Apesar de tudo, um início feliz!

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Era dia doze de junho. O grande dia da minha irmã havia chegado. Foram anos planejando cada segundo desse dia. E eu como sempre estava cem por cento nem ai. Havia experimentado alguns vestidos, mas nada que me agradasse muito. Tinha feito vários testes de penteados, mas não sou muito ligada a isso então deixei que minha mãe cuidasse de tudo. Qualquer coisa que me dessem estava boa para mim.

Havíamos sido adotadas quando eu tinha oito anos e minha irmã três. Antes de finalmente chegarmos a nossa casa já havíamos estado em outras casas, mas sempre voltávamos ao orfanato. Minha irmã não lembra, mas eu lembro bem. Cada casa que passava eu tinha a esperança de finalmente ter encontrado uma família que cuidaria de nós duas, mas elas sempre queriam ficar apenas com minha irmã por ser mais nova. Então ela foi crescendo e foi ficando mais difícil para ela também. Eu fui para o orfanato depois que fui abandonada junto com ela lá por um cara, acho que era o biológico, eu tinha cinco anos e não me lembro de muita coisa, mas lembro de um nome.

Um dia, à tarde depois que eu cheguei da escola, a biológica me disse que iriamos passear. Eu fiquei muito feliz. Ela disse que nós duas iriamos conhecer minha irmãzinha que estava chegando. Arrumou minha bolsa com algumas roupas e outra com algumas roupinhas para ela e um ursinho velho desbotado. Nós fomos até um hospital. Apenas eu e ela. Ela dizia estar bem, mas na verdade eu via que ela estava sentindo muitas dores e disfarçava para que eu não ficasse assustada ou algo assim. Quando chegamos ao hospital ela falou com uma mulher e a mesma a levou para uma sala. Eu fiquei sentada na recepção com outras pessoas agarrada com o urso velho e desbotado. Depois de algum tempo a mesma mulher que havia levado ela voltou e me disse que minha irmãzinha havia nascido. Eu era muito pequena não entendia muito que estava acontecendo, mas fiquei muito feliz. A mulher disse que eu não podia ficar ali que meu "pai" estava indo me pegar. Depois de alguns dias a biológica foi para a casa onde eu estava com meu "pai", mas eles viviam brigando e ela mal pegava na minha irmã e depois que havia voltado mal olhava para mim também. Me tratava mal e algumas vezes até me bateu. Então um dia, depois de uma briga, ele me colocou no carro junto com minha irmãzinha com nove meses e nos levou ao orfanato e disse que iriamos ficar ali por alguns dias.

Mas esses dias logo se tornaram semanas e depois essas semanas meses e esses meses anos até que eu entendi que ele não voltaria. Nunca. Então nós começamos a ir para casas. Umas cinco se não me engano antes de chegarmos aqui. Ela não lembra, mas eu lembro. Cada casa, cada "mãe" e "pai" que eu achei que nós finalmente teríamos. Era frustrante. Um dia eu comecei a me perguntar o que havia de errado comigo, mas a mulher que cuidava de nós era um amor de pessoa. Sempre que acontecia de voltarmos ao orfanato ela cuidava de mim e da minha irmã. Quando Ângela nos trouxe para cá eu já não acreditava que ficaríamos com ela. Achei que seria como as outras casas e que ela so iria ficar com Yasmin, mas ela foi diferente. E então nós moramos com ela e Marcos desde então. E eu os amo muito, mas algumas noites eu fico pensando na biológica e nele também. Queria entender o que aconteceu e porque ela não quis ficar conosco. Nunca conversei com Yasmin sobre isso. Acho que ela não tem interesse em saber também, logo era muito pequena provavelmente nem se lembra dela. Ou pelo menos não como eu lembro.

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