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O processo de divórcio demorou cerca de seis meses para sair, ele tentou de tudo para me deixar sem nada, mas não existe amor na vida que me tire a sabedoria de que as pessoas são gananciosas. Eu sempre estive certa!

Antes de todo o casamentos fiz o Denis assinar um termo, onde o nosso casamento não teria divisão de bens. Pode até ser algo arriscado, no caso dele adquirir uma fortuna e no dia que decidisse realizar a separação eu saísse sem nada. Mas nós já éramos estáveis e "bem de vida" antes mesmo de nós casarmos.

Ele tentou de tudo, não foi fácil de acreditar que o homem bondoso, alegre e gentil que ele era, havia se transformado nisso; um ser humano ambicioso.

Mas com todas as provas de sua traição na mesa e o contrato assinado, não tinha para onde ele recorrer. O divórcio foi assinado, e então meu chão ruiu.

Você deve achar que não há motivos para sofrer assim, e eu te digo, minha amiga, você nunca amou antes.

Foram duros dois anos de terapia, de recuperação, não sou cem porcento, e nunca mais serei. Chorei por meses seguidos, chorei vendo toda a sua rede social, a felicidade dele com seu filho, pensei como seria o nosso. Chorei por tantas coisas que as vezes chorar parecia sem sentido, era como respirar.

Minha família foi como uma bengala, meu apoio, meu calcanhar. O Alan, sem explicação para tudo o que ele fez e ainda faz.

Já estava na hora de voltar a viver, e a decisão foi tomada em uma madrugada, em que mais uma vez estava olhando o perfil do idiota do Denis, vendo o aniversário do seu filho de, agora, quatro anos de idade. Aparentemente ele não tinha uma relação amorosa com a mãe do seu filho, mas estava em um relacionamento com uma loira peituda.

Levantei da cama para tomar um banho, mas o que me chamou a atenção foi o ser humano apático que apareceu para mim no espelho. Olhos fundos, cabelo para pentear, ossos aparente, minha pele bronzeada agora era pálida, quase amarela. Quem era aquela pessoa?? O que eu tinha me tornado?

Fiquei por horas me encarando incrédula. Naquela noite, não dormi, esperei o dia clarear. Uma observação importante para que vocês saibam.

Antes um pouco do divórcio, acabei por realizar uma fundição milionária com uma empresa responsável por risort's e lojas de luxo. Coloquei algumas pessoas de estrema confiança para ser o meu rosto, enquanto não queria ser vista. Continuei ativa assiduamente por trás deles, comandei e organizei grandes eventos, mas nunca apareci publicamente, as imagens do Google eram de uma pessoa totalmente diferente do que sou hoje, nem se eu andasse por duas a fora me reconheceriam. Me tornei a milionária misteriosa, a mulher cujo nome parecia mais de um fantasmas.

Na noite de oito de janeiro de dois mil e catorze decidi por virar a chave da minha vida. Naquela noite, não dormi.

Organizei uma bolsa, tomei um banho e parti para a garagem. Meu carro estava quase aposentado pela falta de uso, não lembrava mais se saberia dirigir, mas fui mesmo assim.

Ao buzinar para o porteiro, nem o mesmo parecia acreditar. Dei um pequeno legal para ele e parti rumo a cidade.

A primeira parada naquele dia foi um salão de beleza a qual sempre frequentava, caminhei para o balcão e cumprimentei a moça que estava logo atrás dele.

— Bom dia! Vocês tem algum horário para me atender?

— Um momento — antes de voltar para a tela de seu computador recebi uma olhada julgadora da mesma, quase ri. "Não é só você que pensa que sou uma mendiga" — Sinto muito, mas não temos — sorriu falsamente.

— Certo. — Mandei uma mensagem para uma das minha amigas perguntando sobre algum salão — Você conhece algum salão nesta mesma rua?

— Existe um mais a baixo, mais ele é bem caro, muito mais que aqui. — sorriu falsamente.

— Não se preocupe, dinheiro não falta. — Desdenhei. — obrigada!

Sai do salão e decidi por caminhar. Era uma rua tranquila, sua grande maioria de lojas eram de grife, existiam alguns cafés ali próximo e acabei por parar em uma cafeteria para comprar um café para a viagem. Na fila continuei a mexer no celular, algumas das minhas amigas acabaram por indicar o mesmo salão que a mocinha insuportável, então decidi que seria lá.

A fila do café parecia não andar, troquei o peso de uma perna para a outra, impaciente. Arrumei o coque para que ficasse um pouco menos feio do que estava. Quase ri da situação ridícula que cheguei.

A fila começou a andar e quase glorifiquei aos céus por isto. Faltando apenas uma pessoa para chegar a minha vez, um homem alto, em seu terno bem alinhado passou na minha frente. Se ele era bonito? Com toda certeza! Mas eu estava pouco me fodendo. Depois de quase cinco anos presa em casa, junto no dia em que decido sair o cara fura minha vez?? Me poupe.

— Da licença? —  toquei seu ombro — pode passar para o fim da fila por favor??

— Oi? — virou-se para mim e, puta que pariu, que homem amigos e amigas.

— Você passou na nossa frente — apontei para as pessoas atrás de mim — pode ser retirar por favor?

— Sou dono deste estabelecimento, posso passa a vez. — sorriu arrogante, como se estivesse tudo bem.

— E eu com isso? — o encarei — o senhor deveria dar exemplo aos seus clientes, e não ser esse idiota que acha que está certo. Então..— o tirei da fila e do meio do caminhão de forma suave — fim da fila. — Sorri.

Ele ficou ali, parado, incrédulo. As pessoas na fila sorriam, o balconista estava em choque.

— Um café com leite sem açúcar, por favor. — solicitei e coloquei as cédulas em cima do balcão.

Logo me foi entregue o café, o todo poderoso não estava mais por lá quando saí. Andei até o salão recomendado e logo fui atendida. Fiz tudo o que não era feito a anos. Sobrancelhas, cabelos, unhas. - A depilação sempre esteve em dia, suas vacas, acha mesmo que sou um gorila?.

Ao me olhar no espelho parecia outra pessoa, estava impressionada com a quantidade de tempo em que me descuidei. Paguei tudo e saí viva daquele salão, parei em algumas lojas de marca e mais comuns, comprei tudo o que não comprava a vários anos.

E foi assim que mudei! Essa foi a minha virada de chave.

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2023 ⏰

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