Nossa Árvore

7 Anos

Aos sete anos já sabíamos muito um do outro um exemplo disso era que com apenas um mês de amizade eu já sabia que você tinha medo de coisas novas, e com a nossa amizade ambas as familias se juntaram mais criando assim uma coisa chamada: noite em dobro
Uma vez por semana as famílias se juntavam para fazer um churrasco ou jantar e apenas comemorar o fato de estarem juntos, estudavamos na mesma sala e muitos achavam duplo sentido de nossa amizade mesmo que ambos só tivessem 7 anos de idade. Você havia decidido deixar os cabelos crescerem e admito não ter gostado a inicio da ideia, acho que já estava acostumado a te ver com as madeixas curtas . Uma coisa que não mudou junto com os anos (pelo menos até a adolescência) foi as noites em que ficávamos deitados abaixo da grande árvore, não importa se chovia ou o se o frio estivesse de lascar: podia até estar nevando mas lá estávamos nós deitados conversando sobre mil e uma coisas direfentes, era como se ali fosse o nosso templo... Nada nos incomodava quando estávamos sentados embaixo do nosso lugar e só havia nós... Nada além de nos!

- Luca?- Já disse que você só falava normal comigo? Com as outras pessoas você sempre gaguejava e batia os pés de forma frenética, mas comigo não.

- Uh? - Lembra desse som Renata? Eu só o deixava emitir com você, e apenas você o entendia.

- Acha que sou feia?

Com sete anos eu não fazia ideia de como responder sua pergunta, Mas hoje me arrependo amargamente por não ter lhe dito todos os dias como era linda.

- N-Não sei - Acho que aquela foi a única vez que me sente envergonhado com você , na verdade teve a vez do colegial mas isso é pra quando chegarmos aos 15 anos.

-Hum...

- Renata! / Luca! - A voz da Senhora Wahin (sua mãe) e de minha mãe ecoaram juntas, era sempre assim elas gritavam dia após dia às exatas nove horas para entrarmos.

......

Quando o inverno chegou sente uma imensurável vontade de brincar na neve branca. Sua mãe não te deixou sair então pela primeira vez em nossa infância bularmos as regras, O que nos rendeu uma bela e dolorosa surra lembra? Mas, ver seu sorriso enquanto dançavamos entre os flocos de neve fez valer a pena todas as chineladas.
Na manha seguinte quando fui a sua casa a sra. Wahin me disse que havia pegado uma gripe devido o frio, Nunca fiquei tão preocupado em 7 anos de vida, não sai do seu lado até melhorar e juro que quis omitir essa parte mas enquanto você dormia eu te observava pelo grande galho da nossa árvore só para ter certeza que estava bem.
Até sua gripe passar eu dormia de janela aberta pronto para salta-la quando precisasse.

- Rê? - chamei, já se fazia um mês que sua gripe passará e como de costume fui te chamar para irmos juntos a escola, como sempre me sorriu ternamente prendendo seus cabelo cor de mel com uma fita qualquer, sua semelhança com a Sra. Wahin sempre me espantou.

- Bom Dia Luca.

- Bom Dia! - Retribui o sorriso, sabe eu só sorriso com você. Fazia questão de parecer sério a outras pessoas mas a você era impossível, não conseguia conter minha felicidade em te ver.

- Renata Minha Filha... - O Sr. Wahin entrou sem bater na porta nos fitando com seus olhos rígidos, já disse que temia seu pai? - Luca, Nos temos uma porta sábia.

Foi a primeira vez que vi seu pai me sorrir, coisa que não ocorreu mais em nossa adolescência.