Capítulo Único

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Oi, meu amores. Essa fic foi escrita pra um projeto incrível lá no Spirit, o @ourseas, cujo tema do ciclo atual é "E antes de 2010?", isto é, fanfics ambientadas entre os anos 70 e anos 2000. Quem tiver conta lá, dá uma olhada que as fics são impecáveis.

Agradeço à R_Mind pela betagem impecável e boa leitura 💕
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Os dedos delgados apertavam com força os botões do pequeno tamagotchi em busca da função de alimento; o barulho característico de reclamação do bichinho virtual soando mais irritante do que nunca. Quando finalmente o alimentou, Law jogou o brinquedo no balcão com brusquidão. 

Havia sido deixado como babá de um bichinho que nem era seu, como se não tivesse mais nada de importante para fazer, como cuidar do fliperama do seu pai, por exemplo, que, aliás, nem deveria estar fechado em horário de pico como naquele; e isso nem era o pior de tudo. O fato de estar plantado esperando Luffy, que estava em um encontro com outra pessoa 一 quando havia marcado de sair consigo 一, era ainda mais humilhante.

Perguntava-se em que momento foi capaz de permitir que sua vida chegasse àquele ponto, porque uma coisa era aceitar se amarrar em alguém e ela não te dar muita pelota, outra bem diferente era aceitar ficar o esperando como um energúmeno, enquanto outra pessoa o xavecava. Quer dizer, ele não disse exatamente que seria um encontro, mas acreditar que não significava um era o mesmo que tapar o sol com uma peneira.

Era custoso admitir, mas ele estava em um triângulo amoroso, um purgante triângulo amoroso. Talvez o fato da calhorda da sua tia mexeriqueira ainda tentar convencer seu pai a mandá-lo para um tratamento de "cura gay" não fosse tão louco assim.

— Tral! — E pensando no diabo, trajado com um macacão jeans, tênis e seu estimado chapéu de palha, parecendo alheio a tudo em sua volta, o próprio pintou na porta, todo animado, com uma pelúcia Parmalat em um dos braços e um refrigerante Pop laranja na mão. — Por que tá com a placa de fechado? — O garoto sorridente entrou e se aproximou de Law, sentando no balcão em um pulo e deixando o frasco de bebida vazia ao seu lado. Agora de perto, franziu o cenho, observando a cara amarrada do moreno, que o encarava de volta. — Ih, tá de bode, é?

— Depois de me deixar de molho pra ir atrás daquele punk imbecil, você ainda espera que eu te receba com um sorriso!? — exasperou, levantando-se. Sua paciência já havia se esvaído há mais de meia hora, então a cara lavada do outro, de nem lembrar que havia marcado consigo, foi o fim da picada. A vontade que tinha era de mandá-lo ir catar coquinho.

— Putz, grila. Eu esqueci! Ainda bem que eu voltei pra cá então, shishishi! — O garoto pôs a mão livre no chapéu de palha e sorriu nada arrependido. — Mas 'cê tá bolado por eu ter ido no mercado com o espetado? — Luffy parecia genuinamente confuso ao perguntar. — Ele disse que só faltava um código pra conseguir um desses bichinhos e ele sempre compra meus salgadinhos, eu não podia perder! Veio até um tazo ouro em um deles!

Só podia ser caô o que estava ouvindo. Nem havia sido trocado por outra pessoa, mas sim por comida. Uma que não valia nem um tostão furado e vinha, ainda por cima, com cheiro de bunda e com um brinquedo besta para crianças. Se já estava no fundo do poço, acabaram de jogar terra por cima.

— Você é mesmo um patife! — Por mais irritado que estivesse com ele, o sentimento que prevalecia em seu íntimo não era a raiva, e sim a frustração. Porque Luffy, além de paspalho e egoísta, não era capaz de sequer entender o que realmente estava incomodando-o — ou talvez fosse ele quem temesse a resolução que o garoto daria a sua angústia.

Dando a volta ao balcão, Law se pôs em frente ao jovem com os braços cruzados em frente ao peito. Havia se apaixonado por ele tão sorrateiramente que sua ficha só caiu quando se deu conta de tudo que se submetera, e ainda se submetia, por ele. Contudo, estava decidido em confrontá-lo e acabar de vez com aquela relação incerta entre eles, fosse para assumirem algo, ou ir embora de vez. 

(Des)complicando um triângulo amorosoOnde histórias criam vida. Descubra agora