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Jenna Ortega

Precisei de quase uma hora para me acalmar, colocar meus pensamentos e sentimentos no lugar e procurar uma solução sem enfiar tanto empecilho ao ponto de surtar novamente.

Wednesday estourou.

Foi simplesmente o meu trabalho de mais destaque depois de Stuck In The Middle e a diferença de tempo entre um trabalho e outro era enorme, ou seja, grande impacto na minha vida e na minha carreira.

Eu jamais diria que me arrependo de ter feito a série, mesmo com pontos que me incomodavam eu estava extremamente feliz por todo o resultado do meu trabalho e esforço recorrente dos longos meses de gravação e preparo.

Porém, é claro que o lado negativo estava me afetando e eu de maneira alguma conseguia ignorar isso.

Tudo isso eu já vi antes, todo o hate, comentário e suposição era conhecida. Eu já vivi isso, mesmo que com menos intensidade.

Mas agora parecia mil vezes pior, estava por todo lado e eu não conseguia controlar com uma nota de esclarecimento ou simplesmente uma foto no feed para desviar a atenção.

Eu não tinha feito absolutamente nada de errado, nada que me fizesse merecer comentários sobre minha aparência, atuação, assédio ou toda essa merda.

— Amor? - Eu clamei no meio do choro quando Jade atendeu a ligação.

Contrariando meus pensamentos, Jade não me ignorou como eu merecia por ter descontado meu surto em cima dela sem querer.

Ela me atendeu no primeiro toque.

— Oi? - Ela simplesmente me cumprimentou, como se eu não tivesse batido a porta do carro em sua cara e gritado com ela há menos de duas horas. - Está mais calma?

— Acho que sim, não sei. - Me embolei em explicar enquanto fungava e tentava não berrar como um bebê.

— Liga para a sua psicóloga. - Não pareceu um pedido, ela disse firme de mais para ser, mas Jade nunca me obrigaria a nada então tomei como um.

Como diabos ela sabia que eu tinha uma psicóloga?

— Jenna, você trabalha com sua imagem desde  criança. - Ela explicou quando percebeu meu silêncio repentino. - É lógico que você tem uma psicóloga, mesmo que ignore a existência dela.

Oh, tinha isso.

— Não me chama de Jenna. - Resmunguei genuinamente incomodada.

Os pensamentos intrusivos me rondavam mas como eu estava mais apaixonada do que meu cérebro conseguia distinguir, acabei me preocupando mais em perder minha namorada do que toda a merda que me rondava.

E eu nem sei se isso é saudável.

— Liga pra ela e desabafa tudo o que tem dentro de você. Acho que vai te fazer bem. - Ela me ignorou e continuou falando. - É só um conselho, se quiser falar com sua mãe, ou se resolver sozinha ou apenas não resolver é a sua escolha.

Não consegui responder, acho que eu não tinha consulta com minha psicóloga desde... eu realmente não sei, faz tempo de mais! É realmente capaz de ela nem se lembrar que sou sua paciente.

— Vou desligar, tudo bem? - Ela me chamou à atenção.

— Não desliga - Praticamente choraminguei, além de me sentir bem escutando sua voz isso adiava o lance da psicóloga.

— Preciso pensar um pouco. - Ela disse ainda muito calma. - Vou voltar a estudar e quando você se sentir bem o suficiente é só me ligar, a gente se resolve depois.

— Você ainda me ama? - Perguntei com medo da resposta.

Escutei uma risada abafada, incrédula.

— É claro que eu te amo! - Ela disse como se eu fosse muito idiota e agora eu realmente me sentia assim. - Vai ficar tudo bem com a gente, ok? Sempre vai. Mas agora você precisa pensar em você.

— Ok. - E ela desligou.

Não se despediu como normalmente faz, apenas desligou.

[...]

Desidratada de tanto chorar, prints e provas para boletins de ocorrência na galeria do meu celular, dia e hora marcada duas vezes na semana para sessão com a psicóloga e uma com a terapeuta e uma conta no Twitter excluída foram resultados das últimas horas.

No começo eu estava tímida, parecia que era a minha primeira vez falando com Leyla e não a vigésima. Ela era um doce de pessoa e se mostrou tão feliz por eu ter retornado com as sessões que me encorajou a soltar tudo o que tinha dentro de mim.

A coitada ficou levemente assustada com o tanto de informações de uma vez que eu joguei sobre ela, mas pareceu solicita em me fazer achar uma solução e me entender.

Eu realmente não me lembrava de o quanto era bom conversar com alguém tão abertamente e com a segurança de que além de não me julgar, a pessoa tinha formação acadêmica para me ajudar a resolver meus problemas sem implantar sua opinião ou crença em cima da minha.

Eu tirei um peso gigantesco dos ombros.

É claro que eu ainda tinha muitos assuntos para resolver, e também algumas coisas que não iam deixar de martelar na minha cabeça tão cedo, mas mesmo assim, Leyla me fez enxergar em quem eu deveria focar e escutar.

Minha mãe me ligou alguns minutos depois que a sessão acabou e eu desabafei com ela também, não do mesmo jeito, mas eu estava feliz por ter ela do meu lado e por poder compartilhar algumas coisas também.

Ela me escutou e eu a escutei.

— Boa noite! - Cumprimentei Mariah que abriu a porta para mim, essa estava com DJ ao seu lado que tagarelava benefícios de algum brinquedo que ele queria.

— Oi Jen, boa noite. - Ela beijou minha testa.

— Nana, já viu o novo Jenga? - DJ me perguntou mudando totalmente o assunto.

— Já sim, vou comprar para a gente jogar com seus irmãos e seus tios. - Baguncei seu cabelo ganhando um sorriso.

Entramos e nos espalhamos no sofá, conversei um pouco com Mariah e DJ, já era tarde da noite e só os dois pareciam estar acordados. Logo meu sobrinho mais velho se despediu quando minha irmã o mandou para cama e ficamos apenas nós duas.

— Vai dormir com a Jade? - Ela perguntou bloqueando o celular.

Eu tinha acabado de enviar todos os prints das paginas e contas das pessoas malditas que fizeram montagens minhas, decidi junto com Laiz que era o melhor a se fazer e prometi tentar não remoer o assunto, espero conseguir.

— Ou eu durmo com ela, ou eu não durmo. - Eu fui realmente sincera, mas ela não acreditou e deu risada.

— Bom, vai ter que dividir a cama com o Cash que está esparramado do lado dela desde que percebeu que vocês não saíram. - Disse enquanto se levantava, parecia cansada.

— Qual é a dele, hein? - Questionei no meio de uma risada.

— Dependendo do dia, manha mas ultimamente é ciúmes. - Mariah torceu a boca divertida antes de me segurar pelos ombros. - Vamos resolver aquela questão, ok? Fica tranquila irmãzinha.

E como se eu tivesse cinco anos, ela bagunçou meu cabelo tirando tudo do lugar.

heyy, como estão?
ultimamente ando boazinha e depois de xingamentos e ameaças nos comentários, resolvi soltar essa pra vocês! se tudo correr bem ainda teremos mais capítulos hoje mesmo, aproveitem.
com amor, venus <3

Au Pair | Jenna Ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora