𝗗𝗔𝗥𝗞 𝗦𝗘𝗖𝗥𝗘𝗧 𝖡𝗂𝗅𝗅 𝖪𝖺𝗎𝗅𝗂𝗍𝗓

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Tiro meu colete, essa coisa pesa, mas depois de um tempo você se acostuma ao ponto de nem mais senti-la em você, perdi as contas de quantas vezes dormir com isso e nem me dei conta.

Jogo aquilo na cama e respiro fundo, fazia tanto tempo que eu não entrava em casa que nem parecia que era eu que morava ali.

Abro as cortinas e a luz ilumina a sala do meu apartamento. Tiro a bota e solto meu cabelo que estava preso em um rabo de cavalo baixo, balanço meus fios, deixando os mais volumosos.

Meu celular começa a tocar em cima da mesa de centro da sala, ignoro e continuo a tirar minhas roupas, a ligação cai porém logo em seguida me ligam novamente.

Me levanto e atendo.

— Porra, o que foi?— estava brava, a única coisa que eu queria era uma porra de uma noite de descanso, sem nada para lidar.

— Foi mal, mas precisamos de você aqui, o chefe está chamando— meu colega diz e eu bufo, coloco a mão na cintura e encaro o nada, pensando no que faria— Não precisa vir de uniforme.

— Aguenta que estou chegando— desligo e vou até meu guarda roupas, troco de roupa rapidamente e corro para a delegacia.

O trânsito estava uma merda, dou um gole no café tentando permanecer acordada, eu só quero dormir.

Entro na delegacia e me sirvo com mais café da máquina.

— Isso aí não é café de verdade!— Quinton diz e eu rio.

— Não é de verdade o fato de eu ter que estar me entupindo de café para ficar acordada porque vocês não me dão a merda de uma folga— jogo o café fora e ele me serve rindo com o coado na hora.

Me sento na mesa e os outros policiais, e chefes entram, cada um se ajeita em seu devido lugar.

— Que mordida é essa?— Brown pergunta.

— O homem de ontem.

— Porra, e ele te mordeu?— pergunta e eu concordo rindo.

— Agora ele não vai morder mais ninguém— ele sorri de orelha a orelha.

— Vamos direto ao assunto!— Afirma Quinton se ajeitando na cadeira— Sabe que eu sempre gostei de você, Marie. Sempre gostei porque nunca precisei de mais um policial para complementar, você é boa no que faz sozinha.

— Sabe que seu perfil entre o mundo policial é de nível internacional?— concordo com a cabeça— Recebemos uma proposta da Alemanha e Estados Unidos.

Agora tive consciência que o assunto é de extrema importância.

— Bill Kaulitz— me entrega a foto dele e eu analiso— Um grande traficante de tudo quanto é tipo de coisa, dono de uma das empresas mais renomadas da Alemanha.

— Por que os Estados Unidos está na jogada?

— Ele tem vários imóveis e coisas ilegais no país. De alguma forma ele entra e sai e nunca conseguem pegar, nem conseguem descobrir a data e hora que viaja, você tem noção que nem os Estados Unidos consegue pegar esse homem?

— E por que acha que eu pegaria?— pergunto cruzando os braços.

— Você é única, e eu sei que você é a única pessoa que conseguiria pegar ele, Marie!— afirma, ele estava fazendo pressão psicológica, sabia que eu não fugia de nenhuma briga.

— Quando vou começar?

— Imediatamente!— afirma com certeza, não me dando abertura para questionar, mas mesmo assim questiono.

— Porra, Quinton! As minhas férias começaram hoje, você sabe que eu já estou com passagem comprada para ver minha família no Brasil.

— Isso é de extrema urgência, não tem nada que eu possa fazer. Depois que você voltar eu prolongo suas férias para quantos meses você quiser. Se você cumprir essa missão, pode até se aposentar com o dinheiro que vai ganhar, nunca mais vai precisar trabalhar na sua vida!

— Faz três anos que você diz que será a última missão, e eu continuo ajudando vocês mesmo assim— coço meus olhos e rio— Prossiga!

— Eu sabia que não me decepcionaria! Conversamos com alguns ex namorados e namoradas, eles nos deram algumas dicas.

— Calma aí!— o interrompo— Você quer que eu me relacione com ele? É sério isso?

— Precisamos que você entre de cabeça nisso, que ele confie e você mais do que ninguém. Foi a melhor opção que encontramos.

Fico alguns segundos quieta, pensando no que faria. Sei que nessa missão há grandes possibilidades de nenhum dos dois sairem vivos, nem eu e nem esse tal de Bill.

— Prossiga.

— Eles disseram formas que você pode seduzi-lo, não foi o suficiente mas você sabe muito bem manipular uma pessoa.

— E cadê essas pessoas?— pergunto e os policiais se entreolham.

— Demos passaporte novo para todos, os proibimos de dizer algo relacionado, eles conseguiram o que queriam, sumir do mapa e começar a vida do zero.

— Ok, me conte mais sobre o que eles falaram— ele começa a explicar.

Não sei quantos minutos fiquei ouvindo todos falarem, como era para eu me vestir, o jeito de andar, falar e me expressar. Tudo para que ele me visse com outros olhos e pensasse que era algo normal, mesmo sendo totalmente manipulado.

— Não se esqueça de usar as cores favoritas dele, sempre transparecer ser sincera, dê carinho ao menino bolinado que ele foi quando mais novo.

Engulo seco, isso é um assunto delicadíssimo.

— Mas vai demorar muito para essa missão se concluir— digo e todos concordam.

— A pressa é a inimiga da perfeição, Marie. Você irá para a Alemanha depois de amanhã, trabalhará em um ateliê, Bill ama moda e ficaria feliz de encontrar alguém como você, apaixonada por criar peças de roupas— diz e rimos.

— Você não terá nenhum contato com ele nos primeiros meses, viverá tranquilamente como se fosse apenas mais uma imigrante construindo sua vida. Depois de aproximadamente seis meses, se virmos que você já tem uma vida bem convincente, terá seu primeiro contato.

— Então contextualizando, demorarei mais ou menos um ano ou mais para fazer isso— digo e ele concorda.

— Não se esquece, essa missão é de absurdo de perigo, um passo em falho, e você não volta para casa. Eles são impiedosos e trapaceiros, precisam ser parado em breve!

— Eles?— pergunto.

— Eles, são dois irmãos gêmeos, Tom e Bill Kaulitz, porém precisamos da cabeça do Bill, ele é o mandante de tudo. Se derrubarmos ele, consequentemente sem esforço seu irmão também vai junto.

Me ajeito na cadeira e mexo em minha unha.

— Ele vai perceber que sou estrangeira, qual vai ser a vida que irei contar?

— Você fala três idiomas fluentemente, seu sonho é viajar o mundo e fazer essas anotações loucas sobre moda. Mesmo a Alemanha não sendo uma das referências, você quer aprender tudo de qualquer país.

— Quanto tempo eu tenho para cumprir a missão?

— A partir de agora— faz uma pausa e olha em seu relógio— Um ano e três meses!

— Então essa é a minha deixa— me levanto e caminho para a porta da sala.

— Marie— ele chama minha atenção e eu o olho— Não se esqueça do grau de risco dessa missão. Nos vemos daqui um ano e três meses!

Sorrio como resposta e saio da sala.

Enquanto o elevador descia, olho a polaroide de Bill Kaulitz, cabelos platinados, repleto de pircengs e tatuagens espalhados pelo seu corpo. Temos um longo caminho pela frente