Décimo Nono: Rendez-Vous

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SEXTA-FEIRA



N A Y





Quando eu comecei a estudar francês, uma palavra em particular me chamou muito a atenção: rendez-vous. Não porque era complexa, mas por conta da facilidade que as pessoas adaptavam para coisas que não necessariamente significavam o que era.

Traduzida literalmente, rendez-vous seria encontro. Mas lembro da minha professora falando "não é só encontro, Nay, é compromisso. Compromisso!".

Olho para o anel lindíssimo no meu dedo anelar esquerdo e sinto o corpo esquentando.

- Nay Oliveira!

Escuto o médico chamando meu nome e me trazendo para a realidade, mas Daryl levanta ainda mais rápido e se vira para mim, como se eu ainda estivesse mal, me ajudando a levantar. Era fofo!

Hoje fazia os trinta dias pós alta e eu estava ótima. Perfeita!

Depois dos cumprimentos iniciais, e dele analisar os meus últimos exames, o médico diz:

- Você está bem! Pode voltar para os exercícios físicos, mas nada sem impacto. Está oficialmente curada, srta!

Por dentro me sinto exultante e seguro a mão de Daryl empolgada! Em minutos já estamos dentro do carro, voltando para a casa dele. Desde que saímos da sala, ele está quieto!

- Está tudo bem?

- Hoje faz os trinta dias.

- Sim, essa consulta foi a minha alta oficial, já falamos disso.

- Você vai embora?

Ele pergunta seco, e eu olho para o seu rosto por um minuto, antes de responder:

- Você quer que eu vá?

- Não. Eu quero que você nunca mais vá!

- Então é só pedir!

- Fique!

Ele diz isso enquanto dirige, mas mesmo concentrado no trânsito, eu sinto a importância destas palavras.

De novo, a palavra rendez-vous me toma. O anel no meu dedo estava ali para estampar o nosso compromisso.

- Ok, Daryl.








****

S Á B A D O


D A R Y L





- Porque você chamou todo mundo?

Nay está andando de um lado para o outro no meu quarto, irritada. Eu tento parecer o mais calmo possível:

- É sábado, está calor, todos estavam se oferecendo para vir para cá de qualquer forma!

- E você vai explicar como, que ainda estou aqui?

Encaro-a: Nay estava usando o anel apenas escondida, pendurado num colar num pescoço. Menos quando estávamos os dois no quarto que eu fazia questão que ela o colocasse no dedo.

- Está na hora.

- Daryl!

Ela reclama e faz bico, e eu entendo. Nunca tivemos tanta paz, tanta tranquilidade! Nosso relacionamento estava perfeito!

Vou até ela e sento na beirada da cama.

- Nós precisamos passar por isso!

- Prefiro fugir, casar em algum lugar distante e nunca mais voltar!

Rei do BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora