Capítulo Único

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( obs: o Regulus é um cara trans nessa fic. a Walburga e o Orion são mencionados e eles são pais tão terríveis quanto sempre, mas tirando menções a eles não aceitarem o Regulus, não tem nenhuma cena de transfobia e nem homofobia. o título é da música Shameful Company de Raibow Kitten Surprise )





Cada decisão tem uma consequência a ser sentida e um custo a ser pago. Ele cresceu com a arrogância juvenil de um menino-príncipe que andava pelo mundo com a certeza de que, o que quer que viesse a fazer, iria valer a pena. Não era portador de uma crença de que nunca iria errar e sim de que os seus erros iriam ser perdoados, os danos deles facilmente resolvidos, qualquer dificuldade ultrapassada com um pouco de charme, algumas piadas, muitos sorrisos confiantes. Para um garoto como ele, naturalmente bonito e simpático e inteligente de maneiras que muitos morreriam para ser, com uma personalidade fácil e encantadora, era simples pensar assim: as pessoas que o odiavam eram sempre as raras exceções e, quando se tratava de consequências, nunca tinha encontrado ninguém que insistisse em o fazer senti-las.

Jēmsa "James" Potter era, mais do que tudo, muito afortunado – em rosto, em corpo, em mente e vida e família e amigos. Para ele tudo se encaixava com perfeição. Mas se tinha um outro adjetivo que o descrevia perfeitamente, tinha que ser imprudente.

Insensato, a mãe dele de vez em quando dizia, sempre com afeição demais para o castigar por suas ações mal pensadas.

James nunca achou que iria encontrar um desafio que não iria conseguir vencer. Talvez essa fosse a "falha fatal" dele, aquele conceito que a literatura gostava tanto de impor em todos seus heróis e ele sempre achou que era presente apenas no mundo da ficção. Sua húbris grega. Sua destruição.

Se tudo valia a pena no fim, então não tinha porque ele perder tempo pensando no preço que teria que ser pago, não? Isso era para depois. Isso era mais um obstáculo fácil até demais de ser ultrapassado.

Mas ele estava errado. Nem tudo podia ser resolvido.

Algumas decisões eram simplesmente erradas.

Tão erradas, tão terríveis, que não importa o quanto ele sorrisse, adultos não tinham escolha a não ser o fazer sentir as consequências na pele, sentir no retumbar de uma vida que não era mais perfeita, não era sequer agradável. Ele podia foder tudo de tal forma, fazer algo tão ruim, que nem iria ser capaz de sorrir, não ia ter qualquer vontade de fugir da punição que sabia que merecia.

James era um menino feito de extremos. Todos sempre souberam disso. Tinha passado dezessete longos anos sem se arrepender de nada: como suas vitórias, que eram maiores do que muitos podiam sonhar em um dia alcançar, e suas qualidades, que eram tão inúmeras e gigantes, era justo que o primeiro arrependimento dele fosse tão pior do que todos os arrependimentos que uma pessoa normal iria sentir a sua vida toda.

No fim, ele descobriu o preço a ser pago.

Descobriu que o acontecimento, assim como a culpa, não iria o matar.

Só iria o seguir pelo resto da vida dele.


**


O consenso geral de todo mundo que sabia do lugar era que St. Brutus era para onde pais com mais dinheiro do que amor mandavam as crianças as quais não queriam nem ser lembrados que existiam, quem diria então ter de olhar todos os dias: lugar dos incorrigíveis, indesejados, infortunados bastardos negligenciados daquele mundo.

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