Fantasma do meu amor

fumaça

Essa madrugada gelada e sem motivos de vida para mim.

Você disse que se voltasse no tempo escolheria não me conhecer, diz isso mesmo insistindo pra mim levar essa vida que está em meu ventre para frente.

O Fantasma está por fim morrendo, vendo nossas cartas antigas, as que eu te enviei nesse relacionamento onde você se dizia um bom "poeta", alguém digno daqueles textos românticos que eu fiz, preenchidos por figurinhas coloridas, canetas arco íris, até mesmo meu perfume, com as velas que eu chamava seu fantasma eu queimei as cartas, a fumaça me intoxicou no banheiro fechado, abri a porta e deixei que entrasse no quarto onde você dormia também.

Esse feto nunca saberá que tais declarações de amor existiram, nunca saberá do fantasma, apenas das ruínas do homem que você é, melhor, o garotinho da mamãe.

Depois de meses te esperando, depois de meses com o fantasma, eu diria que finalmente aceitei seu desaparecimento, o fantasma tinha razão sobre tudo isso, você morreu.

Além de um relacionamento morto, eu desejo que essa vida dentro de mim seja interrompida, em meio a todo caos, o fogo deveria levar tudo.

Antes que meus leitores julguem minha aversão a essa gestação, eu sei que tenho culpa, mas não desejo criar esse ser inocente em meio a tantos problemas e falta de psicológico.

A vida veio, só assim aceitei a morte.