Prólogo

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"Se um dia olhar para a enseada, e ouvir uma canção.

A canção do mar que chama, que seduz até o mais forte dos homens.

Corra, tampe os olhos e os ouvidos, e vá para longe da praia.

Pois uma vez que olhar o povo do mar nos olhos, já não se pode mais voltar atrás.

Eles vão levá-la, para dentro d'água, lhe mostraram maravilhas, lhe cantaram cânticos.

E quando menos esperar, já estará se afogando.

Riram de seu medo, de seu desespero.

Pois o povo do mar, criados pelas marés

Já não sabe mais o que é compaixão.

Não se emocione com suas palavras

Pois o povo do mar não aprendeu a amar.

São palavras ao vento, esperando, ansiando.

Pelo próximo humano que iram afogar.

Pelo próximo tributo que darão para o Mar."

Esta era a canção que Madeline cantava enquanto observava sua cidade natal afastar-se ao longe, sentada à margem da popa do barco pirata "Cisne Negro" do capitão Alistair Rivers.

-Está chorando. Constatou o próprio capitão ao seu lado. Havia deixado o leme com algum tripulante e agora firmava as mãos na beirada ao lado de onde Maddie estava sentada.

Ela secou as lagrimas que notara escorrer pelo rosto e observou o homem ao seu lado. A cicatriz que atravessava seu rosto até o ombro à mostra, o que o deixaria assutador para uma mocinha da idade dela. Mas o que era pele cicatrizada diante do pavor que tinha sofrido?

-Se arrepende? Perguntou ele, sorrindo gatuno, tentando ler a jovem de doze anos à sua frente, os cachos castanhos da jovem voando em seu rosto devido ao vento.

Maddie era um enigma para Rivers. A jovem entrara escondida em seu barco e então o convencera de levá-la junto para o mar após uma pequena demonstração de tiros, mostrando-se com uma pontaria que invejava seu melhor atirador, mas nenhuma garota, com tenra idade e gentileza sem fim, seguiria a vida de cão dos mares na qual ele tinha escolhido, mesmo tendo começado na pirataria com a mesma idade da jovem. Ele a observou mais um pouco, até que ele viu algo brilhar naqueles olhos esverdeados.

-Não. Declarou, a expressão séria demais para alguém da sua idade. Rivers riu da reação da criança deixando-a confusa. Colocou seu chapéu sobre ela e declarou, voltando ao leme:

-Então bem-vinda ao Cisne Negro, Madeline!

A Canção do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora