Barty aprendeu desde cedo que ninguém tinha um gancho de direita como seu pai. Dos oito aos doze anos, Barty teve machucados o suficiente para cobrir seu rosto inteiro neles, cortes em suas bochechas e nas sobrancelhas, pingando em sangue, hematomas colorindo sua pele em roxo e vermelho vivo, tivesse o tempo não os curado. Aos treze anos, Barty tinha experimentado mais machucados do que qualquer criança em sua idade deveria. Seu nariz quebrou tantas vezes que ele achava que nunca se recuperaria, mas sua mãe sempre o ajeitava. Mãos milagrosas, ele costumava brincar.
As de Madame Pomfrey são quase tão boas. Aprenderiam com o tempo e a experiência, como encostar em crianças como Barty sem que elas recuassem. Por ora, Barty ainda se encolhe.
Assim que Madame Pomfrey libera visitas para a ala hospitalar, Evan e Regulus são os primeiros a correr até lá, preocupados, se aproximando da cama onde Barty se encontrava sentado, um pacote de gelo pressionado na bochecha inchada, onde uma ferida, à par da de Evan, agora se encontrara. Precisava admitir, Mulciber tinha um belo gancho de direita.
- No que estava pensando, Barty? - Regulus é quem quebra o silêncio que havia se instalado no ambiente. - Não tinha chance de ganhar contra ele!
- Não diga, Black. - ele solta uma risada fraca, fazendo uma careta quando sua bochecha se movimenta com o gesto.
- Madame Pomfrey não consegue dar um jeito nisso? Não- Não precisava ter feito aquilo, sabe? - Evan perguntou, os olhos fixos no chão, como se, de repente, o piso quadriculado do lugar fosse a coisa mais interessante ali. Barty pousou o olhar no garoto aos seus pés, levando levemente a mão até seu ombro.
Sabia que sentimento era aquele. Havia andado lado a lado com ele a vida toda. Evan se sentia culpado.
- Claro que devia. Não podia ficar parado e ver você apanhar, Rosie. - o apelido sai dos lábios de Barty com um sotaque escarrado que Evan não reconhece, mas é o suficiente para que suas bochechas fiquem vermelhas. - E bom, é claro que ela pode. Mas eu não deixei.
- Quer que as pessoas saibam que você apanhou por acaso, Barty? - Regulus ironizou, sorrindo de canto.
- Claro que não. Quero que saibam que tem alguém que teve coragem de enfrentar aquele idiota presunçoso. - Barty sorriu de volta. - Da próxima vez, me lembrem de usar o anel de sinete de Reggie. Quero marcar as iniciais dele na cara de Mulciber.
- Barty-
Evan chamou, rindo baixo do comentário. Seus olhos encaram finalmente os do moreno, seus lábios pressionados em uma linha fina.
- Estou brincando, relaxa. - Barty passa a mão pelos cabelos, ajeitando o mesmo. - Vamos sair daqui, pelo amor. Esse lugar cheira pior do que a estufa.
- Madame Pomfrey te liberou? - Evan franziu as sobrancelhas, olhando para o garoto.
- Se corrermos bem rápido, sim.
Então eles correm. O ar gelado que corta as bochechas de Barty faz com que o garoto faça careta. Evan de um dos lados, e Regulus do outro, os três com sorrisos estampados no rosto. E eles não param de correr até chegar nas masmorras úmidas que abrigam a comunal da sonserina.
O fogo aceso é um alívio bem vindo aos garotos que batem os dentes.
- Barty! - a voz conhecida de Dorcas o alegra, mesmo que ela venha acompanhada de uma bronca. - Céus, não consegue passar nem a primeira semana de aula sem arranjar briga?
Barty sorri largo para a garota.
- É um desafio para o ano que vem, Meadowes, mas eu aceito. - seus dentes reluzem à luz trêmula que vem da lareira. Barty se joga em um dos sofás.
- Estou falando sério, Bartemius. - o semblante do garoto muda completamente ao ouvir seu nome completo. Havia feito os amigos prometerem que não o usariam. Ele acha que a exceção de Dorcas é justa agora, mesmo que suas entranhas protestem. - Poderia ter sido suspenso se alguém tivesse contado aos monitores! Com o quê estava na cabeça?
- Estou cansado de Mulciber e seus amigos fazendo o que querem aqui, eu sei lá.
- Não é por isso. - Regulus intervém. - Mulciber ia bater no Evan.
Dorcas olha para o garotinho sentado ao lado de Reggie. Não há julgamento em seus olhos, mas Evan se encolhe um pouco mesmo assim.
- Bom, pelo menos não foi só idiotice. - ela estende a mão para Evan. - Meu nome é Dorcas. Meadowes.
- Sou Evan. Sentei atrás de você em poções um ano inteiro. - ele balbucia em resposta, a voz apenas um sopro. Seus dentes ainda batem um pouco com o frio.
- Eu sei. Eu sei quem você é, Evan Rosier.
O nome faz com que o garoto trema de um jeito nada agradável. Mas então Dorcas abre um sorriso.
- Pandora é minha amiga, somos dupla na aula de adivinhação.
Evan tenta sorrir em resposta. Dorcas Meadowes tem o tipo de charme que torna aquilo quase natural. Parece quase compeli-lo a fazê-lo, mas de um jeito diferente de Barty. Meses se passam, e ele ainda não se acostuma a sorrir daquele jeito por mais que tente. Sua bochecha ainda dói com o esforço.
A única pessoa que consegue fazer Evan sorrir por meses é Barty.
Mas então, o inverno acaba, e o tempo cura a ferida na bochecha de Evan e na de Barty, e a advertência de Slughorn para Mulciber e sua pequena gangue para de surtir efeito também.
De repente, ele toma coragem para implicar com Evan e Barty acha que um soco no olho lhe cairia muito bem com aquela arrogância.
Desta vez, Evan é quem consegue fazer com que ele pare.
Barty sente uma mistura estranha de orgulho e curiosidade dentro de si.
- O que falou para ele?
- Falei que ele era bem grandinho para estar implicando com crianças e que se não parasse, eu ia mijar na cama dele, e ele nunca ia conseguir provar que fui eu. E falei que ia ter certeza que toda vez, uma faixa bem grande escrito Mulciber Mijão ia aparecer no Grande Salão e seguir ele o dia todo. - Evan abre um sorriso travesso, obviamente orgulhoso de si mesmo.
Barty acha a ideia genial e é surpreso no dia seguinte, quando Mulciber se levanta da cama furioso e expulsa os colegas de quarto do dormitório deles por meia hora.
- Rosie, está com fome? - o garoto sorri ao avistar Evan no salão comunal, já de pé e trocado. Evan é rápido em assentir e seguir o garoto para fora, onde só então, permite que a risada presa ecoe.
Barty ri em conjunto, e corre até que cheguem no Grande Salão, onde de fato, uma grande faixa branca paira acima das mesas escrito "Mulciber Mijão" em uma caligrafia comicamente infantil. Um dos amigos de Mulciber tenta pegá-la e escorrega em cima de um brioche recheado.
Barty ainda está rindo quando tomam um lugar a mesa, junto a Dorcas e Pandora. A garota lança um olhar de repreensão, mas ele dura pouco.
- Genial. - diz, sorrindo cúmplice.
De jeito bastante interessante, Mulciber para totalmente com o comportamento hostil dias depois.
![](https://img.wattpad.com/cover/337302236-288-k215141.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
eat your young | rosekiller
Short Story"i'm starvin', darlin' let me put my lips to something let me wrap my teeth around the world"