Capítulo 1

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"Após a tempestade o sol brilha."

Clarice Lispector


Observo as nuvens carregadas vindo em direção a aldeia pelo topo da árvore, as folhas verdes a muito já tinham caído com a chegada do inverno, frio e cruel estremeço sentindo arrepios se espalharem por todo o meu corpo.

Odeio tempestades.

Há lendas que dizem que as tempestades são primórdios anunciados da própria morte.

Por muito tempo eu realmente acreditava nisso, assim como acreditei que aquela maldita tempestade de verão tinha trazido com ela a morte que levou o bem mais precioso da minha vida consigo. Memórias daquele dia retornam a minha mente enquanto desço apressadamente da arvore, fugindo em direção a minha casa.

Passo rapidamente pelos cidadãos cobrindo meu rosto com um capuz preto para não me reconhecerem, não quero falar com ninguém hoje, não enquanto me sinto prestes a desabar junto com os céus.

- Scarlet? - Sinto uma mão pousar em meus ombros me parando abruptamente.

- Neithan... - Olho para meu único melhor amigo sem ânimo.

- Scar, estava te procurando á horas, onde esteve? - Me olha preocupado. - Não me diga que estava tentando ver dragões novamente?

Anuo a cabeça em concordância sabendo que lá vem bronca.

- Scarlet, você não pode ficar o dia todo tentando ver dragões. - Diz em desaprovação.

- Eles estão perto Neithan, eu sinto isso! - Falo convicta.

- Você sempre diz isso Scar! Todos nós sabemos que quando chegar a hora certa para a seleção eles viram - Retruca bufando.

Eu sei que ele está certo. Mas, eu tenho ansiedade.

Simplesmente não consigo ficar parada enquanto faz tantos invernos que não há uma seleção para montadores, eu já tenho idade suficiente para tentar, e isso é algo que eu sempre quis na minha vida.

Penso em retrucar de volta, mas paraliso quando escuto um estrondo alto de trovões me lembrando da tempestade a minhas costas.

- Desculpe Neithan, mas preciso ir. - Grito já correndo e o deixando parado com a boca aberta de indignação.

Atravesso a praça central indo em direção a casa escondida aos fundos um pouco afastada da vila, uma das diversas vantagens de ser ter um pai líder. Não que eu me importe muito com isso, sinceramente as merdas e os benefícios dele podem ir juntos para o inferno. Passo pela porta indo em direção às escadas que levam ao meu abrigo particular, mas paro ao escutar sua voz desagradável.

- Olá querida, indo se esconder de mais uma chuvinha? - Diz com desdém estampando em sua voz.

Olho em sua direção o vendo sentado na mesa centralizada próxima a lareira com algumas cartas em mãos, que suponho ser as notícias de fora da aldeia que somente ele sendo um líder pode saber. Algo que acho muito estranho, mais não tenho voz para comentar.

- Não que isso lhe interesse, mas sim. - Respondo vendo seus olhos ficarem raivosos.

Ele odeia ser confrontado.

- Ah claro... Vá ser esconder ratinha, junto com a mamãe.

Maldito, como ele se atreve a mencioná-la.

Aperto as mãos em punhos fazendo um grande esforço para ignorar suas palavras e dou as costas subindo as escadas. Passo pelo meu quarto indo diretamente para biblioteca entrando e girando as chaves duas vezes para me certificar que está bem trancada.

Caminho em direção às prateleiras, percorrendo minhas mãos pelos livros empoeirados até sentir o espaço vazio entre eles indicando o lugar exato do meu esconderijo, retirando de lá os dois bens mais importantes para mim.

Arfo sentindo meu coração acelerar e meus olhos umedecerem com os altos barulhos dos trovões e corro para debaixo da mesa me encolhendo em posição fetal enquanto os primeiros soluços escapam.

Reconheço os sinais de um ataque de pânico e repasso meus exercícios de respiração na mente enquanto tento me controlar, algo que raramente consigo. Tempestades são difíceis para mim, sempre que vejo a mudança dos tempos e os anúncios de uma vindo eu começo a ficar em pânico e tento me esconder, elas me fazem lembrar do dia que perdi a pessoa mais importante da minha vida.

Respiro fundo uma, duas vezes, me sentindo a pessoa mais perdedora dessa aldeia.

Abro o pequeno embrulho agarrado as minhas mãos e tiro um livro de bolso e um colar de prata com o pingente em formato de asas de dragão, adornado com uma pequena pedrinha no vão entre as duas asas e dou um sorriso lembrando do dia em que mamãe os deu para mim assim que completei quinze anos, foi o dia mais feliz da minha vida.

Seguro o colar ao peito e me permito soluçar mais alto enquanto abro o livro de bolso. O pequeno livro continha algumas informações sobre dragões, como suas cores e poderes distintos, assim como um trecho de uma história entre os dragões e humanos, eu sabia aquele livro de trás para frente, já li e reli ele duzentas vezes, mas pegá-lo para ler durante uma tempestade é coisa que mas funciona como um calmante para mim, forço os olhos para enxergar as letrinhas miúdas e começo a ler.

Relatos datados de mais de um século afirmam que os dragões viviam sobre as terras muito antes de nós humanos. Tais criaturas chamadas á muito por nós de filhos de kayn ou filhos do inferno eram e ainda são muito temidas pelo seu fogo e magia.

No começo a descoberta dessas criaturas muito sangue e fogo foram jorrados por essas terras, em uma época conhecida como a grande desgraça.

Nós tínhamos receio do que os dragões eram capazes de fazer com a nossa espécie então começamos a caçá-los para uma exterminação total. Armas foram criadas para matá-los, humanos foram queimados vivos em retaliação, a guerra entre os humanos e dragões foi a mais sangrenta entre todas já vistas na história e algo tinha que ser feito para acabar com a matança entre os dois povos.

Após décadas de sangue derramado uma mulher inconformada com a vida que todos viviam e cansada da guerra partiu em rumo ao covil dos dragões para tentar alguma solução, as histórias contam que ao chegar na caverna foi pega de surpresa pelos dragões que á admiraram pela coragem e ficou extasiada pela inteligência das criaturas que tanto queriam matar.

Um dragão maior e experiente viu a pequena humana e ficou interessado em saber mais sobre os motivos de guerra do seu povo, eles já tinham tentado conversar e parar a guerra a muitos anos só que nenhum humano era corajoso o suficiente para encarar um dragão de frente, ao escutar a mulher o dragão bufou e rosnou um grito horrendo dizendo que toda essa matança era desnecessária pois o seu povo apenas cuidava das terras e queria apenas paz.

A pequena humana e o dragão selaram um tratado no mesmo dia acabando com a guerra entre os dois povos, que logo descobriram que havia coisas piores para se matar e proteger.

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Sejam bem vindos a minha primeira história sobre dragões! Me insperei em um ótimo livro que li chamado fourth Wing, que alguns que assim como eu ama fantasia já devem conhecer, uma observação, o livro foi apenas inspirado, não a nada copiado ou seja, plagiado essa história é de minha total autoria. Deixem suas mas sinceram opiniões e comentários para ajudar uma nova escritora, obrigada e até o próximo capítulo ⭐⭐❤️❤️❤️❤️

Obs2: Os capítulos seram maiores conforme a história se encaminha.

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⏰ Última atualização: Feb 17 ⏰

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