CAPÍTULO 5

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CAPÍTULO 5

ROCCO LEON 

Sempre que preciso saio para espairecer na minha moto, havia algo na brisa fria da noite que centrava meus pensamentos e me deixava leve. Agora esses passeios também traziam a recordação daquele garoto. Eu sabia que ele foi uma dessas coisas boas que acontecem uma vez na vida mas que relembramos várias vezes durante o resto dela. O que sempre me fazia refletir é o porquê de algo que era para ser algo tão carnal e passageiro se transformou em uma lembrança tão marcante. Era para ser apenas sexo casual, mas a lembrança dos momentos furtivos em um beco acalentava várias noites no silêncio da casa grande na fazenda. Depois de um mês refiz os exames apenas para garantir e como imaginava, estava tudo certo. Me perguntava se ele também os fez. Rapidamente afastava esses questionamentos, a lembrança dele só era tudo isso para mim porque sou um homem solitário, então algumas coisas tendiam a ser lembranças na mente vazia de um homem velho que só tinha trabalho para lhe ocupar os pensamentos.

O que ele fazia, se era responsável ou um cabeça de vento inconsequente não é da minha conta. Ele por mais jovem que fosse é um adulto.

O bom de trabalhar com a lida da fazenda é que durante o dia não te deixa muito tempo para pensamentos idiotas criarem raízes, e a noite o cansaço te vence e assim que encosta a cabeça no travesseiro você está perdido para mundo todo. Sai algumas vezes para beber depois daquele dia mas não senti a necessidade de levar alguém para a cama. Uma bebida ou duas e estava pronto para voltar para casa. Era uma região extensa você poderia passar meses sem cruzar com a mesma pessoa, todo mundo muito ocupados com suas obrigações nas terras. E na única vez que voltei ao mesmo bar, ele não estava por lá. Mesmo que suas roupas se encaixava para pessoas da região, tinha jeito de menino criado a pão de ló, parecia esses filhos de fazendeiros que ficam na cidade e vem de vez em quando para o fim do mundo visitar a família. Não que eu tenha procurado ou reparado, apenas percebi que estava silencioso e se estava, significava que nem ele nem os amigos estavam por lá. Não voltei mais, a cabeça tem ideias bestas sozinha, e ficar frequentando lugar era fertilizar a terra para pensar demais naquela noite.

Depois de meses resolvi que era hora de sair e pegar alguém pra levar para cama, tinha limite para o uso da minha mão. E estava na hora de esmaecer a lembrança do garoto da cabeça. A porra de toda vez que eu gozava era sempre com a imagem dele curvado naquela parede ou seus gemidos na minha cabeça estava me dando nos nervos. Não sou um garotinho pra ficar romantizando uma foda. Tá certo que ele era a porra de um garoto incrível. E a lembrança dele quando eu me proporcionava prazer me fazia revirar os olhos e as pernas estremecerem com a força do orgasmo, ou que parecia que eu ainda podia sentir toda aquela carne ondulando em baixo da palma da minha mão e dedos com as estocadas que dava naquela noite. Essa não era a questão, a questão é ele ter virado presença cativa nas minhas lembranças e fantasias. Isso tinha que parar. E uma foda nova seria perfeita para substituir as memórias ou assim esperava que fosse.

Fui para o mesmo bar, essa era a primeira coisa que eu devia substituir, aquele bar tinha que deixar de ser sinônimo daquela noite.

Cheguei notando que estava mais lotado que na outra noite, cheio de caminhonetes e motos do lado de fora e o barulho chegava aqui no estacionamento. Entrei, fui direto ao balcão. Realmente estava cheio a ponto de as pessoas se esbarrarem onde fossem. Melhor assim, mais chances de achar alguém com quem terminar a noite.

Sentei esperando até ter a chance de fazer meu pedido ao barman muito atarefado. Quando finalmente consegui por minhas mãos em um copo passei a esquadrinhar o balcão e depois o bar, não dava para alcançar muito longe, as cabines mais ao fundo então, era quase impossível ver, comecei a me irritar, se não conseguisse olhar como conseguiria achar um cara como alvo para a noite?

Tuas cicatrizes minhas marcas -  (Mpreg) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora