1-O início de uma Paixão

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Essa historia não é minha mais gostei muito e gostaria que vocês também gostassem! Ela pertence ao "kherr", que foi postado em outro site foi um sucesso!!!



Cilada de uma paixão adolescente

Recebi a notícia com espanto durante o jantar no sábado à noite. Talvez pela maneira como me foi comunicada, mais do que propriamente pela surpresa. A voz do meu pai era serena e não tinha nenhuma emoção.

- Sua mãe e eu vamos nos separar. – disse, antes de colocar uma generosa garfada do filé de badejo na boca, e continuar sua refeição como se estivesse me dizendo que ia trocar de carro ou que iria mandar pintar a casa. – Você pode decidir com quem quer morar. Só vamos efetivar as coisas dentro de seis semanas. – acrescentou, olhando de relance para minha mãe, como que pedindo para que ela se manifestasse.

- Sim querido. Deixamos essa decisão por sua conta, afinal você já está grandinho para fazer suas escolhas. – sentenciou minha mãe, com a mesma frieza que usaria para me dizer que estava mudando a decoração da sala.

- É claro que você terá seu quarto conforme seu gosto na casa de cada um de nós, e ela também será toda sua como é agora. – elucidou meu pai, como se isso me deixasse mais à vontade.

Eles tinham essa capacidade de serem práticos. Acho que desenvolveram esse talento durante a formação de suas carreiras bem sucedidas. Ele como alto executivo de uma multinacional para a América Latina e, ela como sócia executiva de um escritório de advocacia internacional. A casa, e talvez até eu, éramos um apêndice de suas carreiras e, seguramente, não tínhamos um papel primordial.

Não houve brigas ou desavenças. Não houve discussões acaloradas, isso era coisa de gente medíocre e passional. Houve um acordo tácito, de senso comum, tal como uma transação ou uma fusão a que estavam habituados no seu cotidiano atarefado. Daí essa aparente tranquilidade toda. Na cabeça deles, definitivamente, esse não era um assunto para se perder tempo ou dispender energias desnecessárias.

Apesar de a Dalva ter se esmerado no preparo do meu prato favorito, e dado seu toque certeiro ao badejo a provençal, meu apetite se perdeu no meio do turbilhão de pensamentos que passou a ocupar minha mente, depois dessa revelação. Eu não sabia dizer como estava me sentindo. Não fora uma surpresa, afinal o fato do meu pai não ter compartilhado as últimas férias conosco na viagem à Turquia e Grécia, já era um prenúncio do que estavam me contando agora. Pois até então, nossas viagens de férias sempre foram uma distração benvinda e reconfortante no meio daqueles assuntos áridos de suas profissões. Depois foram aqueles silêncios prolongados e torturantes que marcavam os momentos em que precisavam compartilhar algum encontro familiar ou uma atividade na qual precisavam demonstrar que faziam um casal a ser invejado.

Tratei de encarar o assunto com a mesma serenidade que eles, embora estivesse me remoendo por dentro. Inseguro quanto ao futuro. Arrasado, pelo fim da relação deles e, por conseguinte, do que eu entendia ser o meu lar. Puto, por estar sendo tratado como parte dos bens que eles agora estavam dividindo numa harmonia desconcertante.

As obras de arte da sala de jantar ficam comigo, eu esperei por aquele leilão em Londres por meses. O Jaguar Roadster E type fica obviamente comigo, você nem saberia usufruir desse clássico. Aquela cômoda francesa do século XVII do hall foi presente da minha irmã e eu adoraria ficar com ela. Seguramente, mas a prataria e as louças alemãs não são algo que um homem saiba apreciar com a mesma eloquência que uma mulher. E, bem, o Luke, deixemos que ele escolha com quem quer morar. Merda! Era isso que eu era, um mero bem da partilha. Um sentimento de raiva se apoderou de mim.

Cilada de uma paixão Adolescente-1° LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora