CAP 5

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Theo:

Um mês havia se passado,e o pai de Melina ainda não havia pagado o resgate.
Ela me fazia dar boas risadas,e ao longo das noites que passávamos na mesma choupana.. Eu a protegia, e me sentia bem perto dela.
Ela me falava da vida dela, dos planos, e eu a ouvia com fascinação. Poderia parecer loucura, e realmente era,mas eu estava me apaixonando por aquela menina.

Eu levava roupas, comida, cobertores,mas não transparecia para os caras que eu estava ajudando aquela pobre garota.
Só em ver Grafite e sua turma, ela ficava trêmula, e apavorada.

Queria tê-la conhecido em outra situação!Não assim, desse jeito! Talvez ela até estivesse gostando dos nossos momentos de descontração, mas certamente ela não iria querer nada "a mais" comigo.
Ou talvez estivesse apenas tentando ganhar a minha confiança, para puder fugir dali sem sentir nem uma gota de remorso.

Em um dia qualquer...

Eu estava dormindo, quando o esqueleto chegou batendo na porta.
Abri atordoado, e ele parecia contente.

---- Comemora,cara! O coroa pai da gatinha vai dar a grana hoje, e nois já pode soltar essa garota insuportável, em algum lugar!

---- Ai é? E que horas ele vai entregar a grana? - Pergunto.

---- Não te preocupa! O Grafite já armou todo o esquema! - Sorri sem parar.

Fiquei sem palavras! Imaginar que não teria mais a companhia de Melina, me deixava um pouco estranho.
Mas em que merda eu fui me meter? Quanta imbecilidade! Amor platônico,por uma garota que eu mesmo ajudei á sequestrar?

De qualquer forma, seria bem melhor para ela voltar para a família, e amigos.
Eu sou apenas um vagabundo, e ela é uma princesa,e merece algo bem melhor que eu.

Eu queria muito sair da criminalidade, mas eu sempre acabava voltando, por ser um caminho mais fácil.. Fácil, e tortuoso ao mesmo tempo.

Melina:
Passar as noites "trancafiada" em uma cabana com o tal carinha que eu não sabia o nome, até que não estava sendo tão ruim.

Era muito estranho, mas havíamos criado uma relação de "amizade". Ele me protegia, cuidava de mim,e pelo visto, adorava ouvir as minhas histórias. Pena que ele nunca me dizia nada sobre ele,e sua vida misteriosa.

Eu não sabia o que realmente estava acontecendo comigo, mas não era nada normal! Por incrível e bizarro que pareça, eu sentia um tipo de afeto por aquele homem.
Ás vezes ele me dava um pouco de medo, mas mesmo assim, de alguma forma, eu sabia que estava segura.

Já era tarde, e eu não nenhum tipo de som na sala da velha cabana. Fiquei deitada naquele colchão olhando para o teto, quando ele entrou no quarto (se é que pode chamar aquilo de quarto) .

---- Oi? - Diz.

---- Você? Não vinha só a noite? - Pergunto.

---- É o seguinte, teu pai pagou a grana do resgate, e eu vim te pegar. Vamos te deixar em alguma estrada,mas logo poderá voltar para a sua família.

Naquele momento dei um sorriso largo,e ele parecia um pouco desconcertado.

---- Tudo bem? - Pergunto.

---- É que eu vou sentir a sua falta. - Acaricia o meu rosto.

---- Ah, eu também! Obrigada por tudo! Vai ser o nosso segredinho. - Falo ao ouvido dele,e Sorrio aliviada.

Ele colocou algemas em meus pulsos que já estavam feridos de ficarem amarrados, deu uma pausa, e ficou me olhando.

---- Algum problema? - Pergunto um pouco tímida.

---- Só não quero esquecer do seu rosto. - Diz, se aproximando de mim aos poucos,e me beijando na boca.

---- Ai não! Pára! Não era pra isso ter acontecido! - Baixo a cabeça sem graça.

---- Eu vou mudar por você! - Diz, e me puxa para o lado de fora da cabana.

---- Que demora foi essa porra? Tava dando um "grau" na gatinha,era? - Um dos bandidos fala me pegando pelos cabelos bruscamente, e me fazendo entrar no porta malas do carro.

Como dito, me deixaram em uma estrada qualquer, e saíram em disparada no carro.
Eu não sabia onde eu estava,mas por sorte consegui uma carona, que me deixou na delegacia em que o meu pai trabalhava.

---- Pai? - Dou um grito rouco, e o abraço apertado.

---- Melina? Minha filha, como você está? Eles te machucaram? Te bateram? - Pergunta me cheirando,e beijando o meu rosto com desespero.

---- Eu estou bem,pai! Foi horrível! Me leva pra casa? - Eu não parava de chorar,e o meu pai parecia não estar acreditando.

O que eu mais queria no momento, era abraçar a minha família e esquecer de tudo o que eu tinha sofrido naquele cativeiro. Inclusive, esquecer de um tal "bandigato!".
Tudo aquilo não tinha passado de um momento de solidão,de uma loucura!

A Filha do Delegado (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora