I - A Autópsia

34 7 0
                                    

Era noite de inverno quando aconteceu, eu tinha 31 anos e trabalhava como segurança. Eu tinha que administrar um necrotério na madrugada, eu achava que seria fácil até porque: o que diabos iria acontecer em um necrotério em plena madrugada? Bem... eu achava que nada. Eu não sabia dos perigos que eu estava correndo naquela noite.

Quando eu cheguei, me deram todas as ordens necessárias para administrar aquele inferno que eu achava que era os céus . Eu não pude esquecer de levar minha bombinha de ar, asma é a pior coisa que alguém pode ter ( depois de presenças fantasmagórica ). Ás 00 : 00 foram entediantes, eu não podia fazer nada além de olhar as cameras, aqueles memes em meu celular estavam chatos e sem graça nenhuma pois eu já tinha visto todos eles tantas e tantas vezes que até eu cansei de ver.

Ás 01:00 foram quase iguais as 00:00: entediantes, nada acontecia, nada nem se mexia naqueles corredores, até alguma coisa se mexer. Simplesmente uma maca paralisada tinha se mexido, é claro que não foi muita coisa mas... eu vi! Era como se alguma coisa estivesse puxando-a mas o mais estranho era que não havia nada ali. E eu posso garantir isso, pois eu fui ver: realmente não tinha nada no corredor capaz de fazer aquela maca pouco pesada se mexer, e, aparentemente, no corredor não passava um vento tão forte a ponto de fazer mexe-la . Espera... o que uma maca estaria fazendo no corredor? Isso eu não sei responder, mas sei que aconteceu .

Ás 02:00 foi onde tudo realmente começou a acontecer. Foi em um momento onde eu estava olhando aquelas câmera entediantes que eu vi... pés ? Sim, pés. Pés deformados, com unhas quebrada, dedos roxos e inchados, como se aqueles pés tivessem sido vítimas de um acidente de carro. Na hora eu duvidei muito de minha sanidade então , para tirar a prova real, eu fui procurar os pés . E quando eu cheguei, os pés estavam lá , eu fiquei paralisado olhando para aquela "monstruosidade", eu fiquei ainda mais horrorizado quando eles começaram a caminhar. Caminhar com passos lentos, eles caminhavam para um lugar onde eu não sabia dizer. Eu suponho que... eles procuravam pernas, que procuravam um tronco, que procuravam braços , que procuravam pescoço e por fim uma cabeça... Mas de quem?

Ás 03:00 eu já não sabia mas o que era real ou o que era mentira, eu tentei ligar para minha esposa mas ela não atendia as minhas ligações naquela noite, eu avisei ao médico que estava de serviço naquela noite mas ele me chamou de louco, eu até tentei chamar a polícia mas eles acharam que era trote. Eu já não sabia mas o que fazer, ninguém acreditaria em mim se eu dissesse " Cuidado, pés estão caminhando por aí no necrotério ". Eu notei que eu tinha perdido a minha bombinha de ar, simplesmente ela tinha sumido do meu bolso, como? Eu também não faço a mínima ideia. Até que eu fui dar uma olhada nas câmeras que, agora, já não eram mais entediantes, e avistei as pernas que aqueles pés procuravam e não demorou muito para acharem o tronco.

Ás 04:00 já estava perto de meu turno ali acabar, já que ele acabava ás 06:00. Eu não tinha visto mais nenhum sinal de pés, pernas, e tronco ambulantes " talvez eles já encontraram os braços, o pescoço e a cabeça " eu pensava, o que eu não sabia era que o meu pensamento estava certo, e logo aquele suposto corpo morto iria vim atrás de mim para me matar. Eu estava vagando pelos corredores até que eu vi aquele corpo, era uma mulher e ela não parava de olhar para mim com um olhar amendrontador, nós nos encaramos por um bom tempo, o que fez com que eu lembrasse de cada traço de seu rosto. A minha teoria de suposto atropelamento tinha se confirmado: Tinha ematomas de atropelamento por todo o seu corpo.

Até que aquela " coisa " começou a andar lentamente em minha direção ainda com aquele olhar, ela estava praticamente se arrastando em minha direção e seu olhar dizia todas as atrocidades que ela faria comigo se me capturasse. A minha resposta foi se afastar lentamente, eu tentei me comunicar com ela de alguma forma mas só depois que eu fui perceber que sua boca estava costurada do pior jeito possível, o que a impossibilitava de falar. Então ela começou a andar mais rápido , e mais rápido , e mais rápido, até começar a correr lentamente , eu apontei minha arma para ela e a ameacei de atirar nela mas isso não a impediu de continuar correndo. Eu não tive outra escolha a não ser atirar... ela nem se quer correu mais devagar, ela nem se quer sangrou, aquela coisa apenas continuou a correr sem parar. Eu corri junto a ela ainda mais rápido , eu avisei a outros guardas mas era como se eles estivessem sem seus Walkie Talkies.

Eu rodeei todo aquele necrotério correndo durante um tempo, até perceber que a coisa não estava mais atrás de mim. Eu parei a minha corrida e comecei a andar " em rê ", até que ela empediu a minha caminhada e apareceu atras de mim. Ela agarrou meu pescoço fazendo com que eu me sufocasse e me jogou no chão, quando eu já estava quase sem ar... aquela criatura medonha tinha desaparecido.

Ás 06:00 eu chamei os policiais e expliquei tudo a eles mas quando eu fui mostrar as cameras de segurança... não havia nada, absolutamente nada. Aquela mulher com sinais de atropelamento era apenas uma " alucinação " minha? Eu insisti que aquilo foi real e até descrevi a mulher que estava me perseguido mas... novamente, me chamaram de louco.

C . R . Â . N . I . OOnde histórias criam vida. Descubra agora