SENTIMENTO

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Um pensamento fabuloso transpôs o quarto, pena que fez nele efêmera luz! Mariposa sedenta de amor apinha tuas forças e lança-te ao instinto. Voava tão distante a fim de tocá-la. Tola mariposa! Nada aprendeu. Por que ainda insiste em se queimar?



 Por que ainda insiste em se queimar?

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Reforço: Estava tudo um breu. Eu não conseguia enxergar nada. Podia me esforçar ao limite, e tendo-o alcançado, depreendi um pouco a respeito da cegueira.

"As coisas realmente só fazem sentido quando não escapam à percepção". – Cogitei um pouco triste, pois de nada me servia à visão. No limbo, as sensações de nada valem. Portanto, perscrutar a respeito disso é tão frutífero quanto desenhar o tempo. Sempre atribui significado à vida a partir dos sentimentos e da percepção. Tanto faz... Animal homem, ou macaco... Todos dotados de sensações. Toda a vida importa, pois todo sentimento importa...

– Uma vez conheci um homem numa dimensão muito distante dessa, e também da que lhe pertence e pertencia. Partindo da premissa de que são os sentimentos estorvo a supremacia, pôs-se o homem a expelir, pouco a pouco, todas as sensações de tua vida. Saibas tu que ele conseguiu, e o fez porque na dimensão dele faminta pantera não gosta muito de caçar. Questionei-o a respeito dos frutos que laboriosa empreitada lhe acarretou, e contou-me ele da supremacia, e como renomado economista, muito tem a que gerenciar.

– Humm... E ele ao menos se deleita dos frutos de renomado economista que muito tem a que gerenciar?

Por um instante nada ouvi, mas sentia algo... Um vazio que facilmente conseguia definir, mas que aos demais só peço que se dediquem ao imaginar...

– É ele um homem que se apartou dos sentimentos. Como poderia se deleitar?

– Então ele não aproveitou bem o tempo.

– Ele foi um grande problema, mas não o maior dentre todos os Problema-homem que conheci.

– Alguém já te surpreendeu nesse aspecto, voz que me fala?

– Certa vez, observado tudo o que há, presenciei curiosa situação numa dimensão não muito distante da que estamos agora. Era um rei que castigava severamente os súditos que ultrapassassem os limites do teu império sem a permissão que só a ele cabia conceder. Estava ele a julgar uma mulher, e outra pelo réu, em amargo pranto se consumia. O rei, imparcial, de acordo com os dogmas, ordenou que tirassem a vida da tal mulher.

– Que triste! ­– sibilei, atento ao que ouvia.

– Ao fim da jornada, a qualquer hora do dia, desse mesmo rei ouvia-se desalenta voz por todo o palácio rastejar. Clamava por Maria! A mesma Maria que ordenou que lhe tirassem a vida! A mesma Maria que o coração lhe enchia ao vê-la engatinhar. – Onde jaz Maria? ­– indagava o rei. – Digam-na que muito quero lhe abraçar. O rei, no tempo que é chegado, encontrava-se preso àquele instante que é passado, e como tal, já não o pertence mais. Pergunto-te: Vale mesmo a pena apartar-te dos sentimentos e das sensações? Quando chegares ao fim da jornada, a quem tu terás para lhe abraçar?

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⏰ Última atualização: Feb 24 ⏰

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