Depois de dois anos de residência em Stanford eu finalmente havia conseguido férias e poderia tirar um tempo longe dos estudos. Pelo menos em teoria.
Ficar longe do Brasil por quatro anos foi extremamente difícil. A cultura, a língua, as pessoas, esportes e políticas, são bem diferentes. Embora eu tenha apenas dois anos de curso, fui dois anos antes para cursar os dois últimos anos do Ensino Médio.
Agora eu finalmente desembarcava no aeroporto do Galeão no Rio. Caminhei pelo grande espaço que estava lotado levando em consideração a época do ano. Já era quase dezembro, 30 de novembro para ser exata, e a essa época do ano as pessoas estão loucas para viajarem pelo país ou pelo mundo a fora.
Andando de um lado para o outro acho um amontoado de pessoas com plaquinhas e todos vestidos com o manto do mengão e enquanto eu procurava por alguém com meus olhos uma afropaty me acha com os olhos e grita:
— Kayla! Olha ali gente, a Kayla! — falou enérgica e todos começaram a gritar e fazer barulhos aleatórios e estranhos e eu comecei a rir de vergonha.
— Vocês são loucos! — falei me aproximando deles que me envolveram em um grande e apertado abraço.
— Kaaaaayla! Kaaaayla! — e continuavam gritando enquanto rodavam a minha volta como se fosse um grito de guerra.
Eu não conseguia parar de rir e me sentia muito amada por ver meus amigos e parentes aqui única e exclusivamente para me ver.
Eles rodaram e gritaram mais um pouco sem ligar para as pessoas que nos olhavam quando finalmente me deixaram respirar.
— Vamos, daqui até o Maracanã tem um tempo. O mengão joga daqui duas horas, a fila já deve estar gigantesca! — Matheo falou puxando o bonde para fora do aeroporto e então começamos a andar.
— Sentimos sua falta Lila — mamãe falou com um de seus braços passado ao redor de meu pescoço sob meus ombros. Saindo de lá vi dois carros parados bem na frente do aeroporto.
— Vamos Kayla, se eu perder um minuto do primeiro tempo por sua culpa não sei o que seria capaz de fazer. — tio Lucas, irmão da minha mãe, disse buzinando do carro. Todos corremos para os carros e nos amassamos dentro dos veículos.
— B ver o quanto sentiu minha falta tio Lucas! — falei rindo enquanto guardava minhas malas no porta malas.
Em um dos carros estavam : eu, Matheo meu primo e motorista do Ciena Prata, Maria Vitória, mamãe e Fernanda. No outro estava tio Lucas que dirigia outro Ciena porém preto, também estavam Anthony, seu filho, Gabriel seu outro filho, tia Selma, a esposa dele e Sarah a namorada do Gabriel.
Os carros saíram com tudo e eu nem pudia acreditar que finalmente estava de volta ao meu lugar no mundo. Abaixei a janela com a manivela e me encostei na porta sentindo o ar fresco do Rio de Janeiro bem no meu rosto.
— Eai? Do que mais sentiu falta Lila? — Vivi perguntou me observando como quem realmente queria saber a resposta.
— Ah, de várias coisas... — falei pensando em alguma das várias coisas das quais senti falta. Conseguiria fazer uma lista gigantesca.
— Bom, em primeiro lugar é óbvio que de vocês né? — falei sorrindo e senti uma mão em cada bochecha minha me apertando e ouvi risadas.
— Também senti falta das praias e nossa! Como senti falta do calor brasileiro, do sol que é muito mais quente aqui! — falei em um tom engraçado e todos riram levando em consideração o calor que fazia, todos estávamos suados.
— Da energia brasileira, do arroz, feijão e ovo de vó Lurdes! — falei e senti minha boca se encher d'água.
— Ai papai, não fala de comida da vovó não. — Matheo falou rindo lá da frente e todos nós rimos.
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Rosas e Bolas
RomanceEstar apaixonada nunca foi o plano de Kayla mas assim que bota os pés de volta no Brasil não se perder nos olhos azuis de Lorenzo era impossível. Onde uma brasileira intercambista volta ao Brasil e a primeira coisa que faz é ir ver seu time jogar...