CAP 3

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Theo:

Quem diria? Um cara com 26 anos, e que não tinha nada na vida? Após muito me culpar, e em consequência, ter uma noite mal dormida, eu decidi aceitar a proposta que o Grafite me fez.

Eu sabia que seria algo muito arriscado, mas como seria por pouco tempo, e ficaríamos em um cativeiro afastado da cidade, eu resolvi aceitar.

Com o dinheiro desse "esquema" eu compraria uma casa melhor para morar com a minha família, poderia pagar algumas contas, e quem sabe até lá, já fosse chamado para trabalhar em algum local.

Saí de casa cedo, e a minha tia ainda dormia. Falei para os caras que iria fazer o "serviço" com eles,e eles marcaram para "pergarmos" a tal Melina na saída da faculdade. Já que eles observavam a rotina da garota há alguns dias.

Eu estava um pouco nervoso,mas eu só conseguia pensar na minha tia,e na minha filha Isabella.

Melina:

Saí da faculdade um pouco mais tarde, e quando estava caminhando em direção ao ponto de táxi... Um carro vermelho parou ao meu lado, e um rapaz sorridente, me pediu informação.

Enquanto eu explicava onde ficava a rua que ele estava querendo saber, um segundo homem abriu a porta de trás do carro vagarosamente,me puxou me fazendo entrar dentro do carro, puseram um saco em minha cabeça, e me desmaiaram de forma que eu não lembro direito.
Acordei deitada em um colchão no chão, em um ambiente com pia, e vaso sanitário.

---- Meu Deus, onde eu estou? - Grito.

---- Cala a boca aí, ow! Tu foi sequestrada, e quando o teu pai pagar a fiança, nois te solta! Mas se por acaso,ele não pagar... Pode ser bem ruim pra você! - Um bandido com o rosto coberto,falava com a arma apontada para mim.

--- Ai moço, não me mata, por favor! - Eu chorava.

---- Calma! Agente não quer te fazer mal! Só precisamos do dinheiro do seu resgate, e só! - Um deles tentava me acalmar.

Era irônico, um bandido, se expressar bem daquele jeito. Tudo o que eu sentia era medo, desespero, e vontade de voltar logo para casa.
Cada segundo que eu passava ao lado daqueles bandidos, mais desesperada,eu ficava.

Theo:

Caramba! A garota que eu ajudei a sequestrar,com certeza, foi a garota mais bonita que vi em toda a minha vida! Ela estava muito assustada, e eu tentava acalmá-la,mas percebia que aquilo tudo soava de forma patética. Como um sequestrador, vai "trocar figurinhas" com a sua sequestrada?

Só após 24 horas, entramos em contato com o pai dela, e ele garantiu que nos daria o dinheiro em troca da filha dele.
Mas.. enquanto o dinheiro não aparecia.. Eu que ficaria vigiando a garota durante as noites que ela fosse ficar em cativeiro naquela choupana escura, no meio do nada, e o pior, cheia de mosquitos.

Era 23:00 horas, e a minha tia me ligava desesperadamente. Como eu não podia sair para atender, atendi o celular ali mesmo.

---- Alô? Tia? Olha, desculpa não ter avisado antes, mas eu tive que fazer uma viagem de última hora, mas logo estarei aí. A Belinha está bem? O remedinho dela tá na última gaveta. OK,boa noite.

Quando desliguei o telefone..

---- Que feio,senhor bandido! Mentindo para a família? - A garota encolhida sentada naquele colchão me afrontava.

---- Escuta aqui, garota! Tem medo de morrer não? A minha vida não é da tua conta! - Grito.

---- Tá bem,mas se você vai ficar aqui me monitorando, nós podíamos ter uma boa relação, você não acha?

Onde essa garota estava querendo chegar? Que tagarela!

---- Eu já disse, que não tenho nada pra falar contigo! - Respondo de forma grosseira.

---- Eu estou com fome. - Choraminga.

Droga! Desde que chegamos no cativeiro, essa garota não comeu nada!Pensei.
Só tinha um fogão velho, e um pacote com leite em pó em cima da mesa, então fiz um leite, pus em um copo, e coloquei para ela beber.

---- Mais que miséria! Só um copo de leite? - Vira os olhos.

---- Você já está enchendo o meu saco! Cala essa boca, e toma esse leite? - Grito, e aponto a arma que estava comigo em sua direção, lhe fazendo ficar trêmula.
Assustada, ela tomou todo o leite, e adormeceu em cima daquele colchão velho.

Peguei um cobertor que o Feijão havia levado,me aproximei dela, e a cobri.
Que garota atrevida, e linda! A sua pele era branca, tinha nariz e boca bem desenhados,olhos verdes tentadores, mas eu não estava ali para admirá-la! Eu estava ali pela minha tia, e por a minha filha.

Melina:

O dia amanheceu, e quando eu acordei e vi que ainda estava naquele cativeiro,entrei em completo desespero, e logo chegaram dois bandidos violentos me chutando, e apontando armas para mim.

Onde estaria o meu pai, que não pagava logo esse resgate? Percebi que o bandido da noite passada não estava mais ali, mas de certa forma, eu me sentia segura com ele.
Mas que merda é essa? Como vou me sentir segura,tendo ao meu lado, um bandido capaz de tudo?Eu só podia estar ficando louca mesmo.

O dia foi terrível, e a comida que eles me davam era horrível! Passar o dia sofrendo ameaças e sem saber como estava a minha família, me apavorava! Eu não conseguia parar de chorar, até que o "talzinho" lá, aparecesse.

Eu sei que ele era apenas mais um bandido, mas eu sentia algo profundo no olhar dele. De alguma forma, eu sabia que ele não estava ali por quê queria. E sim, por quê precisava! Nossa, eu realmente não estava nada legal! Vendo a alma de um criminoso,Melina? Eu me perguntava.

Ao cair da noite, ele voltou, e os outros que passaram a tarde me aterrorizando,saíram.

--- Tudo bem, aí? - Pergunta.

--- Eu estou presa em um cativeiro cheio de bandidos, longe da minha família, com medo, fome, frio, e você pergunta se tá tudo bem? Dá licença, né meu filho? - Respondo brava.

---- Eu trouxe pão, com mortadela, come aí! - Jogou um saco com os pães, e a mortadela crua em cima de mim.

---- Quanta sutileza! A sutileza de um jegue! - Falo, o fazendo gargalhar.

---- Você é engraçada. - Falou devorando um pão.

---- Ai meu Deus! Só o que me faltava! Um dos meus sequestradores, me acha engraçada? É fim dos tempos mesmo! - Grito, e acabo rindo com tanta babaquice diante da situação em que eu estava.

---- Chega de gracinha, e cala a boca, antes que eu me irrite! - Ele diz me olhando de relance.

---- Ok, vou dormir, e sonhar que o meu pai está vindo me buscar. - Falo, e começo á chorar com desespero.

Ele se aproximou de mim, enxugou as minhas lágrimas, e disse que aquilo tudo logo passaria.
Ele estava com o rosto coberto por uma meia, mas pelo pouco que consegui ver( apenas os olhos dele), ele devia ter um belo rosto.
Mas,realmente isso não vinha ao caso! Eu queria mesmo, era ao menos poder ouvir a voz do meu pai, me dizendo que pagaria o resgate,e que eu sairia logo daquele inferno.

Delegado Nestor.

Depois que a minha filha foi sequestrada, não tive mais paz! Eu não parava de pensar na minha princesinha, e o desespero atingia á todos. O meu coração de pai ficava ainda mais apertado, e á cada hora,mais preocupado eu ficava.

Os bandidos haviam pedido um resgate de 150.000 reais, e o pior de tudo,eu não tinha esse dinheiro!
O que eu faria, então? Ao contrário do que pensam, eu não sou rico.

Se por acaso eu chamasse a polícia, poderiam fazer algo de mal com ela, e se caso eu não pagasse, ela ficaria no poder dos bandidos por mais tempo ainda.

Eu,minha esposa, e meu filho Murilo estávamos desesperados, sem sabermos como conseguiríamos a quantia para o resgate de Melina.

A Filha do Delegado (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora