pareciam relativamente fáceis e, claro, logo de cara um contra os Newdays.

Um contra o time de Seungmin.

E como se não bastasse pensar nele de novo em menos de dez minutos após ter prometido pela milésima vez não tocar mais em seu nome, ouviu alguém dizê-lo em voz alta. Achou que estivesse ficando doido, mas era apenas Chan ao seu lado, rodando uma bola de basquete entre os dedos.

— Você vai amassar Kim Seungmin logo no primeiro jogo, não é, capitão?

— Sim, claro — respondeu sem nem olhar para o garoto, indo embora em seguida, não queria dar corda para aquela conversa.

Kim Seungmin...

Sua conexão com esse nome era tão forte, quase surreal. Desde que o viu pela primeira vez, sabia que alguma coisa aconteceria entre eles, só não sabia ao certo o que era, e agora tinha certeza: atração. E ela era tanta que quando estavam perto, ao menos conseguiam conversar algum tipo de trivialidade como "qual seu nome?" ou "qual sua música favorita?", Jeongin não sabia nada sobre Seungmin, nem sua idade, só sabia que ele morava do outro lado da cidade e estudava em Yeonsan e que o beijo deles era muito compatível.

Quando estavam juntos, a harmonia era tão calorosa, parecia que alguma força maior estava presente, uma vontade insana em Jeongin que pedia por mais e mais de Seungmin, de saber como ele está, de saber aonde está e o que está fazendo, se estava tudo bem, se ele se sentia sozinho... Pensava em seu cabelo macio, no sorriso no bonito, no vinco entre as sobrancelhas quando ele ficava sério. Era algo que o tinha como um prisioneiro, voltando e voltando para ele como se não tivesse controle sobre isso.

Encontrou Boram o esperando na saída da escola. Entrelaçou os dedos nos dela no automático, e esperou que ela se despedisse das amigas para que pudessem ir embora. Ainda assim, Seungmin não saía de seus pensamentos.

Num passado não tão distante, ele até se sentiria mal por estar pensando em outra pessoa na companhia da namorada. Mas no ritmo que tudo estava se desenvolvendo nos últimos meses, ele simplesmente não conseguia sentir nada.

— Demorou — ela disse quando finalmente estavam sozinhos, e quase revirou os olhos quando se aproximaram.

Jeongin olhou para o lado e viu outro casal. O garoto se esforçou para enrolar o braço na cintura da menina e passearem agarrados. Igualmente, colocou a mão na cintura de Boram, que o olhou com repulsa, mas não recuou do toque, e assim se afastaram da escola naquele aperto desajeitado. Que namoro de merda, pensou ela.

A era de ouro definitivamente tinha acabado. Os últimos meses iam de mal a pior. Muitas vezes, Boram chegava na casa de Jeongin e gritava "por que não terminamos?" e ele respondia "não sei", ou ao contrário, ele quem questionava a garota.

Parecia que não importava o quanto tentassem, não conseguiam se erguer do abismo do namoro por conveniência. É difícil desprender ou desapegar quando você está tenebrosamente acostumado. Só de pensar no trabalho para explicar toda vez que alguém disser "terminaram por quê?", dava desânimo, e era mais fácil continuar junto. Explicar para os pais dos dois, que torciam abertamente pela união desde o primeiro dia(praticamente só namoravam para agradar eles), era simplesmente mais cômodo não terminar para não ter que passar pela desaprovação.

Rivais | concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora