Desde a morte da minha mãe, eu me tranquei no meu mundo e não permiti que as pessoas entrassem para me ajudar, até o Kaio, tentei manter distante. Mesmo sabendo que ele também estava sofrendo e que precisávamos estar unidos, não consegui deixá-lo entrar. Mas eu tinha apenas quinze anos quando tudo aconteceu , foi como perder o chão. Então, foi uma surpresa até para mim que eu tenha permitido que a Jade se aproximasse tanto, na verdade ela foi muito insistente.
Enquanto eu me preparava para dormir, meu pensamento foi para o dia em nos conhecemos. Era uma quarta feira chuvosa e sem graça , daquelas que você não quer sair de casa. Mas agradeço ao universo por ter me feito levantar da cama e ir até a padaria da dona Cora comprar pão francês e o sonho de goiabada que o Kaio fazia questão de comer todas as manhãs.FLASHBACK ON:
Eram 6:00 da manhã e chovia bastante, estava frio e eu não queria levantar da cama. Mas o Kaio batia na porta insistentemente, então levantei e fui abrir a porta.
__ Me dá um desconto, pai! _ falei irritada. __ Está um dilúvio lá fora e eu não quero ir até a padaria.
__ Bom dia para você também, querida. __ respondeu com ironia. __ Não seja exagerada, a chuva já está passando. E você vai sim na padaria, e lembre levar a sacola de roupas que prometemos a dona Cora para a campanha da solidariedade.
__ Tá bom. __bufei.
_ Aproveita para socializar um pouco. __ ele completou , beijando minha testa. __ Conversar costuma fazer um bem danado.
__ Vou ver o posso fazer. __ respondi mostrando um leve sorriso.
Quando ele saiu do quarto fui até o banheiro. Fiz aquele xixi matinal , escovei os dentes , e tomei um banho rapidinho. Depois do banho , me sequei , passei meu hidratante com aroma de frutas e entrei no closet para escolher uma roupa. Como eu não iria ajudar o Kaio no consultório, optei por um short jeans desfiado, uma camiseta folgadinha pink da Pantera cor de rosa e um casaco da mesma cor. Fiz um rabo de cavalo no meu cabelo e calcei um chinelo confortável. Passei perfume, hidratante labial, peguei um guarda chuva, o dinheiro, a sacola da dona Cora e sai radiante com meus cabelos ruivos para desfilar pelas calçadas cheias de poças d'água.
Mesmo com a chuva, a padaria estava lotada. Comprimentei algumas pessoas e me direcionei até a fila para ser atendida.
Com cerca de cinco minutos esperando notei que uma moça de pele muito branca e cabelos pretos até no ombro não parava de me olhar. Ela estava de blusa social preta, calça colada azul escuro e botas. Com certeza , eu nunca tinha visto aquela mulher antes , ou me lembraria sem dúvida.
Tentei disfarçar e fingi que não havia notado seus olhares e contei na fila. Logo chegou a minha vez de ser atendida, então fiz o meu pedido e paguei. Acabei lembrando da sacola de roupas e chamei a dona Cora, que veio até mim simpática como sempre.__ Bom dia, Heleninha! __ ela me comprimentou com um sorriso largo.
__ Bom dia, dona Cora! _ respondi também com simpática. __ Eu trouxe algumas roupas para a campanha da solidariedade.
__Que bom, querida ! Muito obrigada. Tem muita menina que vai adorar usar suas roupas bonitas. __ falou empolgada.
__ Fico feliz em poder ajudar.
Antes de sair me certifiquei de que a moça de cabelos pretos já havia saído, e resolvi perguntar a dona Cora de quem se tratava. Ela disse que era a filha mais velha do Sr. Toufic Saad que tinha chegado há dois dias da capital e passaria um tempo em River City. Ela ainda acrescentou que a morena logo assumiria uma das empresas da família, o que enchia seus pais de orgulho.
Ainda estava chovendo quando saí da padaria , mas não tão forte. Abri o guarda chuva e comecei a caminhar por cima das calçadas. De repente uma caminhonete preta com vidro fumê , dessas que nem vendendo um rim meros mortais conseguiriam comprar parou do meu lado. Logo senti meu coração acelerar , parecia um daqueles filmes de suspense onde a mocinha caminha na rua em um dia chuvoso, e de repente é sequestrada por alguém num carro preto , sendo morta em seguida e abandonada na floresta sem roupa. Eu não podia deixar que algo assim acontecesse comigo, então acelerei o passo e peguei meu celular. Eu ligaria para Kaio e pediria ajuda, porém não deu tempo. O vidro do carro desceu , revelando quem estava tentando me assustar.__ Precisa ter medo não, moça! __ a voz era feminina e meio rouca. Se tratava da morena que me olhou na padaria, a filha do Sr. Saad. __ Entra , que te dou uma carona! __ abriu a porta do passageiro.
Ela só podia estar de brincadeira! Eu nunca aceitaria carona de uma pessoa desconhecida, principalmente quando essa pessoa era um milionária e filha de um homem que poderia mandar me matar.
__Obrigada , mas não quero. __ respondi de cara fechada e continuei andando.
__ Eu não mordo! __ exclamou. __ A não ser que você queira... _ de repente a voz dela saiu rouca, um tanto provocativa.
Ela disse isso mesmo? Me perguntei mentalmente.
__ Vai acabar pegando um resfriado nessa chuva. __ ela insistiu.
__ Isso é problema meu! __ respondi irritada.
__Está bem, ruivinha. __ levantou as mãos em rendição.
Depois de falar isso, ela deu partida e para meu azar começou a chover forte e o vento quebrou meu guarda chuva. A morena fez questão de dar ré e buzinar, eu não tinha escolha. Entrei no carro e foi impossível não reparar naqueles olhos de jaboticaba e naquele sorriso cafajeste. Ela era ainda mais linda de perto, e era tão cheirosa que deixaria qualquer um viciado nela.
Imediatamente senti um frio na barriga e minhas pernas ficaram trêmulas. O que estava acontecendo comigo? Pensar essas coisas era errado, mas não pude evitar. Como uma predadora que ao notar sua presa vulnerável, ela se aproximou do meu rosto e roçou seu nariz no meu. Depois colocou as mãos na minha cintura e antes que eu pudesse ter alguma reação, sua boca encontrou a minha. O beijo começou suave, ela parecia querer sentir bem o gosto. Mas logo sua língua pediu passagem , e eu sedi fácil. Eu só queria sentir aqueles lábios e aquela língua macia e doce. O depois não importava naquele momento.FLASHBACK OFF
Já deitada na cama peguei meu celular e mandei uma mensagem para Jade:
Helena: Eu te amo.
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Álbum Incompleto
RomanceHelena é uma garota de 17 anos que sonha em ser Miss. Sua beleza encanta a todos e deixa os rapazes da pequena River City apaixonados. Mas ela só tem olhos para Jade, a filha mais velha de um dos homens mais ricos da cidade. Elas vivem um romance...