eight

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Chego no colégio já avistando Rafa que vem correndo até mim.

- Você tem noção do quanto eu estava preocupada? Eu te liguei e mandei mensagem inúmeras vezes.

- Desculpa, acho que meu celular tava no silencioso - ela suspira.

- Desculpa, amigo, você tá horrível. Eu nem perguntei se você tá bem, e acho que nem preciso.

-Tá tudo bem, Rafa - começamos a andar para dentro do colégio - Eu me declarei para o Pedri ontem - ela para de repente perplexa.

- O quê? - ela grita fazendo todos em volta olhar para nós - Desculpa. Mas me conta isso direito.

Conto tudo para ela. Desde a hora em que eu saí correndo da casa do Pedri até hoje de manhã. Ela me escuta com atenção, e eu agradeço a mim mesmo por não desabar no choro lembrando de tudo.

- Foi isso - concluo - Eu perdi meu melhor amigo, mas tirei um peso enorme das costas.

- Nossa, eu nem sei como você conseguiu vir pra escola hoje.

- Nem eu. Eu não sei se o Pedri contou pros amigos dele sobre isso. Talvez todo mundo já esteja sabendo que eu sou gay.

- Ele não é assim, e você sabe disso. Aliás, se todo mundo soubesse, acho que estariam olhando para você, e tá todo mundo na sua.

- Acho que você tem razão.

Chegamos perto da nossa sala e vejo Pedri com seus amigos e algumas meninas. Eles estavam rindo de alguma coisa, mas Pedri estava me encarando. A vontade de chorar chega, mas eu consigo me controlar. Eu queria evitar ele ao máximo.

Ele vem até eu e Rafa, e eu simplesmente não consigo me mover.

- Bom dia - ele diz com a voz rouca.

- Bom dia, Pedri - Rafa responde.

Ele olha para mim, talvez esperando alguma resposta. Era horrível ficar tão perto de Pedri, mesmo eu ainda amando ele. Eu sempre quis Abraçar ele para sempre, mas agora, eu só queria fugir.

Eu saio dali sem dizer nada. Me sento na frente de Victor que estava concentrado em algum livro.

- Está tudo bem? - ele pergunta e eu me viro para ele.

- Sim.

- Voce tá mentindo - ele continua lendo seu livro.

- Ta, eu não estou bem. Mas eu não quero falar disso.

Pedri entra na sala junto de Rafa. Ele se senta mais longe de mim

Durante as três primeiras aulas, ele fica me encarando toda hora. Não sei se ele quer falar comigo, ou se ele fica com pena porque não somos mais amigos. Eu aposto na segunda opção.

Quando estávamos na aula de biologia, ele me joga um papel amassado, e quando eu abro está escrito: "podemos conversar?". Sei que foi ele quem mandou, pois reconheço sua letra meio torta.

Eu ignoro totalmente o bilhete.

Agora eu estou no refeitório com Victor, Rafa, e Marina. Eu tinha contado toda a história para Victor, e também para Marina, mesmo nós não sendo muito próximos.

Eles são bem legais comigo, me dão todo o apoio que eu preciso e me fazem rir às vezes, quando Pedri não está na minha cabeça. Mas quando eu olho para a mesa onde ele está com seus amigos, a tristeza volta.

Às vezes nossos olhares se encontram. Todos os seus amigos estão rindo, menos Pedri, que está rindo apenas para não parecer triste. Essa é uma característica dele. Não mostrar que está triste. Mas eu sei que ele está triste, porque o conheço muito bem, e não posso evitar que essa tristeza é em parte, culpa minha. Culpa dessa paixão idiota.

Meu Melhor Amigo - ᴳᵃᵈʳⁱOnde histórias criam vida. Descubra agora