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*Obrigada pelo feedback pessoal, vocês são incríveis! O ultimo cap sai amanhã*

Sentada na mesa e encarando seu cunhado, Irene de repente perdeu as palavras. Não sabia por onde começar. Ela sabia que se dissesse a ele simplesmente que Agatha poderia estar viva, ele teria um choque, então ela teria que começar do começo.

"Então Ademir... houve um novo "desenvolvimento" em relação a Agatha" - disse Irene um pouco sem graça.

"Só podia ser pra você estar na minha porta essa hora"

"Vai me tripudiar agora Ademir? Sabia que não deveria ter vindo aqui" - Se levantou pronta para ir embora.

"Calma, calma Irene. Senta aí e me conta desde o início essa história"

Resolvendo dar uma chance, ela se sentou e começou a contar. Passou por tudo, desde o caixão vazio, a descoberta de que Agatha teria se envolvido com outra pessoa e a sede de Antônio por encontrá-la, talvez viva ou o que teria acontecido com ela. Enquanto Irene cuspia toda a história, Ademir ouvia atentamente e se assustava cada vez mais com as descobertas. Agora ele entendia porque de todos os lugares que Irene poderia estar, ela veio parar na porta dele. Embora hoje eles não se dessem bem, no início do relacionamento deles, Ademir sempre gostou de ouvi-la falar e mesmo quando ele e Antônio começaram a disputar a atenção de Irene, toda vez que ela precisava conversar era pra ele que ela se voltava, além de Ademir ter conhecido Agatha e saber um pouco sobre o que ela fez e porque fez ele também conhecia Irene, mais do que podia admitir.

Desde que Irene decidiu se casar com Antônio, Ademir achou prudente se afastar. Ele sempre gostou muito dela, mas precisou lidar com o fato de que ele não era a primeira escolha dela como ela era a sua. Engraçado pensar que a vida dele tinha sido igualzinha à dele, com a única diferença de que ele não havia se casado. Irene viveu uma vida sendo a segunda escolha de alguém, sim, era involuntariamente pois Agatha na teoria estava morta, mas ele sabia e ela também onde se encontrava o coração de Antônio, e muitas vezes não era com Irene.

Por muitos anos ele passou a esconder os sentimentos que tinha por ela, era melhor assim, por mais que seu irmão não teria a mesma compaixão com ele se Irene o tivesse escolhido, Ademir se orgulhava de tentar o seu melhor para deixar a mulher seguir sua vida, mas ele não pôde deixar de pensar que ela estar na sua porta depois de tantos anos talvez seja um sinal. Um sinal de que ela se cansou de ser segunda opção, um sinal de que talvez, lá no fundo, ele ainda tivesse uma pequena chance.

Irene reparou que enquanto falava, Ademir não disse nada, apenas a olhava com uma cara admirada. Ela não queria que ele confundisse as coisas e lá no fundo ela começou a se arrepender de ter ido lá em primeiro lugar, mas como quem está na chuva já se molha mesmo, ela ignorou.

"É Irene... tudo isso é surpreendente e bem complicado. O Antônio estar obcecado por descobrir o que aconteceu pode ser perigoso. Honestamente, a Agatha nunca foi flor que se cheire, tudo isso é esquisito demais"

"Ademir, você podia tentar falar com o Antônio né? Colocar algum juízo nele, não quero que aconteça nada"

"Irene, você já viu o Antônio ouvir alguém? Sinceramente ele só vai aprender quando descobrir o que não quer, você o conhece muito bem pra fazer esse tipo de pergunta"

"Você tem razão. Eu só me sinto muito fora de controle. Ele sempre foi distante mas agora parece estar cada vez mais. Muita coisa mudou nesse curto período de tempo eu só tenho medo dele desistir de tudo que construímos juntos. A Petra e o Daniel estão prontos pra assumirem os negócios, não dá pra tudo ruir agora"

"Irene, você precisa parar de pensar nessa maldita sucessão! Realmente, o melhor pra você seria o Antônio te deixar. Para de se rebaixar, estar feliz em ser segunda opção da vida dele quando poderia ser a primeira de outra pessoa."

"Primeira opção de quem Ademir? Com o meu passado, só me resta aceitar o que recebo hoje. Não são muitas pessoas que aceitariam estar ao meu lado" - disse ela mais melancólica do que raivosa

"Irene, você poderia ter sido a MINHA primeira opção. Eu estava pronto pra te escolher, ter você na minha vida pra sempre, mas sua covardia te impediu" - proferiu Ademir sem fôlego, enquanto levantava e chegava perto de Irene para beijá-la sem dar a ela tempo para reagir

Assim que Irene sentiu os lábios de Ademir tocar os seus, ela congelou por um momento, pesando suas opções. Ela podia se entregar ali, esquecer Antônio que provavelmente nem estaria pensando nela a essa altura do campeonato, mas ela sabia que no fundo, quem ela gostaria que estivesse lá era o marido dela. Não era justo com Antônio, mesmo com todos os defeitos dele, ser traído. Machucar alguém porque você está machucado não te faz melhor, apenas ingênuo por achar que seria uma resolução.

Com isso em mente, Irene se afastou. Ademir a olhava como se ela tivesse cometido um crime escolhendo um homem que não a tinha como prioridade para priorizar, mas ela não podia ter feito diferente. Mesmo no passado, escolher Ademir seria ir contra a si mesma. Ele era uma boa pessoa, mas Irene sabia que amava Antônio e não Ademir.

"Ademir, isso foi... isso passou dos limites. Eu não deveria estar aqui, você sabe como é seu irmão, as coisas não vão ser boas quando ele descobrir, eu preciso ir" disse Irene já se levantando e pegando suas coisas, não querendo passar mais um minuto lá.

"Quando ele descobrir? Irene, você não está realmente pensando em contar pra ele, está? Comece a se valorizar uma vez na vida, vai me dizer que você não gostou?" disse ele insinuativo

"Nunca foi sobre isso Ademir. O fato é que Antônio pode fazer tudo errado, eu até não cumprir o compromisso que fez comigo no nosso casamento. A questão é que EU cumpro e penso em mim, não apenas nele. Vir aqui foi um erro, preciso ir"

Com isso, Irene correu até o carro na chuva pra ir embora. Ao entrar, ela não sabia o que fazer. A confissão de Ademir a atingiu como um trem de carga. Ela sabia dos sentimentos dele no passado, mas saber que ele ainda tinha essa opinião a surpreendeu, ela acreditava que o sentimento atual dele seria mais voltado pra raiva do que ainda ter sentimentos românticos. O fato dele tentar beijá-la a deixou enojada. Ela precisava ir pra casa descansar e pensar no que fazer.

Chegando em casa, Irene não acreditava no que estava vendo. O carro de Antônio estava lá, o que significava que ele estava em casa. De todos os dias que ele ficou no escritório, hoje era o dia que ele voltava pra casa, Irene realmente achava que não era uma pessoa de sorte nesse momento. Resignada a aceitar seu destino, ela correu pra casa pensando em tentar evitá-lo pelo menos até o momento do banho, mas novamente o destino não se provou amigo de Irene e enquanto ela entrava na casa, toda molhada pela chuva, a pessoa que ele esperava não ver, foi a primeira que ela encontrou.

"Irene? Onde você tava? To aqui faz tempo te esperando e você tá toda molhada"

"Eu...é...eu tava... eu fui....nacasadoademir" disse Irene tentando passar por ele pra tentar pelo menos tomar um banho antes dessa briga pronta pra acontecer.

"Você certamente não disse casa do Ademir né? Porque diabos você foi lá sabendo que eu odeio quando você fica sozinha com ele???" esbravejou Antônio

"Antônio, eu realmente não entendo. Você saiu de casa ontem, passou o tempo inteiro fora, não me dá satisfação de onde vai nem o que vai fazer, e espera que eu esteja sempre aqui pra te receber? Eu não tenho sangue de barata Antônio!"

"Para de fugir do assunto? O que estava fazendo no Ademir? Eu voltei porque passei o dia chateado por brigar com você ontem, queria me desculpar mas certamente não preciso mais!"

"Não precisa mais? Realmente, o Ademir estava certo. Não sei porque ainda tento com você, ainda me sacrifico por você e espero o seu melhor quando nem você quer ser melhor! Eu devia tê-lo escolhido quando tive a chance. Sabia que ele tentou me beijar hoje? Eu o impedi por pensar que você não merecia isso, mas agora quase me arrependo!" uma Irene furiosa, aproveitando o silêncio do marido atônito conseguiu passar por ele e subir as escadas pro quarto, querendo o tão desesperado banho

"Ademir tava certo? Calma você falou que ele fez O QUÊ? Irene volta aqui agora!" Antônio saiu correndo atrás dela, querendo saber do que diabos ela estava falando.

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