O pagamento.

190 18 2
                                    

— Eu perdi uma aposta.

Respondeu meu pai me olhando de canto, ele permanecia com as mãos no volante em movimento enquanto eu o encarava em choque já sabendo com quem ele se envolveu.

— Jogos de azar de novo pai? quando você vai parar com isso?
Pergunto decepcionada.

Sinceramente ele nem olha na minha cara de pouca vergonha, eu queria xingar ele mas eu não podia deixar ele ter mais um ataque de raiva, principalmente por está dirigindo.
Eu apenas reviro os olhos e viro o meu rosto para janela ao lado vendo a estrada em movimento.

Eu só estou dentro desse carro com ele porque mesmo sendo a maior decepção da minha vida ele ainda era meu pai, apesar da nossa família não ser tão unida três irmãos e uma só garota podem causar muitos problemas que possam ajudar um ao outro, mas enquanto ao Pai era um esforço sem vontade que tínhamos, eu já sou uma mulher adulta e estou terminando minha faculdade de administração, diferente de certas pessoas que vão para o lado esquerdo ou para o direito descendo ao fundo do Inferno para não ser quase ninguém na vida eu fui uns dos irmãos que conseguiu completar o ensino médio e ganhar uma bolsa para fazer uma faculdade particular.

Já criei muita vergonha na cara fazendo coisas erradas com uns dos meus irmãos na adolescência ou na infância e me arrependo amargamente disso.
  Não era sobre pintar cabelo, fazer uma tatuagem idiota ou pichando praças ou lugares inapropriados, mas coisas que tenho vergonha de mim mesma de saber que já fiz isso com eles, ser a única formada da família é triste, mas também sou o maior exemplo de mim mesma que eu não precisei jogar sujo para conseguir o que eu quero.

— Sinto muito, eu sei que você está decepcionada, e sei que você vai voltar da faculdade daqui uma semana por causas do fins da férias mas.. eu preciso desse favor, preciso de sua ajuda.

Eu viro a cara e olho para ele com pena e confusa, ajuda? eu não vou pagar uma dívida alta para ele.

— Achei que a gente estivesse indo para a casa da minha tia pai, você disse que ia entregar uns livros e você vem pedir dinheiro para mim?
 
Eu olho para ele indignada.

  — Leah por favor, eu só preciso entregar uma coisa para eles também.

— Agora é outra coisa que você vai entregar? você tá mentindo por acaso?

  Pergunto desconfiada e com raiva, sinceramente era ridículo eu escutar isso, eu não odeio meu pai apenas tem um grande acúmulo de decepções com este ser humano, é muita sorte ele ao menos não vender a gente para pagar as dívidas dele.

— Calma, a sua ajuda já é uma companhia, a única coisa que eu preciso é entregar o dinheiro para eles porque eu já resolvi isso não se preocupe.

  Eu respiro fundo e consigo me conter um pouco mas ainda assim não sentia um tom verdadeiro da boca dele, não dá para confiar nele mais eu já aprendi isso quando era criança, mas eu sou trouxa demais em querer ver de perto como ele está, porque ele é uma parte de mim e ainda assim me preocupo com ele, e é por isso que eu ainda me autojustifico do porquê está dentro desse carro.

   — A gente tá demorando, a casa da Tia Elena não é longe, você tá indo pagar eles logo?...pai, por favor, me diga quem são essas pessoas? assassinos? mafiosos em geral?

Pergunto preocupada.
Ele hesita em falar no início mas concorda com a cabeça.

   — É mas como eu disse eu já tô resolvendo isso, indo pagar eles primeiro.

  — Mafiosos?! você nem nega!

Eu queria está errada.

   — Como eu disse, o dinheiro está aqui.. no porta malas.

  Sim besta, confia que o dinheiro está no porta malas.

— Tá me levando para ser o que? colete de prova balas?

— Eu..não quero lidar com isso sozinho, eu preciso de alguém e você é a única disponível...

   Não respondo ele fico apenas quieta e cruzo os braços me sentindo agoniada por não conseguir fazer nada comigo mesma, a viagem demorou meia hora até ele parar em um postinho.

  — Quer água?

perguntou ele parando o carro.

— Vai demorar?

Pergunto impaciente, obviamente eu estava com sede, mas só queria ir para casa.

  — Você quer água filha?
ele repete.

   Eu bufo e concordo, logo ele sai do carro e vai para uma lojinha próxima, eu acabo pegando no meu celular e mando mensagem para meu irmão mais velho Dexter, eu acabei falando para ele que ia demorar para chegar em casa com meu pai por causa dos seus problemas idiotas, eu sabia que ele não ia me responder agora mesmo com meu pacote de dados.
   Sem demorar muito meu pai volta com um copo de água mas sem a garrafa na mão e logo eu bebo sem hesitar ou questionar, eu só queria logo que isso acabasse.

  Logo quando ele entra dentro do carro acabo conseguindo ver uma sacolinha que ele estava segurando, e vejo ele mesmo tirar a garrafa pet e beber na boca, Eu apenas cruzo os braços e continuo a olhar para a janela.
  O silêncio entre nós dois foi quietante, só que aos poucos eu estava me sentindo sonolenta e acabo me escorando na janela do carro e fecho os olhos.

  Me sinto...no fundo com uma forte
sensação de abondono, uma impressão, um sonho, um desconforto misturado com desespero.. é horrível.

— Mas que porra é essa?

  Hm, o que é isso? me sinto carregada, mas que diabos? Eu abro os olhos e me vejo levada por um homem de cabelos azuis, eu estava apoiada em seu ombro forte enquanto ergo a cabeça e vejo meu pai fora do portão, eu logo me remexo e começo me debater desesperadamente, eu ergo a cabeça para olhar para o sujeito que é chamado de pai ser acompanhado por mais duas figuras na frente que não sei o nome.

  — Me solta! socorro!! Pai!

Eu não queria parecer uma adulta infantil nesse momento, mas precisava de uma explicação dele, mas tudo estava indo para a água abaixo enquanto eu estava sendo levada para longe.

— Uh? a bonitinha acordou, Há! o chefe vai ficar pirado ao ver quem vai ser seu pagamento.

A voz dele era grossa, e vi muita zombaria de sua parte, filho da puta do meu pai me vendeu e eu deixei isso acontecer, porra!

— É bom ficar quieta se não quer ter membros amputados.

Respondeu a menina do outro lado,
eu acabei virando meu rosto e olhando para menina loira de cabelo curto me encarando com um olhar frio, mas a única coisa que eu pude notar nela de fato foi a cicatrizes na cara dela como um "X", e a porra um tapa olho.

   — Mas que porra é essa?! o que tá acontecendo de fato comigo!?

  Eu pergunto para a menina.

— Você não tá vendo? está sendo vendida como pagamento pedaço de tronco, mas vamos ver o que o chefe vai fazer com você e com o seu pai, já vou adiantar que coisa boa não vai ser.

Ah que romântica, ela me chamou de pedaço de tronco por tá sendo carregada, ou espero que não seja pela a cor dos meus cabelos marrons.
Mas o choque ainda arrodeava minhas veias, a chateação e a raiva me dominava, eu fui abandonada.

A serviço apenas a ele 《 AU WELCOME HOME. 》Onde histórias criam vida. Descubra agora