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Jade Baldassare

— Aliyah você veio correndo? -Perguntei para a garota que apareceu no meu quarto na velocidade da luz, fazia menos de meia hora que eu havia a chamado para sair comigo.

— Quase isso, papai me trouxe aqui! -Ela informou animada enquanto colocava sua necessaire enorme em cima da minha cama.

— Já falei que pode usar as minhas maquiagens, vai trazer esse trambolho enorme toda vez que a gente for se arrumar? -Ela revirou os olhos abrindo a bolsa mas logo interrompeu seus movimentos e me olhou com um sorriso enorme.

— Eu não faço ideia do que significa trombolho, mas... "toda vez que a gente se arrumar"? Vamos sair mais vezes juntas? -Perguntou animadíssima e eu dei risada indo até o closet.

— Sim gatinha, prometi que quando você fizesse 18 eu iria te carregar pros lugares comigo né? -Puxei a toalha do suporte e ela deu alguns pulinhos animados que me fizeram rir novamente.

Moro na casa de Mariah há mais ou menos cinco meses, a primeira pessoa que me recebeu foi Aliyah e logo fizemos amizade, porém, a garota tinha apenas 17 anos e mesmo que a maior idade na cabeça dos americanos fosse 16, que é quando eles conseguem dirigir, eu tinha na cabeça que pra mim, que sou criada no Brasil, a pessoa só atinge a maior idade aos 18.

Quando ela descobriu que eu era festeira e saia para um lugar diferente em todas as minhas folgas, logo implorou para eu leva-la junto comigo.

Falei que lavaria caso a a mãe dela deixasse, e apenas quando ela fizesse 18. Natalie deixou depois de uns dois meses de insistência da parte de Aliyah, e a entradas nas festas de universidade finalmente chegou.

— Já jantou? -Já eram quase sete da noite e os americanos tinham o costume de jantar mais cedo, então nesse horário eu já estava preparando a comida das crianças.

— Ainda não... -Fomos interrompidas por um grito agudo infantil. -Nem a Mya pelo visto.

— Vamos lá, ela deve estar arrancando os cabelos do seu irmão! -Ela concordou com os olhos levemente arregalados e fomos em direção a sala de TV no andar de baixo.

Como Mariah trabalhava até tarde e quem ficava mais tempo com as crianças era eu, ela me deu liberdade de adaptar a rotina deles. Claro que com sua supervisão.

E isso significa que agora as crianças tinham horário para tudo, incluindo acesso a telas. Mas como era sexta feira eu sempre deixava eles mais tranquilos, como agora que Markus, DJ e Cash estavam jogados no sofá jogando videogame.

— DJ, já tomou banho? -Perguntei pro garoto que me olhou rapidamente antes de bufar e negar com a cabeça.

Mya deu mais um grito estridente irritada por eu não ter a pego no colo ainda, a mini pessoa gordinha batia seus dois bonecos que estavam um em cada mãozinha com toda a força no chão.

— Termina essa partida e vai pro banho, depois é sua vez Cash Money! -Baguncei o cabelo do mais novo que deu risada e concordou com a cabeça.

Peguei Mya no colo, a pequena estava extremamente irritada pela falta de atenção vinda de seus irmãos e seu tio. Ela deitou a cabeça em meu ombro e coçou os olhos com o dorso da mão.

— Nada de dormir agora, vamos tomar um banho e comer antes. -Falei para a pequena que obviamente não entendia nem trinta por cento do que eu dizia, mas era importante ter diálogo mesmo que ela seja tão pequena.

— Quer que eu dê banho nela? -Aliyah perguntou e eu afirmei com a cabeça entregando Mya para ela.

— Não! -Mya disse aborrecida e eu nem tentei insistir, apenas aceitei que ela não iria querer tomar banho com Aliyah e a levei para o banheiro.

Dei banho na pequena que já estava ainda mais sonolenta, vesti uma roupinha quentinha já que ela dormia sem coberta e desci as escadas indo em direção a cozinha.

Não sem antes chegar se os meninos já tinham tomado banho, e sim, eles já estavam de banho tomado e seguiam jogando videogame com Markus.

Esquentei e organizei a comida dos três com Mya no colo, coloquei tudo na mesa separando mais três pratos para Aliyah e Markus e coloquei a pequena na cadeira de alimentação que ficava em cima do balcão.

— Markus e Aliyah venham colocar a comida, DJ e Cash desliguem o XBOX e venham comer! -Falei um pouco mais alto para que eles escutassem e não demoraram para sentar junto a mim e Mya.

— Jade um, posso tomar refrigerante? -Cash perguntou com um biquinho fofo.

— Amanhã vamos no Wendy's comer hambúrguer, batata e tomar refri. Hoje é suco natural ou água, tudo bem? -Eu respondi e ele deu um sorriso enorme e feliz por saber que nesse final de semana iríamos comer lanche.

As crianças sempre comeram muito bem legumes e vegetais então nunca tive dificuldade na questão da alimentação deles, mas Mariah chegou a admitir que era bem flexível e quase sempre eles comiam besteira durante a semana em alguma das refeições.

Então, eu apenas fazia trocas como essa para não ter que proibir nada e deixa-los tristes.

— Vão sair hoje? -Markus perguntou com a boca cheia e levou um tapinha na nuca de Aliyah.

— Vamos, quer ir? -Perguntei e ele negou com a cabeça.

— Deus me livre aguentar vocês duas juntas por mais tempo. -Ele debochou e eu abri a boca fingindo estar chocada.

— Fala isso mas ta aqui todo dia, né? -Defendi e ele deu risada entrando em outro assunto.

Assim que cheguei aqui e me dei conta de que eles era uma família grande já percebi automaticamente que eles viviam um na casa do outro, então mantive isso.

Mesmo ficando sozinha com as crianças, eu sempre ia para a casa de Natalie com eles ou eles vinham para cá na mesma frequência. Assim a família continuava interagindo.

— DJ e Cash, escova na boca e pijama no corpo! -Avisei quando terminamos de comer. -Vou fazer escovar as quatro unidades de dente da Mya e colocar ela pra dormir.

Eles riram do meu comentário e foram correndo pra seus quartos no andar de cima.

— Me leva em casa depois Jade um? -Markus perguntou como de costume e eu concordei com a cabeça subindo as escadas com a Jade dois.

Pelo motivo de Mya ter Jade como segundo nome, os Ortega me apelidaram de Jade um e Mya de Jade dois. Era engraçado já que quando me chamavam Mya olhava ao mesmo tempo e vice e versa.

Escovei os dentinhos de Mya que já estava derrotada de sono e deitei com ela em sua caminha, a pequena jogou sua perna gordinha em cima de mim como costume e me encarou fixamente.

— Vamos mimir vida? -Falei baixinho em português e ela me ofereceu um sorriso gostoso coçando os olhinhos.

Não existia neném mais linda que Mya no mundo, eu juro.

Em vinte minutos eu já estava ajustando a câmera da babá eletrônica para focar direito no copinho da bebê adormecida na cama.

Fui em direção ao quarto dos meninos apenas para verificar se estavam dormindo e desci para chamar Aliyah, começamos a nos arrumar para sair enquanto esperávamos Mariah e seu marido chegarem do trabalho.

Essa era a minha rotina como babá de três crianças americanas (com descendência latina) de idades totalmente diferentes. E eles terem o sobrenome Ortega, não influenciava em absolutamente nada.

Por enquanto.

Au Pair | Jenna Ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora