Devaneios em Poemas, frases e textos

O que faço ?

Não há droga mais pesada, e sou totalmente viciada
Não tenho vício em álcool, drogas ilícitas ou cigarro, tudo isso é passageiro em meu organismo e o mesmo no fundo repugna a tudo, porém há aquela droga, aquela mais pesada de todas que nossos pais não nos alertaram, aquela que as escolas não tocaram no assunto e que os amigos não crêem que será sua destruição, aquela droga que depois de empestiar seu organismo, não sai nem com a melhor lavagem e sua vontade é de sempre mais e mais, um vício incontrolável e sádico. Meu corpo está em abstinência, clamando por mais uma dose, um mísero centeio para se deliciar e saborear do tão maravilhoso sabor, da leveza, saciação, o gostinho de liberdade, mesmo todos sabendo que deveras é uma prisão. Não sei quando aconteceu, ou como, somente sei que quando me deparei já estava nesse mundo, sempre procurando mais e mais, sendo um desastre em todas as vezes que consegui tal dose, logo que escolho fornecedores que me entregam somente migalhas e como parecem estar saciando todo o meu ser não percebo que está me afundando cada dia mais até algo acontecer e não estar mais, aí me encontro novamente sozinha, sem saber aonde ir, o que fazer ou a quem recorrer, mais uma vez o grande ciclo vicioso se repetindo.
Estou com sede ou me afogando?? Será que dessa vez consigo buscar meu próprio copo d'água, que consigo nadar e sair da correnteza... Todos me falam e falam como sou forte, que isso é passageiro e logo esse vício irá passar, que conseguirei controla-lo. Preciso que seja logo!
Continuo acordando todos os dias, me relacionando com várias pessoas, aberta a novos fornecedores e enquanto isso depositando toda a necessidade encima de pessoas queridas, mas há um vazio que nem eles conseguem tampar as vezes, nem eu, e continuo, continuo tentando pois a vida se resume a tentativas, mesmo que sejam falhas e desgastantes, mesmo que pareça que nada da certo e a vontade de simplesmente desistir de tudo seja gritante, a perna continua firme, a cabeça erguida e o vazio está aos poucos se preenchendo sozinho. Que abstinência gritante, sufocante, torturante, que abstinência...