Tarlos história de adoção

Delegacia de polícia

Quebra de tempo 3 horas

POV Carlos

Chegamos à estação há duas horas. Acabei tendo que sentar no banco de trás com Lane enquanto Lindsey dirigia a viatura, sei que não é a forma mais segura de viajar, com uma criança no colo ao invés de cadeirinha, mas a criança literalmente não cedeu. Se ele apertasse mais meu pescoço, tenho certeza que teria desmaiado.

E isso nos leva até aqui. Estou sentado em minha mesa tentando digitar meu relatório sobre a chamada de violência doméstica que virou homicídio com uma criança de três anos dormindo em meu colo. Então, de repente, entra o chefe de polícia com um homem de terno parado ao lado dele.

"Reyes!" O chefe chamou por mim.

Eu me esforcei para ficar de pé sem acordar Lane.

"Sim chefe."

"Carlos, este é o Dr. Fredrick Griffin, ele é um fisiologista infantil." Ele disse gesticulando para o homem.

"Fui informado do que aconteceu em sua ligação e estou aqui para questionar o garotinho que você encontrou." O médico anunciou enfatizando a palavra chamar.

"Tudo bem, olhe, eu entendo que é importante obtermos informações do garoto, mas olhe para ele. O pobre rapaz passou por um inferno. Nós realmente vamos fazê-lo reviver isso agora?" Eu perguntei odiando o jeito que minhas palavras não pareciam modificá-los. Em vez disso, o médico franziu ligeiramente as sobrancelhas e, em um piscar de olhos, seu rosto voltou ao neutro e calmo. Como pessoas assim ainda não têm empatia por uma criança que acabou de ver sua mãe ser esfaqueada até a morte.

"Você parece um pouco apegado." O médico disse em uma voz quase robótica.

"Bem, fui eu quem o encontrou. Acho que ele confia mais em mim."

O médico cantarolou em reconhecimento

"Eu sinto que seria melhor para você ficar com o menino enquanto o interrogamos." Ele anunciou mais uma vez na mesma voz robótica.

"O quê? Tem certeza que é uma boa ideia? Quero dizer, ele adormeceu no meu ombro sim, mas eu não passei anos estudando cérebros de crianças." Eu disse olhando para o garoto cuja cabeça ainda estava apoiada em meu ombro.

"Eu passei anos estudando o cérebro das crianças e confie em mim, ele provavelmente será mais aberto com você." O médico disse em sua mesma voz robótica.

"Mas meu turno termina em meia hora."

"Reyes, nós dois sabemos que você não tem nenhum problema em ficar até tarde para o trabalho." O chefe diz em sua voz áspera habitual.

"...Tudo bem, não consigo pensar em mais motivos pelos quais não posso ajudar com as perguntas, doutor."

1 hora depois

POV Carlos

Questionar Lane com o médico foi um borrão, só sei que ele ficou muito quieto quando tentamos perguntar a ele sobre sua mãe e o namorado dela. É estranho o quanto esse menino de três anos pode aprender apenas observando as pessoas o suficiente. Ele apenas repetia: "Mamãe disse para se esconder." e "Andy é mau". O que era de partir o coração.

Quando o Dr. Griffin terminou de fazer perguntas, tudo o que Lane fez foi subir no meu colo e esconder o rosto no meu pescoço, assim como TK faz quando o mundo é um pouco demais para ele.

Acho que Lane está mais ligado a mim do que eu pensava.