Meu amor, fera

♡CAPÍTULO 04♡

Era noite, Minho decidiu deixar o quarto onde estava para conhecer melhor o castelo, sim, já havia visto praticamente tudo, mas queria fazer isso sozinho, analisar cada detalhe. Andou pelos corredores se impressionando a cada passo que dava, era um lugar realmente muito bonito.

Avistou uma porta aberta quase no final do corredor onde estava, se aproximou olhando para o lado de dentro, Felix lia alguma coisa com uma concentração imensa. Minho observou o lugar, era uma biblioteca, mas, uma enorme, seus olhos brilharam ao ver tantos livros ali.

O loiro desviou seus olhos do livro em suas mãos os levando até o moreno, Minho se assustou ficando parado e em silêncio, Felix voltou sua atenção ao livro novamente, Minho suspirou, logo a voz grave do loiro se fez presente.

— Vai continuar parado?— O moreno prendeu sua respiração, Felix o olhou novamente.— Entre de uma vez.

Minho ficou surpreso, adentrou o lugar em passos lentos, Felix riu fraco e discreto, o moreno passou seus olhos por todo o lugar realmente encantado.

— Você gosta de livros?

— Sim… Amo.— Felix encarou o moreno por longos segundos, Minho sentiu seu rosto esquentar o virando para um lado oposto.— D-Desculpa por ontem… Eu não sabia que iria ficar tão chateado.

— Se uma coisa é proibida, é porque ninguém pode ir até ela, ou ter ela.

— Eu sei, me desculpa. Mesmo…

— Tudo bem. Mas, que não se repita.— Minho assentiu rapidamente, Felix deixou um pequeno sorriso escapar de seus lábios, Minho arregalou seus olhos não conseguindo conter o seu.

— Felix… Por quê não sorri mais vezes?— O loiro encarou o mais velho por longos segundos.

— Não tenho motivos para isso.

— É claro que tem, você pode não perceber, mas tem pessoas ao seu redor que o ama.

— A culpa deles estarem desse jeito, é minha, então, não vejo porquê sorri diante disso tudo.

— Pode mudar isso se quiser…— Felix olhou para Minho arqueando uma de suas sombrancelhas.— Posso… Posso ajudá-lo se me permitir.

— Ajudar? Você não pode me ajudar.

— Posso! Por favor, ao menos… Ao menos me deixa tentar. Eu sei que pode ser feliz de novo Felix, por favor, me deixa te dar essa felicidade.

Minho fitou os olhos claros em sua frente, observando um pequeno e rápido brilho refletir neles. Felix voltou sua atenção ao livro em suas mãos.

— Não me decepcione.— A voz dele saiu baixa, mas Minho pôde ouvi-la. Sorriu grande assentindo para si mesmo.

— Pode deixar…

[...]

— Para onde está me levando?— Felix questionava enquanto era guiado pelo mais velho para algum lugar, este que tinha suas mãos encobrindo os olhos do loiro, com um sorriso brincando em seus lábios.

— Não seja tão impaciente. Prontinho, chegamos.— Minho retirou suas mãos, revelando ao Lee mais novo um pequeno piquenique sobre a neve, havia ficado bonito, esperava que Felix gostasse também.— Eu… Não sabia o que fazer, então…

Felix nada disse, mas seus olhos emitiram um leve brilho, seus lábios tentando se curvar em um sorriso, mas foi contido.

— Diz alguma coisa!

— Não tenho o que dizer.— Minho cruzou os braços, incrédulo.

— É sério? Me diz se você gostou ou não.

— Eu gostei pirralho. Satisfeito?

— Pirralho? Sou mais velho que você, tenho certeza disso!

— Mas é tão dramático. Ou seja, pirralho.

Minho formou um pequeno biquinho em seus lábios, tirando um baixo riso do loiro.

— Não podemos ficar aqui fora por tanto tempo, você vai acabar ficando resfriado. Então vamos logo com isso.

Minho sorriu, pondo-se a sentar-se sob o lençol quadriculado em tons de branco e azul, observando Felix o acompanhar no ato, sentando em sua frente.

— Eu posso fazer algumas perguntas, Felix?— O loiro apenas assentiu, sabendo que Minho iria perguntar do mesmo jeito, caso dissesse que não.— Por que nunca tentou encontrar alguém?

— É sério isso?— O olhar que lhe foi lançado, fez Minho pensar em sua pergunta, parecia que era algo louco de se dizer para Felix.— Olhe bem para mim, Lee Minho, acha que alguém em sã consciência iria me querer?

— Eu não vejo problema algum em você, Lix.— Felix franziu o cenho.

— Lix? Desde quando lhe dei essa intimidade?

— Oh… Desculpa.. Deveria ter perguntado antes se poderia o chamar assim. Eu não chamo mais, prometo.— Felix riu soprado, obtendo o olhar do moreno para si de imediato.— O que foi?

— Nada. Pode me chamar como quiser, pirralho.

— Não vai parar de me chamar assim, não é?

— Não.— Minho bufou levemente irritado, mas contente por estar ao menos, tirando pequenos sorrisos e risos do loiro.

— Você gosta de sorvete? Eu mesmo quem fiz.

Felix olhou o mais velho servir o doce, sempre com um sorriso em seu rosto enquanto falava um monte, não estava realmente prestando atenção nas palavras dele, seu olhar estava preso nos traços delicados, suaves, que deixavam o Lee mais velho lindo da maneira dele. Os olhos afiados de um felino foi o que lhe chamou atenção, além do sorriso que Felix jurava ser o mais lindo que já havia passado por seu olhar.

O loiro não conhecia muito bem o sentimento de uma paixão, mas sabia que não era isso o que sentia por Minho, afinal havia se passado muito pouco tempo que ele estava ali, ainda não era o suficiente. Mas não podia negar que sentia-se atraído pelo moreno, ele era lindo, além de atencioso. Felix gostava disso.

— Não me olhe tanto assim…— Minho sentia suas bochechas queimarem, não sabia como reagir aos olhares do loiro, eram muito intensos para sua pessoa.

— Desculpe. Minho, posso lhe uma pergunta?

— Claro. O que quiser saber.

— Você namora?— Minho parou seus movimentos por alguns curtos segundos, negando ao entregar o sorvete ao Lee mais novo.— Por quê?

— Não encontrei a pessoa certa ainda. E também, as pessoas daquele vilarejo meio que não fazem o meu tipo, sabe?

— E qual é o seu tipo?

— Ah… Não sei, alguém que compartilhe um pouco dos mesmos gostos que eu, que seja respeitoso, gentil, e que respeite os meus limites e escolhas. Não quero ficar amarrado a um sentimento, ou dependendo de alguém.

— Entendi. Você é adorável, mas tem uma personalidade forte.

— Me acha adorável?— Felix não respondeu, mas não precisava, Minho sorriu assentindo para si mesmo.— Por que está me fazendo todas essas perguntas?

— Curiosidade.

— De qualquer forma, não acho que iria encontrar alguém desse jeito. O vilarejo é bem pequeno, e eu conheço todos os habitantes dele. E nenhum despertou o meu interesse. Bom, mas não preciso ficar pensando nisso, até porque, prometi que iria te ajudar, e é isso o que vou fazer. Preciso focar cem porcento nisso!

Felix sorriu mesmo que involuntariamente, não admitiria em voz alta, mas não queria que Minho fosse embora, estava começando a se acostumar com a presença dele naquele lugar antes solitário, e silencioso de mais.

— Obrigado.

— Não me agradeça, quero que volte a ser quem era antes. E que sorria mais vezes. É bonito vê-lo sorrir.— Felix sentiu-se corar levemente, pigarreando para tentar disfarçar seu estado.

— De qualquer forma. Obrigado, pirralho.

Minho novamente sorriu, estava começando a gostar do apelido lhe dado.